A REPÚBLICA ESCATOLÓGICA DO BRASIL
JB Xavier
JB Xavier
Imagine Odorico Paraguaçu se candidatando à Presidência do Brasil. É possível que ele corrompesse quase tudo à sua volta para conseguir se eleger. QUASE! Esta é a diferença entre ele e Lula da Silva. Sob Paraguaçu ainda haveria alguns setores nos quais ele não mexeria, porque ao contrário do outro, ele não é burro. Ele não mexeria com os americanos, por exemplo, e Chaves, Morales, Castro e o iraniano imbecil não seriam seus amigos, certamente, mas meros joguetes em suas mãos hábeis de corrupto funcional – se é que esse termo existe. Se não existe, acabo de inventá-lo.
Nem mesmo outros corruptos, como Antonio Carlos Magalhães, Sarney ou Garotinho, nem mesmo megalômanos como Collor, Maluf e outros, foram tão longe quanto Lula, na escatologia estatal. Eles todos não são tão espertos quanto Lula, mas são muito mais inteligentes. Eles sempre deixaram pontes para um possível retorno de suas aventuras coronélicas, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Mas lula, certamente tencionando ser o Novo Lampião, pegou sua Maria Bonita loira e foi para o Planalto Central, desafiar o mundo, como fez seu imitador, o verdadeiro Lampião, em Angicos.
Para um coronel cabra da peste que pretende ser, Lula se esquece que a volante do Tenente Bezerra se multiplicou, e hoje cada uma delas espera a oportunidade de emboscar o cangaceiro new age em alguma curva de uma trilha qualquer do planeta.
De qualquer forma, por enquanto, Lula da Silva é o maior coronel do Brasil. Não há num horizonte de tempo de 50 anos passados, outro político que tenha ido tão longe nas práticas coronelísticas ainda vigentes nos grotões de alguns lugares do Brasil.
Obviamente que coronéis gostam de coronéis, e eis porque os mais covardes, ou menos ousados, se preferirem, cultuam Lula da Silva. Porque com Lula eles podem usufruir das benesses do coronelismo, sem riscos para seus próprios domínios, porque não dão a cara para bater. Isso é Lula que faz. Quando o ciclo Lula terminar, e dele nada mais restar senão duas cruzes sobre uma lápide, como as de Angico, esses “valentes” coronéis, do Maranhão a Alagoas, estarão prontos a apoiar o coronel seguinte, se existir. Se não, eles se recolhem a seus grotões e exercem seu domínio por lá até que o cenário nacional volte a ser propício para novas aventuras.
Mas, é sempre interessante ver como Lula se transformou num virtuose da batuta, conduzindo uma orquestra mambembe que compõe suas próprias partituras inverossímeis, ao elevar a corrupção ao estado da arte.
Comparados a Lula, cérebros até agora vistos como gênios na arte do engodo são meros principiantes, Coronéis temidos em seus estados são meros inspetores de quarteirão. De grandes especialistas da maracutaia, perto de Lula eles são agora meros amadores.
Entretanto, Lula da Silva espertamente usa um pouco de tudo o que de podre grudou nele ao longo de sua vida improdutiva e ociosa. Dos coronéis do Nordeste, onde nasceu, ele aprendeu que a popularidade só vem com a estima, e a estima só vem com admiração, e esta ele só conseguiria se mantivesse o povo com o estômago saciado. Isto, no Sul do país não é uma coisa muito fácil de conseguir, porque custaria muito caro, já que a mesa, por lá, é mais farta. Mas em seus grotões, uma mesa farta tem outro significado. Com uma pequena esmola mensal ele possibilitaria a “fartura” na mesa, e por conseqüência a admiração, a estima e a popularidade.
Na escala federal, Lampião foi contra o Sistema, mas Lula da Silva, ao contrário, subornou o sistema, e por permitir a todo mundo roubar, ninguém tem do que se queixar, e portanto são também seus admiradores e fãs.
E assim, o país voltou à República Velha, da qual ninguém tinha mais saudades e não havia nenhum historiador que apostasse em seu retorno.
O desespero é tanto para vencer essas eleições, que Lula da Silva esqueceu a elegância, o protocolo, as regras da democracia e foi aos palanques, como se fora ele o candidato, porque se ele tira a mão das costas de seu boneco de ventríloco, o boneco simplesmente não sabe mais o que dizer.
Lula hoje chama ao seu palanque, sem o menor constrangimento,Collor, Sarney, Jader Barbalho e centenas de outros, que antes criticava e ofendia.
Eles todos, mais toda a turma do mensalão, usam como latrina o Palácio do Planalto, e o monte de estrume em Brasília é gigantesco.
Não satisfeito, Lula da Silva se aproxima do monte de esterco com o gigantesco ventilador da sua própria reeleição, encarnada no boneco Dilma.
A turma do Mensalão já está quase toda na rua de novo e, com o apoio da tropa de coronéis grudados nele e da pouca disposição de seus adversários de enfrentá-lo, finalmente está instalada definitivamente a Republica Escatológica do Brasil.
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