EU CONHECI O EX-CAPITÃO LAMARCA...
Há tempos,década de 60, gostaria de dizer que também conheci o Capitão Lamarca...
Era naquela época, estagiário no 4º. Regimento de Infantaria “Raposo Tavares”,em Quitaúna,próximo de Osasco,onde permaneci por anos, como Oficial e saí em 1967, como 1º. Tenente/R2,até com honroso elogio em Boletim Interno pela boa atuação como sub-comandante da Companhia de Petrechos Pesados, do 1º. Batalhão,onde o Comandante era o Capital, Francisco Herrerias Richert, um carioca da “gema”.Não vou divulgar elogio,eis que odeio vitupérios. Mas vamos lá.
Depois que saí do Regimento, jamais vi o meu Capitão Richter,além de outros. Tenho saudades daquela época. Nunca o 4º. RI se prestou a promover qualquer ato arbitrário e ou violência contra pessoa alguma em razão de ideologias ou partidos políticos.Lá o bandeirante “Raposo Tavares” reunia os seus.Até hoje,há uma capela no meio da mata densa dentro do 4º. RI- patrimônio nacional.
Na época, o oficial Lamarca ,então,ainda era 1º. Tenente,mas já comandava a Companhia de Petrechos Pesados do 2º. Batalhão do mesmo 4º. Regimento de Infantaria. Na falta de um Capitão,que normalmente,exerce o comando de uma Companhia, mesmo como 1º. Tenente, Carlos Lamarca era o comandante efetivo. O 4º.RI era uma verdadeira cidade e os pavilhões eram relativamente distantes. Para se locomover- no interior da unidade- era através de veículos ou se falava via fone...Pouco se andava a pé,em razão das distâncias entre os pavilhões. Até aeroporto existia...
Um dia,com problemas, convidei o 1º. Tenente Lamarca para dar uma opinião técnica:
Nós dois tínhamos uma questão em ambas as unidades-gêmeas: a metralhadora Browning, refrigerada a água, não tinha carregadores bons e eficientes(modernos) em funcionamento,para eventual ação e combate imediato,eis que a Revolução/Golpe de 64 (entendam como achar do agrado e da conveniência de cada um...) já havia alguma preocupação com a guerrilha, sabotagens e a contra-revolução não estava “morta”...
Gentilmente,o 1º. Tenente Lamarca compareceu na sala das armas e expliquei o que ele já sabia...afirmando logo que, “aquilo não tinha jeito”, mas, mesmo assim deveria procurar a unidade próxima do “material bélico” para tentar resolver o problema da solda das agulhas de aço que empurravam a munição para dentro da fita carregadora. Sem esse processo, a metralhadora Browning não teria função alguma,eis que estaria sempre desmuniciada! Inúteis,pois as tentativas. Os carregadores estavam da sua e da minha Companhias imprestáveis,segundo afirmou... Foi atencioso,comigo.Foi embora.
Lá fui eu ao “material bélico” tentar recuperar a máquina remuniciadora para fazer funcionar –numa eventualidade- a velha metralhadora norte-americana... E, voltei até satisfeito,com o trabalho realizado. Entretanto, não adiantou,eis que na primeira tentativa de carregar a munição no “pente” as agulhas de aço se entortavam (inexorável) e nada de remuniciar...a metralhadora.
Contei isso ao 1º. Tenente Lamarca e respondeu simplesmente assim:
“Isso é uma merda,mesmo.Não tem jeito”.
Ele tinha razão!!
Ao longo tempo, no quartel, quando entrava como “Oficial de Dia” no Regimento, sempre estava ao meu lado, o competente sargento Darci,com quem tive bom relacionamento. Era meu sargenteante nas escalas...ou seja meu secretário,para o que “der ou vier”. Jamais tive problema algum com o sargento Darci, que para mim era excelente militar. Quieto e prestativo. Era aquele que se chama: o braço direito do Oficial de Dia.
Só depois,que saí do 4º. RI e trabalhando,como jornalista, na FOLHA DE S.PAULO, ao ler uma enorme convocação (Edital) do Exército ao então já Capitão Lamarca é que soube de sua deserção da unidade, com o meu,então, ex- sargenteante Darci. Jamais falou alguma palavra ou coisa,uma expressão para mim do que se tramava... Se, é que ao sair em 1967, já mesmo tramavam alguma coisa,dentro daquela unidade militar.Nada sei.
