FOLIAS REÚNEM MILHARES DE PESSOAS EM JESÚPOLIS

Mesmo com as pernas doloridas, graças a uma queimadura recente, Dinalmi Rodrigues Damaceno, esposa do folião oficial da edição 2015 da Folia de São Sebastião, em Jesúpolis, não ficou parada um minuto na quinta-feira (15), data da saída e almoço do evento, que acontece todos os janeiros desde 2001.

Entre as suas atribuições estavam coordenar um grupo de homens e mulheres que cuidava da cozinha improvisada, montada no quintal de sua residência. São fogões a lenha, feitos especialmente para preparar a comida de centenas de foliões.

Por outro lado, seu esposo, José Rodrigues de Bessa, o popular Zé Boi, folião oficial, não sabia o que acudia primeiro: recepcionar os convidados, verificar a lenha, comprar mais frangos para o banquete que seria servido a partir do meio-dia.

“Fico muito emocionado em estar com São Sebastião nas mãos. Participei de todas as edições da festa. Este ano é o mais emocionante, pois tenho, ao lado da minha esposa, a emoção de guiar a folia”, testemunhou Zé Boi, empunhando a bandeira oficial que homenageia o santo.

Dinalmi conta como faz para deixar tudo organizado. “Todo mundo ajuda como pode. Uns trazem comida, produtos de limpeza, mesas, panelas, ajudam com dinheiro e, principalmente, com trabalho”, explica. “Todos são voluntários e trabalham com muito amor e devoção a São Sebastião”.

Pouco a pouco os devotos vão chegando. Um grupo de homens contam causos enquanto apreciam um punhado de tira-gosto e algumas doses de cachaça. Outros se ocupam em levantar a tenda, onde será servido o almoço. Um moço magro, de tempos em tempos, avisa o resto da população, soltando foguetes. Logo chegam homens empunhando violas, violões e sanfonas. Os cantadores de folia também dão o ar da graça.

Galdino Dias dos Santos, de 85 anos, fundador da Folia de São Sebastião, e que acompanha a Folia de Reis do Pouso Alto há 70 anos, desde seu início, dá o pontapé inicial para a celebração, com rezas, vivas e cantorias. Um grupo de mais de 200 pessoas acompanha como pode: balbuciando palavras, batendo palmas, cantando ou até reverenciando. Alguns só choram.

“A folia de São Sebastião nasceu de uma promessa que fiz. Sofri um acidente que poderia ter perdido o calcanhar. Prometi a São Sebastião que se fosse curado iria organizar três anos seguidos de folia em sua homenagem”, explica o fundador. “Paguei a promessa, mas o povo da cidade não deixou a tradição acabar. A partir de 2004, a comunidade continuou a folia, cada ano um tomando frente. Mas eu participo de todas”.

Após rezas, cantorias e uma animada catira, os foliões hasteiam a bandeira e celebram o início da marcha com um banquete, com direito a galinha caipira, carne de porco e muita fartura.

A festa deste ano, que teve início na quinta-feira (15), será encerrada na terça-feira (20). Mais de 400 pessoas por dia são esperadas. Uma média de 4 mil pessoas são aguardadas no encerramento. Logo depois da pomposa abertura, os foliões seguem girando pela cidade e zona rural a pé e a cavalo, sendo recebidos para almoços e pousos em diversas residências.

Folia de Reis do Pouso Alto

Realizada desde 1945, desde que Jesúpolis era um simples povoado, a Folia de Reis do Pouso Alto (nome da fazenda que deu origem ao município), foi realizada de 30 de dezembro a 6 de janeiro e reuniu milhares de pessoas. É considerada uma das maiores folias do Estado.

De acordo com o prefeito Wygnerley Morais (PHS), assíduo participante do evento, é motivo de alegria contribuir com a tradição. “Tem sido uma das mais importantes manifestações populares do nosso município e vem crescendo a cada ano. A cidade, apesar de pequena, neste período recebe milhares de visitantes. Jesúpolis é terra de um povo festeiro, devoto e acolhedor”, disse.

Nas contas dos organizadores mais de dez mil pessoas participaram em algum momento das duas festas, sendo mitos de cidades vizinhas como São Francisco, Jaraguá, Santa Rosa, Itaguaru, Itaguari, Goianésia, Petrolina, Anápolis e Goiânia.

História

Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.

Ela apresenta um caráter profano-religioso, fazendo parte do ciclo natalino, anualmente realizado entre 24 de dezembro a 6 de janeiro, quando se realizam as comemorações do nascimento de Jesus com várias festividades, ou festejos populares: como Congados, Folia de Reis, Império do Divino, Reinado do Rosário e Pastorinhas

São Sebastião é venerado de norte a sul do Brasil. É considerado protetor contra pestes, fome e guerras. Sua imagem de mártir é presença quase obrigatória nas igrejas e festejos católicos. Ele é celebrado com festas e feriados no dia 20 de janeiro em muitas cidades brasileiras.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 16/01/2015
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