RASGANDO A ESCURIDÃO

RASGANDO A ESCURIDÃO

Há poucos dias, visitando a página do Facebook, li em letras garrafais uma frase: “RASGANDO A ESCURIDÃO”. Impactou-me a força contida na frase. De logo um turbilhão de pensamentos tomaram espaços na minha mente no intuito de desdobrá-la o quanto tem a ser estendida. Confesso que esta frase ficou martelando na memória. Cheguei até a comentar com um amigo escritor, Melchiades Montenegro Filho, da ansiedade que me incomodava para de logo trazer a grafia o que está no coração. Para minha surpresa, na data de 18.06.2014, ao abrir novamente a página do Facebook, deparo-me com uma advertência de que não façam uso desse título sem a devida autorização de sua autora. Uma segunda surpresa; trata-se de que esse título dá nome a um poema da minha querida amiga, poeta e escritora Lourdes Nicácio. A essa revelação, a minha reação foi satisfatória. Não conheço o poema, mas tenho a certeza de que o lírico da sua mensagem desprende a bravura de sua autora.

Bem, procurando não contrariar, nem furtar-me do disposto a ser comentado por mim, abaixo escrevo a minha posição, o meu entender sobre o título “RASGANDO A ESCURIDÃO”.

RASGANDO A ESCURIDÃO por Jair Martins

RASGANDO A ESCURIDÃO, traz-nos uma imagem de cenário brusco na avidez da liberdade, do alçar a claridade na busca do definido.

Considero a escuridão um véu negro sobre as partilhas da vida. Sua síntese é o negativo. Sua origem a falta da luz. Sua extensão é medida de conformidade com o espaço que a abriga ou um estado espiritual aprisionado ao domínio estagnado do repetitivo que libera vapor de odor cético envolvendo a mente com nebulosidade. O meu “Rasgando a Escuridão” tem a ver com esse fechamento íntimo.

Ao depararmo-nos com a ausência da luz, tatear é o recurso que nos sobra para sentirmos o que nos rodeia. Usarmos o tato, ou simplesmente ficarmos inertes, é uma cegueira que definha e enfraquece. A escuridão por ser desprovida de energia, sua função é limitada. Todo passo adiante será incerto, levando-nos a insegurança por desconhecer o valor da luz.

Não obstante, a escuridão é também uma nudez exposta a arrepios. Vez outras se envolve no agasalho dos trapos seus complexos e no confuso entendimento de onde está instalada, pensando estar aquecida. A esse estágio, o irracional é um exigente demolidor. Nesse abrigo são ouvidos sons que vem da moenda mágoas e frustrações alienando-a a uma maior densidade de negritude. Compreendida também como ignorância de conhecimento e informação, ela é um incômodo agressivo no ato de pensar. Qualquer que sejam seus argumentos a difusão não acontece até que o dom da graça lhe faça uma visita através de um grito na tônica do desespero de viver o obscuro, despertando a custo sua inércia, sua inoperância, para dar ouvidos a razão, buscando o escape chamado atitude, o imã que atrairá a luz.

Rasgar é separar, destruir. Fazendo valer pra diante o acreditado de uma nova confiança. É permitir que pensamentos construtores aflorem exercitando a mente a ser impetuosa, guardiã de renovados recintos sob a luz seletiva entendendo-se agora, o porquê dos golpes e ataques inexplicáveis, somando derrotas - A ausência do cristalino.

A razão intima a que toda escuridão seja rasgada. Sua textura não deve ser temida.

É no rasgar do véu que se deslumbra cordilheiras e vales, traduzindo nesta descoberta a ação mágica da luminosidade multicor.

RASGANDO A ESCURIDÃO, atitude fortalecida na percepção da luz compreensão.

Compreendo agora a minha ansiedade em trazer para a grafia esse meu comentário. Rasguei enquanto escrevia, uma escuridão num velho recinto do passado chamado tristes recordações. A luz do presente com foco no amanhã, fez-me ver o que pra trás ficou, é lá o seu lugar.

JairMartins

22/06/2014 – 18h58