Passei por três coronéis comandantes: Roberto,Demóstenes e Lepiane. O que foi mais autêntico e profissional foi o coronel- paraquedista-Demóstenes,eis que Lepiane,embora educado e disciplinador não conseguiu ver qualquer movimento ou o ninho de víboras e as células ao seu redor,dentro da unidade militar.Faltou-lhe,infelizmente, melhor serviço de inteligência-(S-2). Queria porque queria a todo custo,de uma forma ou de outra sair “general”. Não saiu. Tudo em razão de deixar de observar com maior cautela o “terremoto” que ocorreu em seu comando.(A fuga com armas e viaturas do Capitão Lamarca,em plena luz do dia). Gostava o coronel Lepiane de “relações públicas”,-uma certa cortesía,boas amizades- chegando a receber colunistas sociais, como um abominável jornalista,Tavares de Miranda, puxa-saco dos militares,vitoriosos de 64 e da classe dominante,e socilaities,via publicações da FSP,onde também dizia ser: “Corneteiro José”.(sic). Lepiane recebeu também até o presidente da República,então general Costa e Silva,para um almoço,com numerosos convidados... Quartel deve ser sempre algo espartano...nada de frescuras e cortesias, para galgar promoções,embora estas não são ora questionadas, nem objetadas.Deu no que deu. Não se quer aqui deslustrar a figura do ilustre militar Lepiane...A verdade deve ser dita. Na linguagem militar: “abriu as guardas”. O Capitão Lamarca arruinou algumas carreiras no 4º. RI – certamente. É o que se imaginou.
OS FATOS.
Quase ninguém sabe exatamente como o ex-Capitão Lamarca tomou atitude tão tresloucada e inesperada. Não o apoio- já digo- por antecipação!
Foi na FOLHA DE S. PAULO, como jornalita, que soube: (só que não confirmo,eis que se tratou de sigilo,na época).
Um pintor “mequetrefe”-certamente, vagabundo,mal criado, nas proximidades de Quitaúna estava pintando de verde-oliva uma caminhão Mercedes Benz, furtado,bem num fundo de um quintal e que seria usado para o plano do então Capitão Lamarca. Este, morava,em frente ao 4º. RI na Vila Militar,junto com os demais oficiais com família e filhos. Mulher legítima...não a amante que a história conta mais tarde...
Crianças da vizinhanças foram até o pintor para ver o que este fazia e houve desentendimento entre vizinhos...Coisa e tal. Assunto de Polícia.
Mulheres foram dar queixa da Delegacia de Osasco e na ocasião,além de contarem que o pintor maltratou crianças... estava também pintando um caminhão Mercedes Bens com a cor verde-oliva- aquela do nosso EXÉRCITO ...
Como havia um acordo entre os quartéis da região- que são vários – que qualquer ocorrência envolvendo fato,coisa,soldado,assunto das FÔRÇAS ARMADAS deveriam ser comunicados pela autoridade de plantão da Polícia Civil à Guarnição do 4º. Regimento de Infantaria em Quitaúna,assim foi...Imediatamente, foram tomadas as primeiras providências,com a detenção do pintor para explicar o porquê da pintura de verde-oliva em veículo civil? Ainda furtado?
****Guarnição na linguagem militar é a unidade policial-investigativa e repressiva- da região que primeiro toma conhecimento de fato ocorrido com algo ligado ao EXÉRCITO ou aos seus integrantes...de qualquer grau ou patente.
O então Capitão Lamarca veio a saber desse fato e teve,de inopino, que desencadear o plano de assalto ao 4º. Regimento de Infantaria,em especial na sua própria 2ª. Companhia de Petrechos Pesados,onde encheu a carroceria desse caminhão “fajuto” de metralhadoras “FAL” e armas e fugiu,tomando rumo incerto e não sabido...dando início à operação “guerrilha”. Isso, para espanto geral de todos.
Ninguém esperava isso? O ex-Capitão Lamarca era,então considerado um oficial exemplar, sendo classificado,entre os colegas, como o primeiro Oficial de Tiro do Regimento, ou seja,aquele que atirava melhor que todos. Tinha sido incorporado anos atrás no Batalhão de Suez,quando o Brasil se fez representar perante à ONU,no Exterior, no Oriente Médio...tempos atrás.
**** Mais tarde se descobriu que o atentado no Quartel General do II o. Exército,onde morreu o soldado Kozel Filho, era soldado da sua companhia,exatamente da 2ª. Companhia de Petrechos Pesados do 2º Batalhão do 4º. RI -(Quitauna) ... É possível o comandante de uma Companhia atentar contra a vida de sua própria unidade e de seus soldados??
ESSA NÃO EX-CAPITÃO LAMARCA!!
