A DOENÇA MENTAL NA SOCIEDADE
A DOENÇA MENTAL NA SOCIEDADE
Os distúrbios da saúde mental (psiquiátricos) envolvem as alterações do pensamento, das emoções e do comportamento. Esses distúrbios são causados por interações complexas entre influências físicas, psicológicas, sociais, culturais, e hereditárias.
“O desenvolvimento de medicamentos antipsicóticos eficazes tornou possível o surgimento de um movimento que defende a manutenção dos indivíduos com distúrbios mentais fora das instituições psiquiátricas. Com o movimento da desinstitucionalização, tem sido dada uma maior ênfase à visão do doente mental como membro da família e da comunidade. As pesquisas têm demonstrado que determinadas interações entre as famílias e os pacientes podem melhorar ou piorar a doença mental. Por essa razão, foram desenvolvidas técnicas de terapia familiar que evitam, a necessidade da internação de indivíduos com doença mental crônica. Atualmente, a família de um doente mental está mais que nunca envolvida como um aliado no tratamento. O médico da família também desempenha um papel importante na reabilitação do paciente e na sua reintegração na comunidade. Além disso, aqueles que necessitam de internação apresentam menos riscos de serem isolados ou contidos do que no passado, e frequentemente eles são mais precocemente transferidos para os programas de internação parcial ou de hospital-dia.” Texto transcrito do Manual Merck – Saúde da Família.
Estive no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Brumado, no dia 20/05, quarta-feira, para uma visita, acompanhando a equipe de cabeleireiros do SALÃO BELEZA PURA, coordenada pela proprietária, profissional Rosa Soares da Silva, que fora cortar cabelos dos internos – uma promoção social da empresa –, proporcionando auto-estima e bem-estar físico àqueles enfermos.
O CAPS, em Brumado, desenvolve um trabalho multidisciplinar de inclusão social dos pacientes com problemas mentais e tratamento psicoterápico, através de uma equipe composta de psiquiatra, médico generalista, assistente social, enfermeira, fisioterapeuta, psicólogo, auxiliares de enfermagem, professora de artes, pessoal de apoio e voluntário em artes, além da distribuição de remédios, alimentação e transporte dos doentes. O CAPS, hoje, sob a coordenação da enfermeira Liliane Neves da Silva Maltez, conta com 556 usuários cadastrados, dentre eles, 48 em regime intensivo e semi-intensivo. Faz consultas, procedimentos de enfermagem e avaliações médicas, psicológica e física.
Usam a técnica da aprendizagem dinâmica para estimular a memória e a criatividade dos pacientes com técnicas terapêuticas ocupacionais, lúdicas e cognitivas, envolvendo os familiares, oferecendo-lhes conhecimentos e orientações para lidarem com os seus doentes de forma menos traumática.
No dia 18 de maio, em comemoração ao dia da luta antimanicomial, O CAPS fez uma exposição, no Mercado de Artes, dos trabalhos artesanais realizados pelos pacientes e palestra relacionada ao tema pertinente com ampla divulgação nos meios de comunicação, como forma de conscientizar a comunidade para o real problema que exige a atenção de todos.
Confesso que fiquei receoso de comparecer ao CAPS, pois tinha a concepção de que lá era um local de loucos agressivos, e fiquei surpreso quando me deparei com pessoas dóceis, afáveis, que me transmitiram tranquilidade. Foi uma experiência enriquecedora e a lição de que as relações humanas precisam ser encaradas sem discriminação e sem preconceitos (suposições sem o prévio conhecimento da realidade), visto que, segundo o espiritismo, cada indivíduo carrega o seu carma (suposta lei que vincula as ações de cada pessoa a inevitáveis consequências futuras, na mesma ou em futuras encarnações).
A equipe que trabalha no CAPS oferece aos seus usuários amor, carinho e compreensão, portanto merece reconhecimento pelo trabalho de profissionais comprometidos e dedicados, superando todas as adversidades.
Daí, ser importante ressaltar que a entidade precisa contar não só com o apoio institucional, mas também dos familiares dos doentes e da sociedade organizada, que precisa envolver-se para que esse trabalho tenha o êxito esperado.
Antonio Novais Torres
antorres@terra.com.br
Brumado, em 25/05/05.