MINHAS ÁRVORES DE NATAL
Ontem montamos a nossa árvore. Confesso que minha participação foi mínima. Quem fez uma festa daquele momento foi Marina, minha filha de 10 anos. Depois de pendurar os enfeites e ligar o pisca-pisca, ela sentou-se na cadeira de balanço e ficou contemplando aquela árvore, ali, na sala, como se fosse a maior beleza do mundo. Foi lindo ver o deslumbramento com que observava as luzinhas. Naquele instante ela parecia estar mergulhada em pensamentos que eu bem queria adivinhá-los. Olhava fixamente para a árvore, com um semblante sereno, denotando satisfação e contentamento. Era a realização de um sonho, supus.
Então as recordações me vieram aos montes: as árvores, os natais, a infância... e lembrei-me das árvores da escola, quando eu tinha, talvez, uns doze anos: fazíamos as nossas árvores de galhos naturais, como atividade de Artes. O galho era coberto com algodão e fita, geralmente verde ou vermelha, e depois alguns birimbelos eram pendurados nele. O resultado, claro, era um negócio horrível.
Em casa, a primeira árvore (mais horrorosa ainda: magra, feia, na cor prata, com uns enfeitezinhos bem a cara dela) foi a que ganhamos do patrão do meu pai, após este ter comprado uma árvore “de verdade”, verde, grande, cheia, quase um pinheiro, das que eu só tinha visto na televisão.
O momento “família reunida” para montar a árvore não faz parte da minha infância, não tenho essa recordação. A Missa do Galo, talvez, esteja mais presente em minhas memórias. Ceia? Também não. Era muito menino para pouco dinheiro.
Mas, enfim, seguindo em meus pensamentos saudosos recordei de um amigo especial que certa vez me fez refletir sobre a minha falta de interesse em aderir às decorações da época natalina: “lembre-se: é você quem não gosta, não são suas filhas! Dê a elas essa vivência! É Natal, tempo de alegria! Compre enfeites e decore sua casa junto com as meninas...” Isso me tocou, e desde então eu passei a refletir sobre qual era o meu problema. Sofrer com as festas de fim de ano? Por quê?
E foi ontem, vendo minhas meninas se divertindo montando a bendita árvore, que me senti, pela primeira vez, verdadeiramente feliz com o Natal. Nelas percebi o essencial.
Finalmente estou curada!