REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA IDADE MÉDIA
Entre os séculos IX e XIII foram tantas as inovações técnicas introduzidas na Europa Ocidental que o historiador Jean Gimpel, entre outros, não hesita em falar de uma Revolução Industrial na Idade Média.
A energia utilizada na Antigüidade era, principalmente, o braço do escravo, auxiliado pela força de alguns animais, como o boi, o cavalo, o jumento e a mula. Ainda no mundo antigo, no século II a.C., foi introduzida a energia hidráulica, utilizada na moagem de grãos.
Na Idade Média, não só se aprimorou e diversificou o uso da força da água pela construção de represas e aplicação de energia hidráulica para movimentar serras e outras máquinas, como a ela se somou a energia eólia, com a invenção do moinho de vento, no século XII.
Notável foi a maneira como os medievais conseguiram aumentar a força motriz dos cavalos: enquanto na Antigüidade uma parelha não conseguia puxar uma carga de mais de 500 quilos, na Idade Média puxava até 6 toneladas.
Devemos à curiosidade do oficial de cavalaria Lefebvre de Noëttes a explicação de como foi possível multiplicar por 12 a força do cavalo. Segundo a teoria de Lefebvre, o mundo antigo nunca soube arrear corretamente o cavalo e contentava-se em adaptar a canga dos bois sem ver até que ponto isso era ineficaz: quando os cavalos se punham em marcha, as correias, fazendo pressão sobre a veia jugular e a traquéia, forçavam os animais a jogar a cabeça violentamente para trás, a fim de evitar um estrangulamento, segundo um movimento imortalizado pelas esculturas do Partenon. O próprio Lefebvre comprovou sua teoria: arreou os cavalos como nos monumentos gregos e romanos e verificou que os animais não conseguiam puxar uma carga de mais de 500 quilos.
A maneira correta de arreá-los consiste em colocar em seu pescoço uma coleira rígida que não dificulta a respiração.
Esse tipo de arreio foi introduzido no século IX, na mesma época em que o rendimento do cavalo foi ainda melhorado pela aplicação de ferraduras cravadas, em lugar das sandálias amarradas, usadas na Antigüidade.
A energia hípica tornou-se tão importante que a unidade de potência é denominada cavalo ( cavalo-vapor, símbolo CV; “ horse-power”, símbolo HP, ou simplesmente cavalo, como na expressão: um motor de 50 cavalos ).