Valorização do professor

A escola precisa ser repensada, principalmente a pública. A filosofia do ensino precisa ser modificada. A primeira coisa e, a mais urgente, é a valorização do professor. Ele é a alma da escola e não deve apenas se preocupar em ensinar português, matemática, química, física, línguas estrangeiras, que é necessário para o crescimento intelectual do aluno, mas, também, trabalhar o aluno no seu conceito de cidadão.

A formação do cidadão vai ajudar a resolver o problema da violência, da contravenção e das drogas. A escola tem uma preocupação muito grande em acumular matérias para o aluno ir decorando, porém esquece que o aluno é um ser humano e que precisa ser formado para isso. Não basta passar de ano e correr para fazer um vestibular para ingressar em uma faculdade. Ele até pode passar com destaque em português, física, biologia, línguas, e continuar ignorante de seus deveres como ser humano.

O professor, isto é, a escola tem de se preocupar em também formar cidadãos dignos para a sociedade. A sociedade brasileira vem sofrendo com a violência, não apenas dos bandidos, dos traficantes, mas também do trânsito e das barbáries praticadas por jovens, muitos dos quais filhos de pessoas ricas, que estudam em famosos colégios, ou já universitários. Essa consciência de que a escola e a família precisam trabalhar juntas é fundamental, porque hoje um dos grandes problemas da escola é receber filhos de famílias desestruturadas.

O professor precisa ser valorizado e protegido para que possa trabalhar alunos que procedem de ambientes tumultuados. Se ele tem quarenta alunos, é preciso que conheça a história de cada um deles para ajudar os mais frágeis, embora ensinando a todos sem preferências. Hoje é comum professor aprovar todos os alunos, os bons e os ruins, porque, não raro, a escola isso lhes exige. O aluno que passa sem nada saber, principalmente se é um aluno-problema, que destrói a escola, que bate em colegas e é violento, precisa receber uma atenção especial, ser orientado, mas não deveria estar relacionado entre os aprovados, pois assim terá problemas futuros. Será um eterno analfabeto.

Hoje, é bastante comum aluno chegar à faculdade com problemas de alfabetização e o pior, sair da faculdade com os mesmos problemas. São os profissionais que encontramos, que são formados em uma determinada área, mas não sabem falar nem escrever. Pior, isso está ficando normal em nosso país. Esses são os alunos que não gostam de estudar, porque lhes falta orientação familiar. São alunos problemáticos, cujos pais se irritavam quando o professor exigiu um pouco mais, que defenderam seus filhos apesar de saberem que estavam errados. Voltam depois, para pedir ao professor que passe o aluno de ano.

Muitos quando chegam à faculdade, buscam as drogas e vivem bem longe das regras familiares, porque estas não existem em seus lares. Os escândalos com universitários estão se tornando corriqueiros, porque falta a conscientização como ser humano, pois não pode tornar-se bom profissional aquele que não tem moral. Um dependente de drogas pode tornar-se um bom farmacêutico? É claro que não! Em nenhuma profissão o homem pode fugir do seu dever com a sociedade.

Se hoje a família e a escola não se respeitarem, unindo-se num só programa de educação da criança, do adolescente e do jovem estarão sempre diante da violência, sofrendo com ela. O professor precisa ser reconhecido pela escola, pelo governo e, principalmente, pela família, para que possa cobrar um pouco mais como educador. Para recuperar essa geração que se encontra perdida e infeliz, o professor necessita de maior poder para exercer a sua liderança.

Roberto Valverde
Enviado por Roberto Valverde em 05/01/2015
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