TRANSCENDENTAL

Por um caminho estreito sem proteção e com muitos pedregulhos, ansiávamos por uma diretriz, por uma matriz, por um azimute que nos posicionássemos mais tranquilos, e fora de perigo. Estávamos sem lenço e sem documento num lugar esquisito, tenebroso, assombroso que nos fazia arrepiar quando algo começava a piar. Folhas secas ao sabor do vento se misturavam a folhagem do local, os pirilampos com sua luz genial davam um tom especial ao local. De vez em quando, um sapo a coaxar não proporcionava deslumbramento, as corujas com seus cantos funestos nos assombravam ainda mais.

Estávamos numa rua sem saída, no mato se cachorro, desamparados e fitando a lua no céu a brilhar. Imaginamos o norte magnético, mas o nervosismo a nos perturbar só fazia transtornar. Tínhamos que encontrar uma maneira de sair ileso daquele local. Um experimento, uma prática da vida, perícia, habilidades adquiridas com o exercício constante de uma profissão, duma arte ou oficio, seriam artifícios para escaparmos daquela encruzilhada.

Prova, demonstração, tentativa, ensaio, tudo foi tentado, mas nada conseguido. O desespero já tomava nos tomava de conta e nem em pensamento sabíamos como solucionar aquele doloroso momento. Como vamos fazer para sair desse misterioso lugar? Pensamos: "Nos suave misterioso dos espaços, a Terra escura e triste se povoa e nos conduz". "A esperança do homem que sofre todas as suas misérias, desesperanças nos desertos de lágrimas da vida, desabafa, implora ao regaço divino do Mestre que nos dê mansuetude, alegria, prazer e perspicácia para sairmos ilesos daquele local pavoroso e aterrorizador".

Nesse local pensamos: "Nos dias dolorosos da provação, durante as crises mais intensas, parece faltar-lhe força é fé, companhia e apoio". Você tem a sensação de abandono e clama no silêncio dos pensamentos por alguém que lhe estenda a mão amiga. Contudo, as aflições consomem suas esperanças. Sua resistência, pouco a pouco, se extingue. Lembre-se, nessa hora, daqueles companheiros invisíveis aos olhos, que se encontram atentos aos dramas da dor.

Deus, em Seu celeiro abundante de misericórdia, tem recurso que você não imagina a extensão. Acalme-se, medite e recorra ao trabalho. O alívio, certamente não tardará em forma de benefício e amparo. Nós somos transcendentais e ainda estamos presos aqui. O ser humano transcendeu tanto em nível de desenvolvimento tecnológico, de superar limites impostos pela sua natureza frágil. Se o corpo humano não suporta descer às profundezas do mar, ele inventou o submarino. E para subir cada vez mais inventou o avião. E assim outras tantas coisas o ser humano criou para atingir o apogeu.

O ser humano já esteve até na lua, e pode ver com os próprios olhos o azul vivo que é a o planeta terra, nossa bela e viva casa. Segundo a comunidade.com, porém se o ser humano fez tantos avanços, por outro lado ele se deixou corromper pelo fascínio que tais coisas lhe trouxeram, e na sua ganância quis tomar todas as coisas só para si, passou por cima de outros seres humanos, na busca do poder matou milhões, criou bombas nucleares sem pensar nas consequências, pela cegueira de tal desenvolvimento poluí a água, o solo e o ar.

E tudo isso porque nessa sua busca de transcender os limites físicos e intelectuais, ele se esqueceu de transcender num processo de superação de si mesmo rumo a um ser humano mais pleno e harmonizado com seu mundo interior, consequentemente também com o mundo exterior. De repente um grunhido os assustou novamente e um cachorrinho balançado o rabo se mostrou repleto de alegria para os perdidos transcendentais. Ele estava faminto e foi servida a última refeição que eles tinham.

Depois de farto o cachorrinho começou a latir como se chamasse todos a um lugar saudável e seguro. E foi isso que o animalzinho fez. Os conduziu ao caminho certo e eles saíram daquele lugar incômodo e assustador. Ao chegarem a um vilarejo se acomodaram, descansaram e conheceram uma família. Era por incrível que pareça a moradia do cachorrinho salvador. Alegres, livres e já partindo para casa, resolveram perguntar o nome do animalzinho. De repente o dono do cachorrinho afirmou: ele se chama transcendental.

Abismados indagaram o porquê daquele nome. É por que ele tem consciência de espaço e tempo e quem possui esses dons são transcendentais. Que pertence à razão pura, a priori, anteriormente a qualquer experiência, e que constitui uma condição prévia dessa experiência: segundo Kant, o espaço e o tempo são dois conceitos transcendentais. (Esta palavra não deve ser confundida com transcendente, pela qual é por vezes erradamente empregada.).

Foi uma alegria imensa, Agradeceram e pensaram o tempo todo. Como nós possuidores de inteligência, capacidade de pensar, raciocinar não encontramos solução para sairmos daquele lugar, e um cãozinho com tanta rapidez nos surpreende e nos orienta a sair dali sem sofrimento, mas com alento. Um deles respondeu: O mais importante é que estamos salvos, e jamais esqueça de que é capaz um transcendental. Vamos em frente que atrás vem gente. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AVESP- DA AOUVIRCE- DO PORTAL CEN E DA ALOMERCE,