O POETA E O VENTO (Celismando Sodré-Mandinho)

O POETA E O VENTO

Sempre foi difícil definir o poeta. Há tantas maneiras diferenciadas de interpretar o mundo e tantas formas de expressão que é impossível se apegar em um conceito único. Porém, uma coisa é certa. O mundo seria muito mais insensível sem eles. Tantos detalhes preciosos, tantas inquietudes, e tantos sentimentos arrebatadores ou harmoniosos são extravasados nos versos dos vários poetas errantes pelo mundo. Ao longo da historia humana, fomos perdendo a capacidade de observar a magia da vida, da natureza e do universo. Cada vez mais, tornamos-nos cegos diante de tantos -pequenos e grandes- milagres que se espalham por tudo quanto é canto do mundo. Você já reparou no ar que circula, com todas as suas manifestações físicas diferenciadas, você já respirou lentamente sentindo o ar passando em suas narinas, invadindo os seus pulmões e possibilitando a oxigenação do seu sangue e o pulsar de suas veias, você já parou para pensar no milagre de uma simples e minúscula sementinha, se transformar numa grande árvore frondosa, você já parou pra analisar a tamanha combinação de fatores que tiveram que se reunir para possibilitar a existência da vida. A vida invade constantemente nossas entranhas, querendo aguçar nossos sentidos, e nossas consciências continuam adormecidas, e muitas vezes passamos batido e nem percebemos este milagre, que está bem diante dos nossos olhos.

Eis que aparecem os poetas, esses “malucos” com suas idéias mirabolantes e com suas percepções aguçadas, vendo e imaginando coisas, que a grande maioria não ver e nem imagina. Esses “lunáticos”defensores de utopias, extravasando seus sentimentos pelo mundo, “porque de perto ninguém é normal”. Alguém já disse: serão certos os doidos ou serão doidos os certos? O poeta pode montar no seu cavalo alado e sair por aí a conversar com o vento, a viajar pelo mundo da imaginação conclamando as pessoas a olhar com perspicácia para o seu “eu interior” e para a amplitude do universo. Portanto, louvo aqueles que destoam da mediocridade do mundo e enxergam para além da linha que divide os “normais” dos “malucos beleza”. Todos que se preocupam com os seres viventes e com a irmandade ontológica de tudo que existe no universo. Quem faz poesias para o vento, merece profundamente o nosso respeito, quem se sente parte integrante da natureza, nunca irá destruí-la porque sabe que, assim como todos nós somos feitos dos mesmos átomos que compõem o vento, a água, a planta, a terra e as estrelas; todos os elementos animados e inanimados fazem parte de um todo, regido pelas leis de uma profunda, criativa e lógica energia cósmica universal.

Celismando Sodré, autor dos livros “Canção Dos Poetas Anônimos- O Peta e o Vento e O Milagre de Cada Ser Pensante"

MANDINHO
Enviado por MANDINHO em 31/05/2007
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