Ler para aprender: A viagem de Darwin  images?q=tbn:ANd9GcQS7P6o7AVsTzzqoqRuwNLMlYu6n5jn_gaZTeQlfLr7xBP4HwDj
 
     Charles Darwin realizou uma viagem zarpando da Inglaterra num navio da Real Marinha Britânica em 1831 em uma viagem
que durou mais de quatro anos e tinha como objetivo mapear a costa da América do Sul.      Nessa viagem, o naturalista pode realizar suas pesquisas e se tornou um dos randes pensadores que subverteram a noção de como nos vemos
e como convivemos com o mundo que nos cerca.
Depois dos estudos de Charles Darwin, as coisas jamais seriam as mesmas e o homem deixou, para sempre,
de ser uma espécie privilegiada.


A viagem de Darwin no HMS Beagle images?q=tbn:ANd9GcTMNVAo2Piw9OybleFGkXXFWbtd2v74ONJBDglRRh05ntke4N36OA

O HMS Beagle era uma corveta, um navio pequeno, de três mastros e vinte e oito metros de comprimento. Começou a viagem histórica em 1831 com o objetivo de um levantamento cartográfico das costas da América do Sul,
produzindo mapas e gráficos para futuras rotas comerciais. Incluía desenhos de colinas com medidas de suas alturas, registro das marés e condições meteorológicas da região.

     Robert FitzRoy, capitão da embarcação, ciente do stress e solidão que o comando da viagem traria convidou Charles Darwin, naturalista e recém formado clérigo, para a empreitada. O convite era para Darwin ser o botânico
da excursão, mas, na verdade, foi mais para o capitão ter em sua companhia uma pessoa com quem pudesse conversar durante a viagem. No transcorrer da expedição, o naturalista oficial da tripulação não quis seguir viagem e o jovem Darwin assumiu completamente essa função.

A rota do HMS Beagle

     A viagem teve inúmeras paradas. Passou pelo Brasil - em Salvador e Rio de Janeiro. Foi na Bahia que Darwin explorou pela primeira vez a floresta tropical brasileira e chegou a afirmar que “...nunca tinha sentido tão grande
encantamento”.
     Da Bahia foi para Montevidéu, no Uruguai, e posteriormente para a Argentina. Passou pela Patagônia, no Chile e Ilha de Galápagos, que pertence ao Equador. Em seguida foi para o Haiti. Passou ainda pela Nova Zelândia, Austrália e África.
     Depois desse percurso, ele retornou à Bahia e seguiu para a Inglaterra.
A Viagem do Beagle é o título comumente dado ao livro escrito por Darwin publicado em 1839 como Diário Ilha de Galápagos e Anotações, o que trouxe a ele considerável fama e respeito.

Darwin e a descoberta dos fósseis

     Enquanto o HMS Beagle realizava seu trabalho de registros e mapeamento na costa, Darwin passava muito tempo longe do navio fazendo várias visitas ao continente, pesquisando em terra. Na costa do Uruguai e mais ao sul, na Argentina, Darwin encontrou no continente alguns fósseis que o deixaram curioso. Era possível verificar que os animais extintos
há milhares de anos possuíam a estrutura anatômica semelhante à de espécies habitantes nos pampas.
     As observações dos fósseis e sua comparação com a fauna local, fizeram com que Darwin levantasse a hipótese de que parecia existir uma continuidade de seres que têm iguais caracteres essenciais ao longo de grandes períodos de tempo.
     Apesar da viagem do HMS Beagle estar no seu começo, o interesse e curiosidade de Darwin cresciam a cada nova observação e uma teoria começava a ser desenhada em sua mente.

As dúvidas constroem novos conceitos

     Nas excursões em terá firme, longe do mar revolto da costa da América do Sul, era aonde Darwin sentia-se inteiramente à vontade e seu entusiasmo científico o transformava em um ansioso aventureiro.
     Darwin caminhou pelas mais altas passagens dos Andes chegando a cerca de 3000 m na fronteira do Chile com a Argentina. Pesquisou as várias camadas da terra que formavam as mais altas montanhas e percebeu que o topo daqueles lugares já havia sido fundo do mar. A partir de terremotos e violentos movimentos da terra, as camadas se elevaram até formar as cordilheiras.
     Naquela época muitos acreditavam que a Terra tinha milhares de anos, principalmente baseados nas escrituras. As observações de Darwin levavam a crer em algo diferente: a Terra provavelmente deveria ter muitos milhões de anos. E também que pequenas ações realizadas durante um grande
período de tempo provocam resultados assombrosos.

A viagem e as ilhas Galápagos

     No final do ano de 1835 a expedição do HMS Beagle chegou
às ilhas Galápagos.
     As primeiras impressões de Darwin em Galápagos não foram inspiradoras. As ilhas eram vulcânicas, cheias de rochas escuras ressecadas. O clima equatorial da região era sufocante e a vegetação exuberante cheirava mal. Ao pisar em terra firme, porém, o naturalista observou a flora e a fauna incomuns desse mundo isolado. Darwin não podia
ter certeza do fato que hoje se sabe: o arquipélago abriga animais que evoluíram somente lá, em mais nenhum lugar da Terra. Os iguanas marinhos, por exemplo, só existem em Galápagos. Mergulham a 40 metros de profundidade e conseguem segurar a respiração por 20 minutos, à caça
de algas e caranguejos.

As observações de Darwin em Galápagos

     Tartarugas terrestres gigantes, garças-azuis que pescavam somente nessas ilhas, as iguanas, completamente diferentes das iguanas terrestres da América Central, o solo coberto de um arbusto chamado palo santo que brotava por toda parte no solo pobre que se criou sobre a lava desde a formação das ilhas, tudo era sensacional para o jovem naturalista.Mas, o mais impressionante para sua pesquisa eram os tentilhões, que se apresentavam completamente diferentes em cada uma das ilhas que visitava.

Os tentilhões de Darwin

     Nas observações feitas na fauna do arquipélago de Galápagos, Darwin descobriu que, apesar dos tentilhões serem da mesma espécie, eles apareciam em diferentes subespécies em distintas ilhas.De uma ilha para outra esses pequenos pássaros apresentavam cores variadas e uma gama de bicos diferentes. Os bicos variavam em forma e tamanho, de acordo com suas diferentes maneiras de se alimentar.
     Se em algumas ilhas os tentilhões usavam o bico para quebrar nozes, outros usavam o bico para sugar o néctar de flores; havia ainda uma espécie que aprendeu a manipular espinhos de cactus com o bico. É como se o pássaro fizesse um instrumento, com o qual cutuca troncos podres e arranca
larvas para comer.

O HMS Beagle começa a retornar...

     Antes de iniciar a viagem, Charles Darwin pensava que cada planta ou animal haviam sido criados de forma sobrenatural, em cada localidade.      Depois de tudo que observara até aqui,desde a floresta tropical, os pampas, a cordilheira dos Andes e o arquipélago de Galápagos, novas ideias e concepções iam nascendo em sua mente.
     O HMS Beagle retornou passando pela Austrália, pelo Cabo da Boa Esperança e novamente pelo Brasil. No total, a viagem projetada para dois anos durara quase cinco.
     Darwin tinha então 27 anos. O botânico e naturalista que embarcara inexperiente desembarcava como um cientista completo, dono de uma técnica rigorosa, com muitos fatos, informações, testemunhos e vivências que lhe permitiriam começar a formar uma teoria muito bem fundamentada.