Tempestade Neural

“Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”, letra presente no hino do Rio Grande, poucas palavras mas com uma inquietante verdade e que duramente será constatada. Se você ainda pensa em escravidão lembrando de negros realizando trabalho forçado sob condições sub-humanas, olhe a sua volta, não, é verdade, você não verá senhores do engenho montados a cavalo, ou ainda um negro acorrentado no tronco para servir de exemplo. Mas as correntes estão sim a nossa volta, os senhores de engenho não mais aparecem, eles apenas pagam, apropriam-se, compram e manipulam o que e quem eles desejam. Os escravos não usam correntes em seus tornozelos, hoje os elos estão camuflados em cada página de cadernetas azuis e de falsos auxílios, e não se enganem, elas aprisionam, tiram suas esperanças, sua vontade de lutar, o colocam de joelhos e se você deixar te convencem de que você é o culpado e merece ser tratado assim, lhe tiram a capacidade de crescer, aprender e evoluir, você torna-se um parasita, algo que depende de outro para sobreviver e que nunca deixará de ser o que é.

Somos rodeados de possibilidades, mas todas elas vem com destino certo, já pesados, e avaliados, com um só propósito, não deixar você ver o plano por traz de tudo, pois fazemos, vendemos, compramos ou estudamos o que nos é permitido, desde o aprendizado somos moldados como uma massa disforme sendo colocada em uma caixa, para nos tornar previsíveis, para nos ensinar a aceitar o mundo como ele é nos apresentado, toda uma ideologia passada de geração em geração porque “é assim que sempre fazemos”, e assim se perpetua a falta de criatividade, a incapacidade de entender, resolver e criar. E assim a maior dádiva que nos foi concedida, aquilo que nos diferencia e nos tornou os seres dominantes desse planeta é colocado a margem das prioridades, pois aprendemos o que nos dizem para aprender, os profissionais e a educação que deveriam ser a prioridade número um de qualquer país que deseja ser dono da própria história são abdicados em prol de índices externos de avaliação de desempenho, aos quais não interessam realmente nossa situação.

Mas vejo que todos os aspectos de nossa existência estão diretamente relacionados e não passam de meros reflexos de todas as nossas falhas e defeitos, que infelizmente superam em muito nossas qualidades, pois conseguimos como espécie, ser o que existe de pior nesse planeta, somos tão ruins e em vários níveis diferentes, que nos auto-intoxicamos com uma variedade quase infinita de venenos que nos são muito palatáveis, ou ainda em um nível global, de forma que nunca se matou, destruiu, ou se devastou mais em toda a história. Se não formos vitimas de nós mesmos seremos dos resultados dos nosso erros, evoluímos sim, mas estamos tão preocupamos em continuar a evolução e provar nossa superioridade que causaremos nossa própria extinção. Ainda não está bem claro, mas todas as previsões se farão presentes, e nosso sistema de vida atual, o que alguns defendem dizendo “não é o melhor mas é o que temos”, não nos favorecerá, a linha tênue entre realidade e o caos inimaginável dentro de nossas vidas sempre tão atarefadas nos confrontarão sem preparações ou avisos. Ficamos chocados por quarenta segundos quando vemos nas mídias de comunicação de massa ataques terroristas, desastres naturais, as milhares de vidas ceifadas pelas guerras onde os interesses são sempre discutíveis.

Espero não estar aqui quando esse tempo chegar, pois quando as luzes se apagarem, o mundo de máquinas que nos dão suporte se desligarem, e nossas prioridades voltarem a ser apenas abrigo, água e comida, é quando nos revelaremos e cada um encontrará sua real natureza, a tempos escondida por camadas e camadas de civilidade.

Fim

Gian VF
Enviado por Gian VF em 10/01/2015
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