DUAS VIDAS DISTINTAS

Em nós existem duas vidas distintas, a carnal mortal e a espiritual imortal. Para quem não tem ainda a devida compreensão da vida espiritual, apegando-se em demasia à vida material, a ausência do ente querido pelo desenlace, quase sempre, desencadeia o sofrimento em quem fica pelos laços afetivos desfeitos momentaneamente... Somos acostumados a conviver de modo deficiente com as presenças carnais das pessoas entre nós. Quando elas se ausentam pela morte física, não só, não aceitamos como também não compreendemos que poderemos no porvir reencontrá-las na próxima dimensão imediata a esta que estamos... É por isso que temos que aprender a enxergar a vida pelos dois lados: os princípios espirituais e materiais, a despeito de serem distintos, são inseparáveis em seus vários graus evolutivos. Pelas leis divinas, a matéria é construída para se integrar e após se desintegrar; enquanto que o espírito, uma vez construído e individualizado, jamais se desintegra, e vai evoluindo continuamente nos dois planos, conforme a sua vontade e a força das coisas... Assim, quando a alma perde o vaso carnal no qual se alojava, continua a alojar-se no corpo perispiritual que lhe auxilia em sua vida desencarnada, feito de matéria leve, etérea, fluídica, vaporosa... A alma, ser principal, cumpre etapas evolutivas nas diversas encarnações, manifestando-se nos corpos físicos vivos. Quando estes morrem, evidente que ela vai sobreviver revestida pelo perispírito, retornando desse modo, à vida primária espiritual, e reencontrando-se com entes queridos que se foram antes dela, ficando também à espera de outros que ainda não desencarnaram... Portanto, até certo ponto, é compreensivo o lado egoísta do apego a alguém que ama e que, pelo desenlace, não vai mais está ali marcando presença; e a comiseração natural é fruto mesmo da ideia ilusória desesperada em achar que não mais vai ver quem mereceu dedicação afetiva... Como a nossa parte moral ainda é inferior, não temos o devido preparo pra compreender essa separação temporária, não do corpo físico que finda, mas do espírito que se ausentou pela viagem que fez de retorno à vida espiritual eterna... Para quem já compreende a vida espiritual na vivência carnal, uma raridade entre nós, já sabe que os laços afetivos jamais são rompidos; apenas são interrompidos pela morte corpórea, sendo reintegrados pelo reencontro dos seres espirituais em suas vidas desencarnadas... Enfim, como já disse o Mestre Chico Xavier: " a morte é a mudança de casa, sem a mudança essencial da pessoa." Ou seja: a alma deixa o vaso corpóreo pela morte deste, mas não perde o que lhe caracteriza em virtudes ou defeitos morais; faz a viagem de retorno à vida espiritual de onde veio para alojar-se na vida carnal para exercer etapas evolutivas, ficando destarte, à espera dos entes queridos encarnados para reatar os laços afetivos que jamais se rompem, porquanto, a verdadeira família, não é a que construímos por ocasião da convivência carnal, que vai ser desfeita pela morte, mas pelos laços familiares na vida espiritual, unidos pelo sentimento amoroso supremo do Criador, que nos reservou a continuidade do nosso viver afetivo na eterna pátria espiritual.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 17/11/2014
Código do texto: T5038478
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