Hoje é desertor, traidor, não se fala desse indigitado. Só que essa história deve ainda ser contada...Como qualquer outra...sem que com isso concordemos com LAMARCA:
TENHO DITO.
Há tempos,década de 60, gostaria de dizer que também conheci o Capitão Lamarca...
Era naquela época, estagiário no 4º. Regimento de Infantaria “Raposo Tavares”,em Quitaúna,próximo de Osasco,onde permaneci por anos, como Oficial e saí em 1967, como 1º. Tenente/R2,até com honroso elogio em Boletim Interno pela boa atuação como sub-comandante da Companhia de Petrechos Pesados, do 1º. Batalhão,onde o Comandante era o Capital, Francisco Herrerias Richert, um carioca da “gema”.Não vou divulgar elogio,eis que odeio vitupérios. Mas vamos lá.
Depois que saí do Regimento, jamais vi o meu Capitão Richter,além de outros. Tenho saudades daquela época. Nunca o 4º. RI se prestou a promover qualquer ato arbitrário e ou violência contra pessoa alguma em razão de ideologias ou partidos políticos.Lá o bandeirante “Raposo Tavares” reunia os seus.Até hoje,há uma capela no meio da mata densa dentro do 4º. RI- patrimônio nacional.
Na época, o oficial Lamarca ,então,ainda era 1º. Tenente,mas já comandava a Companhia de Petrechos Pesados do 2º. Batalhão do mesmo 4º. Regimento de Infantaria. Na falta de um Capitão,que normalmente,exerce o comando de uma Companhia, mesmo como 1º. Tenente, Carlos Lamarca era o comandante efetivo. O 4º.RI era uma verdadeira cidade e os pavilhões eram relativamente distantes. Para se locomover- no interior da unidade- era através de veículos ou se falava via fone...Pouco se andava a pé,em razão das distâncias entre os pavilhões. Até aeroporto existia...
Um dia,com problemas, convidei o 1º. Tenente Lamarca para dar uma opinião técnica:
Nós dois tínhamos uma questão em ambas as unidades-gêmeas: a metralhadora Browning, refrigerada a água, não tinha carregadores bons e eficientes(modernos) em funcionamento,para eventual ação e combate imediato,eis que a Revolução/Golpe de 64 (entendam como achar do agrado e da conveniência de cada um...) já havia alguma preocupação com a guerrilha, sabotagens e a contra-revolução não estava “morta”...
Gentilmente,o 1º. Tenente Lamarca compareceu na sala das armas e expliquei o que ele já sabia...afirmando logo que, “aquilo não tinha jeito”, mas, mesmo assim deveria procurar a unidade próxima do “material bélico” para tentar resolver o problema da solda das agulhas de aço que empurravam a munição para dentro da fita carregadora. Sem esse processo, a metralhadora Browning não teria função alguma,eis que estaria sempre desmuniciada! Inúteis,pois as tentativas. Os carregadores estavam da sua e da minha Companhias imprestáveis,segundo afirmou... Foi atencioso,comigo.Foi embora.
Lá fui eu ao “material bélico” tentar recuperar a máquina remuniciadora para fazer funcionar –numa eventualidade- a velha metralhadora norte-americana... E, voltei até satisfeito,com o trabalho realizado. Entretanto, não adiantou,eis que na primeira tentativa de carregar a munição no “pente” as agulhas de aço se entortavam (inexorável) e nada de remuniciar...a metralhadora.
Contei isso ao 1º. Tenente Lamarca e respondeu simplesmente assim:
“Isso é uma merda,mesmo.Não tem jeito”.
Ele tinha razão!!
Ao longo tempo, no quartel, quando entrava como “Oficial de Dia” no Regimento, sempre estava ao meu lado, o competente sargento Darci,com quem tive bom relacionamento. Era meu sargenteante nas escalas...ou seja meu secretário,para o que “der ou vier”. Jamais tive problema algum com o sargento Darci, que para mim era excelente militar. Quieto e prestativo. Era aquele que se chama: o braço direito do Oficial de Dia.
Só depois,que saí do 4º. RI e trabalhando,como jornalista, na FOLHA DE S.PAULO, ao ler uma enorme convocação (Edital) do Exército ao então já Capitão Lamarca é que soube de sua deserção da unidade, com o meu,então, ex- sargenteante Darci. Jamais falou alguma palavra ou coisa,uma expressão para mim do que se tramava... Se, é que ao sair em 1967, já mesmo tramavam alguma coisa,dentro daquela unidade militar.Nada sei.
