A CIDADE DE BRUMADO

A CIDADE DE BRUMADO

A cidade de Brumado, apesar do número expressivo de habitantes, clama por melhorias em face de várias e eternas carências: falta de tudo para se comparar a uma cidade polo, cujo entorno se sirva de suas potencialidades. Os investimentos não são vistos nem sentidos, ainda que se tenham recursos provenientes de arrecadações previstas: ISSQN, IPTU, alvarás e outros impostos da competência do Município, além das transferências da União e do Estado.

Ainda hoje, a cidade continua sem ter um trânsito ordenado e consolidado. Falta asfalto em muitas ruas e calçamento em outras. Há carência de saneamento básico. A água é de abastecimento precário, e a construção da barragem nova, em andamento, suscita dúvidas. As praças carecem de cuidados. A cidade é carente de uma estação de tratamento de esgoto (ETE). Os passeios não obedecem ao código urbano, complicando a vida dos transeuntes. A agricultura é incipiente. Piscicultura não existe. O mato toma conta das ruas. Também estão a desejar os investimentos da União, do Estado e do próprio Município com relação aos serviços de suas obrigações nas áreas de saúde (precária, merece, sobremaneira, atenção especial), educação (carece de faculdades e cursos técnicos) e segurança, além de tantas outras necessidades não citadas.

Diante das diversas carências, um candidato prometeu que iria revolucionar o Município, priorizando as necessidades básicas. Lançou-se candidato a prefeito. Na qualidade de revisor da situação, em campanha, percorreu todo o Município, levando a sua mensagem de esperança e o compromisso de resgatá-lo da inércia, através de uma administração profícua e de resultados positivos que beneficiassem a população, tanto na cidade quanto na zona rural. A sua missão: mudar e melhorar. Dependia, entretanto, da avaliação dos votantes e pregava: “Ou o caos ou a troca do comportamento administrativo”. Só carecia do povo para que as transformações se realizassem. O povo acreditou e votou.

É muito difícil realizar o que se promete em campanha. Pensa-se que é viável realizar o que se pretende, entretanto, tudo depende da burocracia, da existência de recursos e da aprovação da Câmara Municipal. Daí a grande necessidade de o gestor contar com a maioria na Câmara de Vereadores para governar com tranquilidade − a governabilidade.

Muitos edis mudam de lado – nem sempre pelos motivos mais louváveis ou dignos – o fazem em atitude descompromissada com a seriedade e mesmo com o seu eleitor. O prefeito termina por ficar na dependência de muitos que se arvoram a ser os donos da verdade, exigem vantagens. Mudam constantemente de partido, de acordo com os seus interesses. Os votantes, certamente, não participam de suas decisões.

Infelizmente, muitos prefeitos estão impossibilitados de fazer o que pretendem por conta das querelas municipais, uma atitude dos que não se importam com as necessidades da população. Desse modo, o povo fica prejudicado e continua a ser iludido nas eleições subsequentes. Por fim, fica insatisfeito e decepcionado com os que prometem o inviável, e não o factível, para continuar no poder. “O povo que se dane!”, Essa tem sido a tônica dos politiqueiros. Termina que a cidade fica sem representatividade.

A cidade merece respeito, mais trabalho, seus cidadãos são dignos de atenção, e o Município deve estar acima dos interesses pessoais e particulares. As questiúnculas políticas não devem penalizar os eleitores que escolhem os seus representantes, em quem acreditam, tendo-os como legítimos, sérios e honestos. Os eleitos devem propugnar pela melhoria da qualidade de vida dos munícipes, cumprindo com o seu dever, sem as interferências politiqueiras. É o que se espera dos que têm o compromisso de alavancar o progresso e o desenvolvimento do município que representa. Que os pleitos eleitorais sejam tratados na época devida, questionando-se a competência dos que se propõem a atingir seus objetivos.

Brumado tem-se ressentido de não contar com um Governo como o de Roberto Santos – tido como seu benfeitor − que trouxe para o Município investimentos como o sistema de telefonia, ligação asfáltica com Vitória da Conquista e região, construção da barragem do Rio do Antônio, energia hidráulica e outros marcos do progresso que advieram do governo. De lá para cá, a cidade estagnou com relação aos investimentos do governo estadual, Federal e mesmo do Município no que se refere às obras propulsoras do desenvolvimento.

Portanto, a solução dos problemas da cidade depende da competência, da audácia e do trabalho que precisa ser conduzido na direção de se atribuir a Brumado a importância de uma cidade polo da região, pela sua influência e localização privilegiada, mas que depende de intervenções para colocá-la no lugar que ela merece, e não permanecer estagnada, como tem acontecido. Esse quadro de inércia tem causado ao povo brumadense o sentimento do descaso pela falta de competência e decisões políticas para as realizações necessárias e garantir o progresso ao Município.

Tudo o que a cidade depende, exige ações políticas nesse sentido, por conseguinte, a realidade deve ser perseguida. É preciso contribuir para a evolução do Município e excluir aqueles que, no governo, privilegiam o poder em detrimento da população, enganando-a. O que se deseja são ações concretas, as promessas ficam por conta do imaginário. Há de não se envolver partidariamente, e sim, ter a consciência tranquila do exercício da cidadania. Para arrematar este artigo, cito o pensador Indiano Sathya Sai Saba que disse: “O caráter é a unidade entre o pensamento, a palavra e a ação”.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 11/07/1998.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 19/11/2014
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