FELIZES PARA SEMPRE?

Podemos fazer uma analogia sensata entre a série de televisão que terminou na semana passada, e o atual momento político brasileiro. Nosso casamento com a democracia não deu certo. Brasília é uma farra permanente com o dinheiro dos brasileiros.

E existe uma coisa ainda pior. Com o passar dos anos, um dos cônjuges começa a descobrir que vem sendo sumariamente traído. Outra vez, a série serve de exemplo. O machismo que se mostra de forma escancarada. Um lado pode tudo. O outro, quando muito esperneia, e acaba se conformando. Depois todos vão beber “socialmente”.

Estamos descobrindo que nosso casamento com a democracia criou dois subprodutos nefastos. Um é a criminalidade. Já temos de aceitar o fato que ela está fora de controle. Nossa democracia foi passando a mão na cabeça dos criminosos. Permitindo a criminalidade se transformar num poder paralelo.

Imaginem como ficará o casamento da nossa democracia, se um dia não muito distante a mídia estampar manchetes que o crime está financiando campanhas políticas. Isto é, se já não está.

Do outro subproduto estamos cansados de ouvir falar. De repente, em cada esquina se descobre um novo corrupto. E não duvido da capacidade do Partido dos Trabalhadores em fazer o povo acreditar que a corrupção é um mal necessário para o casamento da democracia.

Isto se evidenciou na última cena da série. Nem na ficção estamos conseguindo punir os corruptos. Um dos motivos é claro. Ninguém acreditaria neste tipo de final. E sabemos como é fácil atirar na testa das garotas de programa. Engordando as estatísticas.

Embora, a minha intuição me diga que a intenção do personagem era mesmo atirar na cabeça da esposa. E errou. Só o irmão dele tinha boa pontaria. Outra das coisas do nosso cotidiano. As balas perdidas sempre encontram como alvo as cabeças de inocentes.

Entre o seriado e a sociedade brasileira, outras duas analogias ficaram visíveis. O personagem “Junior” deixou evidente que o futuro do Brasil não está na juventude que estamos educando. Em quantas cenas ele tinha livros nas mãos? Mas o skate... Um tipo de quem ninguém sentiu falta em momento algum. Matematicamente zero a esquerda.

Já a garota de programa é a sociedade brasileira esculpida. Em muitos momentos ela teve a convicção de que estava no comando das ações. Como quando nos obrigam a votar. Depois se descobre que esteve o tempo todo sendo manipulado.

E quando se percebe ser necessário, um tiro na testa acaba como cena final da vida real.