Cotas versus ensino
COTAS VERSUS ENSINO
O Jornal Correio da Paraíba do último Domingo em João Pessoa - PB, publicou um artigo abordando a criação do sistema de cotas pelo Governo Federal para eventualmente auxiliar e disciplinar o ingresso de estudantes em universidades públicas. Resolvi dar o meu dar o meu parecer como profissional e mãe de estudantes universitários e pré-universitário. Este sistema instituído começou pela regulamentação de vagas para atender a pessoas de cor negra, e aí não vai nem um preconceito; são apenas pessoas, como eu e você. Encaro o sistema de cotas como um meio de ampliar o preconceito que sabemos ser verdadeiro, mas não exposto e formalizado. É algo de depõe contra o próprio Governo, que denota ausência de capacidade em administrar o seu sistema de ensino, quando o que de fato necessita-se é de um controle maior sobre o ensino público, formando uma escola de qualidade, capacitando este alunado para a vida e o profissionalismo.
Mas, a quem interessa o que temos visto com o passar dos anos? O enfraquecimento do sistema público para elevar o ensino pago ao status da perfeição, concretização de sonhos e realizações? Estive por pouco tempo prestando serviço em uma escola pública e conheci a verdadeira face deste ensino e as suas dificuldades, á começar pela ausência de instalações adequadas, que indica a falta de preservação do patrimônio público, administrações distanciadas do alvo, professores capacitados, mas desestimulados, alunos desinteressados e baixa qualidade de aprendizado. Além da falta de educação básica (doméstica) que se evidencia na forma comportamental, quando o patrimônio público é dilapidado por vândalos que freqüentam a escola. O Governo tem se preocupado em oferecer recursos às escolas, fornecendo livros de boa qualidade aos alunos sem custo para os pais, merendas, bolsa família, capacitação do professorado, entre outros programas que não me vem à memória. Mas é insuficiente.
O que de fato elevaria o sistema público ao um ensino de qualidade? Lógico que existem escolas públicas que são referenciais, mas elas são poucas.. Não é a ausência de professorado capacitado, pois para o ensino é necessário graduar-se, uma grande maioria possui especialização em alguma área, ou estão concluindo, conheci muitos mestrandos e sei da grande capacidade destes, muitos inclusive com grau de doutores. Então, o que de fato é necessário pra que se mude a face do nosso ensino e se coíbam às aberrações, que vemos diariamente?
A criação de cotas sejam elas para pessoas de origem negra, ou alunos de escola publica, ou particular, não resolve o problema, apenas enfraquece o ensino superior. Pois já que há tantas segregações, não se fartará em aparecer algum grupo que se ache excluído e necessite de ser incorporado a este sistema que a meu ver, não fortalece e sim desestrutura o ensino de forma sectária.
Estudei em escola pública desde a infância a juventude, e não tenho nenhuma seqüela por ter sido filha de uma família pobre, com pais que trabalharam duramente para que seus filhos estudassem. Meu pai trabalhou durante muitos anos de sua vida em quase três expedientes para nos dar o necessário, uma mãe que ficou como gestoras da formação de seus sete filhos, e em nenhum momento me julgaram por não estudar em escola particular, aliás, na minha época estudar nelas significava pagar para passar...
O que de fato perdemos, lembro de termos professores respeitados, capacitados, sim professores de escolas públicas, gestores da formação, de muitos profissionais como eu e você que me lê.
A formação acadêmica para professores que pretendem ingressar no ensino público precisa de visão mais ampla. O professor faz o concurso e é direcionada a uma escola, e lá se perde em frustração, descaso, porque o modus operandi da escola não favorece crescimento tanto em nível do docente, mas do aluno. O professor deixou de ser referencial. Esse é um dos problemas.
Perdoem-me professores, diretores, secretários e ministros da educação por não concordar com o sistema de progressão parcial em vigor. É mais um mal do que um bem. Alunos devendo matérias durante todo os seus períodos escolares, passando sempre adiante e finalmente graduando de qualquer jeito, muitos com aprendizado ínfimos. Professores que não podem reprovar, que não podem se impor dentro de sala de aula, não estou me referindo a agressões ou qualquer ação violenta, que fazem malabarismos para serem bons mestres....Conheço muitos... Conheço também muitos que não vestem a camisa e não estão nem aí...
Que repensem os nossos doutores em educação em como estruturar esta escola pública com os pés no chão, e não fragmentando, criando uma classe de excluídos. Os excluídos pobres, os negros, os brancos, os índios, os de escola pública, os de escola privada... Os ricos, sim, os ricos... Estes são retirados do meio dos outros seres mortais...
A quem de fato interessa esta classe de excluídos? O problema não atinge apenas a esta escola, mas também as universidades. Cabeças pensantes, uma nação forte e soberana se dá pela formação de seus filhos. É tempo de se fazer sempre... Que surjam novos alvos... Que se reforce o ensino seja ele público ou privado e que caia este nas mãos de técnicos e não de políticos.
Gostaria de informar que dois de meus filhos estudam em Universidade Pública e a caçula esta fazendo cursinho com muito sacrifício para poder conseguir uma vaga. Nenhum deles vê como problema ter sido aluno de escola pública... As suas deficiências tem sido alvo de suas constantes buscas de aprendizado. Contaram com o meu apoio e formação acadêmica para reforçar a deficiência da escola e espero que sejam vencedores. Foram bons alunos na escola básica e se esforçam para serem bons alunos na universidade.
Ishamendes