O virus que muita gente tem (Minaçu, 26/05/2007)
Coube ao Cientista Russo Dmitri Ivanowsky (1892) o portento da descoberta do vírus. De lá pra cá, sobretudo a partir do ano de 1935, quando a ciência começou a isolar cristais de vírus para estudos, as descobertas de medicamentos e vacinas para aplacar os ataques destes seres infinitamente minúsculos, causadores de graves prejuízos à vida dos humanos, dos demais animais e vegetais, vem se sofisticando cada vez mais. O bichinho é danado e tem uma habilidade de se transmutar para ludibriar os medicamentos.
Mas um vírus cruel e que tem contribuído para que muitas vidas sejam prejudicadas e nações inteiras afundadas no abismo social, tem um nome fácil de pronunciar: CORRUPÇÃO. Um vírus sorrateiro, discreto e de aparecias bem nobres, pois aparece sempre de terno e gravata, as vezes com capacidade para falar duas ou mais línguas e assim por diante. Além, é claro, de um discurso de justificativa para sua fome voraz. Esse bichinho que pode virar um elefante é muito convincente.
E você que está lendo estas linhas? Será que não é portador desse vírus tão nefando? Interessante que o vírus da CORRUPÇÃO se alimenta dos cofres públicos, subtraindo o dinheiro que daria mais saúde às populações excluídas, mais escolaridade às nossas crianças e demais estudantes, mais vida e esperanças a tantas pessoas que necessitam de horizontes de realização.
O alimento da CORRUPÇÃO vem do bolso do contribuinte que consome e paga impostos, dos empresários que já andam extenuados com tantas taxas de impostos neste pais campeão não apenas no Vôlei e no Futebol, mas na cobrança de impostos que constituem uma imoralidade. Essa montanha de alimentos desperta fome no vírus.
Aí o vírus da CORRUPÇÃO começa a mordiscar o dinheiro público, abrindo verdadeiras sangrias que precisam ser estancadas com mais aumentos de impostos. Olha minha gente, esse vírus tem um estômago sem fundo, que nunca enche. Vocês podem acreditar, esse vírus não dorme e anda muito. Fica noite a dentro fazendo planos para se alimentar dos recursos que se destinam à saúde, educação, assistência social, enfim, ao progresso social. Há! Ele adora andar de avião, visitar as salas de políticos e pessoas dos chamados escalões. Bom, não se iluda meu caro leitor, o vírus anda também nas salas de certos juízes, certos desembargadores e se os ministros do supremo não fecharem as portas...
É bom lembrar que o vírus da CORRUPÇÃO sabe comer muito e sabe também comer pouco. Enfim, nunca enjeita comida. Não é de se estranhar que ele come dinheiro de pequenos projetos de pontes, de mata burros, de pequenas obras, come dinheiro de funcionários públicos que ganham um enorme salário e devolve até 75% para o(a) político(a) que está padecendo da infecção do danadinho do vírus e não se contenta com o robusto salário que ganha.
E o vírus da CORRUPÇÃO, por incrível que pareça, DEFECA e defeca em valores. O excremento do medonho pode ser notado no pagamento da universidade dos filhos das pessoas infectadas, nas casas lindas dos corruptos no litoral, nas andanças gratuitas a bordo de jatos dos propagadores do vírus, em apartamentos, contas fantasmas na Suíça e em outros paraísos fiscais, em fazendas, carros de luxo, vinhos caros e muitas outras mordomias. É muito excremento, bonito e colorido, às vezes esverdeados em dólares. Se fede? Não fede, pois usa o mais sofisticado perfume francês.
Você quer saber se já existe vacina. Sim, existe. Ela está dentro de você, na sua consciência. O primeiro a ser vacinado é você, se já não está infectado. Precisamos ser vacinados e bem vacinados, pois corrupção é o mesmo que perder a virgindade. Depois que se faz uma vez, para muitos é difícil parar. A vacina se chama: ilibação, honestidade, fidelidade, ser contente com o que possui e não invejar o que é dos outros, enfim, chama-se ética.
Quem pratica a CORRUPÇÃO pode ser feliz? Nem sempre, pois o “alheio chora o seu dono”. Mais cedo ou mais tarde tudo lhe será cobrado. O corrupto pode até ludibriar a justiça dos homens, mas não escapará da justiça de Javé, o Deus dos pobres que sempre “Ouve o clamor dos oprimidos” (Ex. 3).