As vésperas do natal
Olhando de um monte para o chão vi muita gente correndo as lojas, as confeitarias, as padarias e as empresas de marketing. O Estrago e o aumento dos lucros e das coisas pessoais, entre outros pontos foi avassalador, parecia que ninguém se enxergava direito. A satisfação pessoal estava em primeiro lugar.
Observando mais afundo pude enxergar as pessoas se atropelando, o trânsito parando e um empurra, empurra sem medida. Todos que ali estavam queriam comprar, comprar um presente para oferecer a alguém, comprar um espaço, comprar algo, comprar uma árvore de natal, enfim... Comprar.
Enquanto a musica para o tal natal era mais evidente, muitos naquele dia se sentiam coniventes de uma solidariedade, de uma vontade e de uma alegria incomedida. Cansados, suados e às vezes com fome procuravam naquele mar de pessoas algo para satisfazer – se ou satisfazer o pedido ou os caprichos dos filhos. Ah o meu filho passou de ano, ou o meu marido, a minha garota, ou quem sabe para impressionar alguém se vislumbrava um presente, ou até, o que não está aqui, mas se serve de consolo faz parte dessa ordem.
Alguns até passaram a noite pensando no que comprar, como conseguir dinheiro para comprar... Comprar um carro novo, um celular de ponta, fazer o cabelo, vestir, calçar, comer, beber... Se satisfazer.
De repente tive como olhar para o outro lado e ver que há e como há tanta gente nos hospitais precisando de conforto;
Há tantas crianças abandonadas nas ruas ou nos abrigos, bem como os idosos sem o respeito dos Estados, da sociedade e abandonados em seu lar ou em sua reserva, conhecida como ponte, rua ou abrigo.
Há tanta gente com fome e sem emprego; há tanta gente que não quer trabalhar,
Há tanta gente sem uma escola para realmente ensinar; há tanta gente precisando na sociedade ocupar o seu lugar. Em sua maioria, há tantas pessoas precisando de algo, pois a sua pobreza não é de coisas, mas de alma. Lamentável é ver essas pessoas com falta de visão, não ter ainda olhos para enxergar, que o natal do qual se fala não tem e nem terá data marcada.
O amor não pode esperar. Então dizer, que é dezembro, que o menino Jesus nasceu e que pelo fato de evidenciar-se o natal na folhinha é estar sensível, não deve mais ser pauta de entendimento. Porque muitos estão na oportunidade para bebericar, para abusar dos prazeres e para fazer média.
A essência do que se quer realmente evidenciar está no intimo de cada um, querendo ser sentida, para que de fato se possa consumar o fato de sermos humanos e externar ao mundo, o cerne de algo que possa fazer a esperança, ser mais do que o acreditar. Seja de fato o fazer e o acontecer.
Com certeza não há um dia para proclamar “Feliz Natal” ou Para dizer “Feliz Ano Novo”, para acompanhar ou até mesmo para abraçar, como também não há amanhã. Há que se verificar no hoje, traduzidos em ações, em compromissos e responsabilidades uns com os outros, dentro dessa sociedade, desse mundo, ou melhor, desse ecossistema, desse universo de planetas, para que se garanta que o amanhã seja o passado, em que os nossos filhos possam celebrar se lembrando, como nós lembramos da nossa infância, infelizmente desenganada. Do contrário nem mesmo nós faremos parte do que realmente existirá. E se ainda há tempo, vamos então fazer diferente, vamos refletir melhor os nossos interesses, difundir o sorriso, trabalhar com interesse, unificar as mesas, respeitar e saber usar as tecnologias, salvar de nós, nós mesmos, para que a vida, agradecida continue.
Do jeito que existimos, do jeito que ajeitamos essa ordem será que amanhã poderemos ao menos ver a lua no céu?... Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.