Como tornar-nos mais humanos?
Tendo com reflexão pessoal por alguns dias passados ano anterior e questionando quantas pessoas viessem ao meu encontro, tal interrogação, mais a título de reflexão do que dúvida, retornou à mente deste ser que ainda pensa. Já próximo de sentar para o jantar, encontro-me absorto em responder novamente o supramencionado, talvez buscando um outro prisma, vertente a nortear a solução de maneira diferente e ousá-se uma idéia original, em si tratando do mesmo tema, das que tive até então.
Questionando um irmão ex-seminarista, hoje diácono, sua resposta soou como a meditada ano passado: “a dor!”. Sim, como anteriormente visto pelos pensamentos oriundos de sei lá onde, a “dor”, por ventura nos faz mais humanos; o sofrimento, por vezes até a angústia, a solidão, pode provocar em nós uma queda para uma realidade tal que a nossa humanidade se apresente como ela é.
“A dor!”. Parece antagônico, mas quando nos sentimos mais frágeis é que nos precipitamos no fato de sermos humanos. E sabe o que diz Descarte? – “O maior milagre é quando acreditamos que não somos deuses”. E quantas vezes permeiam em nós a falsa idéia capaz de iludir a consciência de que podemos fazer tudo!? Quantos vagos e superficiais “juízos” temos na aceitação de uma liberdade que nos faculta a exercê-la da forma a mais convir aos nossos desejos, sentimentos passageiros e a passar o tempo de forma fútil? Entretanto, com esta reflexão, não queria chegar tão longe, nem partir para uma cogitação até certo ponto pouco ou nada positivo.
Enfim, já ao findar a janta, obtive outra resposta: “o homem se sente mais humano quando ele conscientemente percebe que é como tal”. Muito filosófica tal resposta! Segundo o irmão seminarista que tão lentamente atendeu ao apelo daquele que vos interrogava, só encontramos a nossa verdadeira humanidade quando reconhecemos em consciência que somos humanos, homem e mulher formado de uma matéria sujeita ao desaparecimento e limites. Com esta resposta pude entender o motivo pelo qual a pergunta se desvenda evidente no agora do momento presente.
A visita do Papa nos mostrou mais uma vez uma natureza que durante séculos ainda é reconhecida com o mesmo valor e significado. É possível entender um homem na posição de Papa, Sumo Pontífice, representante máximo de Deus na terra, único em todo planeta a ser o que ele é? Resumindo: o Papa, independente de sua personalidade, reconhece diante de sua função a sua humanidade, pela sua pequenez em posição ao sinal cujo papel representa em toda a sociedade. O Papa termina sendo o mais próximo do Verdadeiro Homem que é Cristo. Logo, ele se reconhece homem, limitado, mas com a faculdade sem limites de transmitir o legado de Cristo Jesus: o amor!
Sejamos capazes de nos reconhecer todos os dias homens e mulheres, não mais do que isso. Assim, nos encontraremos conosco e com o mais profundo sentimento de humanidade. É possível que reconhecendo o que somos chegamos a ultrapassar a divisa que separa o humano do espírito, realizando a obra mais fantástica de Deus: levar o amor ao coração do homem.