BRINCANDO DE DEMOCRACIA

Nesta segunda-feira o Datafolha estampou uma pesquisa na mídia. Nela 66% dos entrevistados disseram que a democracia é a melhor forma de governo. Esse tipo de pesquisa começou a ser feita em 1989, para medir a confiança do povo na recém-renascida democracia brasileira.

Os que acreditam na democracia como melhor forma de governo vêm num crescimento constante desde 1989. Naquele ano eram eles eram 43%. Espantoso é observar que em julho de 2005, em pleno governo Lula, 17% preferiam a ditadura. E para outros 18% tanto fazia.

Mesmo que agora em 2014, a pesquisa mostre que dois terços dos brasileiros acreditam na democracia, 12% cravaram a ditadura e 15% não sabem. Acredito que ainda são índices elevados, e preocupantes.

Eu provocaria o Datafolha a deixar a pesquisa mais interessante da próxima vez. Que tal incluir outras duas perguntas. A primeira seria: O que é democracia? Uau! Quem estudou “Moral e Cívica” Depois perguntaria: Você vive numa democracia?

No sentido amplo da palavra, e tenho dó dos gregos, democracia não existe em nenhum país do mundo. Então também, nenhum Ser Humano do planeta jamais teve o gostinho de viver numa democracia.

No Brasil, por exemplo, desde que Pedro Álvares Cabral aqui chegou tudo o que nunca tivemos foi uma democracia. Nisso não somos diferentes. O que nos diferencia dos outros, é que sempre estamos na linha de frente quando o assunto é mau exemplo.

Numa democracia, Fernando Henrique Cardoso não faria o que fez para aprovar a reeleição. Nem o que Dilma Rousseff fez para aprovar o fim do superávit fiscal. E, talvez, nem o que senadores e deputados fazem para aprovar seus salários. E as regalias que se estendem até depois de deixarem o mandato.

Consultando os conceitos dos livros eu diria que no Brasil não vivemos numa democracia. O que temos no país é uma espécie de “oligarquia aristocrática”, com uma boa dose de anarquia corrupta corporativista. Corruptos e tiranos caminham juntos.

Independente das siglas partidárias, o melhor do bolo, sempre é dividido entre eles. Ao povo são atirados os restos e as migalhas. Estamos apenas brincando de democracia.

Nos últimos anos, lições de igualdade sociais e econômicas deixaram de ser ensinadas. O que estamos aprendendo cada vez com mais frequência, é confundir liberdade com desordem. Gerando uma violência cotidiana incontrolável. Isto não é democracia.