SANGRANDO, ESTAMOS NÓS!

Sempre que me proponho a escrever sobre fatos ou pessoas, gosto de prestar alguns esclarecimentos.

Reitero que não sou cientista político, nem psicóloga, nem socióloga, tampouco antropóloga. E nem adivinho!

Mas ultimamente, basta ser Brasileiro atento às notícias, para que nos tornemos Phd, em toda e qualquer ciência humana.

Então, aqui estou simplesmente como expectadora das cenas que nos vieram ao conhecimento através da mídia, em horário nobre, praticamente em rede nacional.

Mais uma vez, estou estupefata!

Nosso congresso parece ser tudo mesmo, uma instituição polivalente...polícia, teatro, vitrine política, júri...e agora, também máquina de lavar roupa suja!

Mas diante do tudo, sinceramente me senti ofendida!

Vi e ouvi atentamente o depoimento do líder da “nossa casa”, aonde estão os “nossos representantes”, e confesso que não entendi absolutamente nada!

Afinal de contas...o quê ficou esclarecido?

Apenas fatos da sua vida pessoal, únicos que não nos interessavam.

Em sua defesa frente às acusações da revista Veja, que me pareceram no mínimo muito graves, foi ao depoimento munido de ares de “vítima”, cuja finalidade era sair como herói.E desviar as atenções.

Tive a impressão que a tática foi exatamente essa.

Temos que admitir que não deva ser nada fácil para um homem naquela posição, até então de postura e conduta ILIBADAS, como acredito que deva ser um líder do Congresso Nacional, ter sua vida exposta às telas dos televisores de todo país...e do mundo! Mas um político de verdade nunca perde a compostura...

Comovente quando pede desculpas à esposa e filhos.

Ninguém em sãs condições de humanidade deixa de sentir um mal estar ao ver uma cena daquela, que de certa forma expõe a intimidade de toda a família.

E se se expõe a própria família, o que se dizer do entorno,que é o país?

Pensei na minha e achei aquilo chocante do ponto de vista psicológico para quem se “confessa” e para quem ouve a confissão.

Mas alguém estava pedindo por “confissão”? Afinal , qual era o crime?

Um suposto adultério não é mais crime, pelo novo código civil.

Bom, e suspeita de corrupção, ainda é?

|Sinceramente achei que essa parte poderia ter sido pulada.

Mas talvez fosse a parte principal do depoimento:fragilizar e comover a opinião pública, sim porque tive a impressão que a opinião dos congressistas já estava formada.

Coitado, afinal, estava tudo entendido, cometeu um deslize...é homem...mas deu todo apoio a mãe da criança, à gestante, como elegantemente se referiu à mãe de sua filha.

E me impressionei como é generoso. Disponibilizar cem mil reais para a educação futura de um filho de três anos...fora da união oficial, olha, não é pra qualquer um mesmo! É ser bom demais! Um exemplo.

É a primeira vez que vejo isso! A gente morre e não vê tudo!

Mas advirto, que cem mil reais é muito pouco.Acho que já gastei muito mais com educação! E sem poder abater na íntegra no imposto de renda!

Todos em uníssono apoiaram e entenderam que houve provas suficientemente esclarecedoras das denúncias. Tive a impressão que todos tinham muita pressa para que tudo se acabasse por ali mesmo.E sem CPIS, vejam só!

É a primeira vez que suspeita séria não gera a sugestão de CPI.

Tudo muito estranho mesmo!

Uma mistura complicada, talvez pré-fabricada,de vida pessoal com denúncias políticas...para fundir a cabeça do melhor psicólogo do mundo!

Agora só um comentário do ponto de vista sociológico, já que o político parece estar esclarecido mesmo. E por decreto.

Depois de tudo, me perguntei como seria se uma mulher estivesse no lugar do Sr.senador.

Será que lhe seria dada a chance de defesa de fatos, aonde se insere um suposto adultério, assim de forma tão simplista e tranqüila, como se fosse a coisa mais natural do mundo?

Sem que ninguém lha atirasse pedras?

E o marido lesado, estaria na platéia para perdoá-la do “crime”?

Olha, se assim fosse, eu acreditaria que realmente passamos por profundas mudanças sociológicas, aonde o gênero “homem” estaria em metamorfose antropológica, ao abrir mão do seu machismo histórico, que se perpetua pela modernidade! E agora, com flagrantes vantagens políticas!

E só pra terminar, o senador disse que estava sangrando...

É bom que se diga, que sangrando estamos nós, com o coração, o erário e o bolso dilacerados por tantas sanguessugas, impunemente soltas por aí...

Nota: Escrevi este artigo sem ler os noticiários após o ocorrido.Qualquer semelhança de opinião escrita ou falada, será mera coincidência.