Memórias Postunas de Lari Cavalcante
Insisto sempre na idéia de ser feliz utilizando um mecanismo simples: Fechar os olhos e recordar. Os insultos atingem a vaidade, é fato, mas não arranham a memória. E é aqui onde a vontade alheia se vê impotente diante de um espaço que consegui, que é meu e não há nada no mundo capaz de modificar, ou pelo menos acredito nisso para proteger o que me resta. Muda-se o agora, o daqui a pouco, mas o ontem permanece intocável, e não adianta mil "hojes" que são construídos e sobrepostos desesperadamente sobre o passado: Há sempre um "foi" que não se repete, podendo ser lembrado quando a minha vontade quiser e existente independente da crença de quem quer que duvide dessa minha tática de alcançar o prazer através da... Já parou para pensar? Tem coisas que não mudam ou pelo menos nos deixa a sensação de não querer mudar jamais, e é ruim não poder confessar essas coisas, é estranho manter esse silêncio. Sei que dentro de nós alguma coisa está agonizando: tão perto da morte mas tão longe do esquecimento. Não acredito no que vejo agora, mas sou capaz de visualizar tudo aquilo que sinto, e mais: Sei que não enxergo sozinha. Há sempre um cúmplice mudo que concorda comigo, mas não se manifesta aos meus moldes: Me responde mentindo e usa a punição como cura do irreversível.
"Não há instrumento de tortura mais eficaz do que a memória..."