Pergunta de entrevista: “Qual seu maior defeito?”
Em entrevistas para se conseguir emprego é praxe o entrevistador perguntar: “Qual seu maior defeito?”
Nessa pergunta muitos candidatos à vaga respondem: “Meu maior defeito é o perfeccionismo!”
Fazem confusão considerando que Fazer Bem Feito é o mesmo que ser Perfeccionista, contudo, são coisas diferentes.
Fazer Bem Feito é dar o melhor dentro de nossas possibilidades para o êxito da empreitada que nos propomos a realizar.
Quem Faz Bem Feito após realizar sua tarefa dá tempo ao tempo para que a natureza siga seu curso e faça também sua parte.
Já o perfeccionismo é um transtorno de personalidade que a psiquiatria define como: Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva. O perfeccionista tem obsessão pelo que dentro de seus padrões julga perfeição e apega-se em demasia à questões irrelevantes que mais atravancam do que fazem avançar o trabalho. E pior de tudo, sofre horrores porque quer que as coisas sejam apenas do Seu Jeito. O perfeccionista tem uma visão distorcida da realidade e considera excelência de realização somente aquilo que está de conformidade com suas exigências.
O consultor de empresas, colunista da revista Época, Max Gerhringer, corrobora com essa tese e ensina que perfeccionismo não é defeito que parece virtude, mas sim, defeito, e dos complicados.
Porém, o enfoque desse texto não é tratar do perfeccionismo e seus malefícios, mas sim da imagem ilusória que teimamos em transmitir às pessoas.
Por que candidatos à vaga de emprego dizem ao entrevistador que seu maior defeito é o perfeccionismo? Por que não respondem que são desligados, desorganizados, irritados, mas que estão tentando se modificar?
Quando será que desceremos dos Céus para habitar de fato a Terra?
Quando será que admitiremos que nos equivocamos, que temos defeitos, limitações, que não sabemos de tudo, que erramos de vez em quando? Quando será que aprenderemos a falar Não Sei?
Por que querer transmitir aos outros uma imagem de falsa evolução?
Ora, somos humanos, e as limitações, os defeitos que por ora possuímos são contingências do estágio evolutivo que nos encontramos. Se toda a bondade que quiséssemos transmitir fosse verdadeira, certamente nossa sociedade não viveria nessa desorganizada situação, onde muitos desperdiçam e outros tantos não tem sequer o necessário para uma existência digna.
O que nos falta é uma visão crítica mais acurada de nós mesmos. Se faz estudar nosso comportamento, passar uma revista em nosso dia a dia, de como nos comportamos, para que possamos de fato entender onde erramos, onde temos limitações, e assim então modificar nosso comportamento.
Porque se taparmos os olhos para nossas limitações, nos considerando seres completos, que até defeitos tornam-se virtudes, na pretensão de mostrar aos outros o que ainda não somos, certamente não atingiremos nossa maior finalidade existencial: a evolução como seres humanos.