Passei por três coronéis comandantes: Roberto,Demóstenes e Lepiane. O que foi mais autêntico e profissional foi o coronel- paraquedista-Demóstenes,eis que Lepiane,embora educado e disciplinador não conseguiu ver qualquer movimento ou o ninho de víboras e as células ao seu redor,dentro da unidade militar.Faltou-lhe,infelizmente, melhor serviço de inteligência-(S-2). Queria porque queria a todo custo,de uma forma ou de outra sair “general”. Não saiu. Tudo em razão de deixar de observar com maior cautela o “terremoto” que ocorreu em seu comando.(A fuga com armas e viaturas do Capitão Lamarca,em plena luz do dia). Gostava o coronel Lepiane de “relações públicas”,-uma certa cortesía,boas amizades- chegando a receber colunistas sociais, como um abominável jornalista,Tavares de Miranda, puxa-saco dos militares,vitoriosos de 64 e da classe dominante,e socilaities,via publicações da FSP,onde também dizia ser: “Corneteiro José”.(sic). Lepiane recebeu também até o presidente da República,então general Costa e Silva,para um almoço,com numerosos convidados... Quartel deve ser sempre algo espartano...nada de frescuras e cortesias, para galgar promoções,embora estas não são ora questionadas, nem objetadas.Deu no que deu. Não se quer aqui deslustrar a figura do ilustre militar Lepiane...A verdade deve ser dita. Na linguagem militar: “abriu as guardas”. O Capitão Lamarca arruinou algumas carreiras no 4º. RI – certamente. É o que se imaginou.
OS FATOS.
Quase ninguém sabe exatamente como o ex-Capitão Lamarca tomou atitude tão tresloucada e inesperada. Não o apoio- já digo- por antecipação!
Foi na FOLHA DE S. PAULO, como jornalita, que soube: (só que não confirmo,eis que se tratou de sigilo,na época).
Um pintor “mequetrefe”-certamente, vagabundo,mal criado, nas proximidades de Quitaúna estava pintando de verde-oliva uma caminhão Mercedes Benz, furtado,bem num fundo de um quintal e que seria usado para o plano do então Capitão Lamarca. Este, morava,em frente ao 4º. RI na Vila Militar,junto com os demais oficiais com família e filhos. Mulher legítima...não a amante que a história conta mais tarde...
Crianças da vizinhanças foram até o pintor para ver o que este fazia e houve desentendimento entre vizinhos...Coisa e tal. Assunto de Polícia.
Mulheres foram dar queixa da Delegacia de Osasco e na ocasião,além de contarem que o pintor maltratou crianças... estava também pintando um caminhão Mercedes Bens com a cor verde-oliva- aquela do nosso EXÉRCITO ...
Como havia um acordo entre os quartéis da região- que são vários – que qualquer ocorrência envolvendo fato,coisa,soldado,assunto das FÔRÇAS ARMADAS deveriam ser comunicados pela autoridade de plantão da Polícia Civil à Guarnição do 4º. Regimento de Infantaria em Quitaúna,assim foi...Imediatamente, foram tomadas as primeiras providências,com a detenção do pintor para explicar o porquê da pintura de verde-oliva em veículo civil? Ainda furtado?
****Guarnição na linguagem militar é a unidade policial-investigativa e repressiva- da região que primeiro toma conhecimento de fato ocorrido com algo ligado ao EXÉRCITO ou aos seus integrantes...de qualquer grau ou patente.
O então Capitão Lamarca veio a saber desse fato e teve,de inopino, que desencadear o plano de assalto ao 4º. Regimento de Infantaria,em especial na sua própria 2ª. Companhia de Petrechos Pesados,onde encheu a carroceria desse caminhão “fajuto” de metralhadoras “FAL” e armas e fugiu,tomando rumo incerto e não sabido...dando início à operação “guerrilha”. Isso, para espanto geral de todos.
Ninguém esperava isso? O ex-Capitão Lamarca era,então considerado um oficial exemplar, sendo classificado,entre os colegas, como o primeiro Oficial de Tiro do Regimento, ou seja,aquele que atirava melhor que todos. Tinha sido incorporado anos atrás no Batalhão de Suez,quando o Brasil se fez representar perante à ONU,no Exterior, no Oriente Médio...tempos atrás.
**** Mais tarde se descobriu que o atentado no Quartel General do II o. Exército,onde morreu o soldado Kozel Filho, era soldado da sua companhia,exatamente da 2ª. Companhia de Petrechos Pesados do 2º Batalhão do 4º. RI -(Quitauna) ... É possível o comandante de uma Companhia atentar contra a vida de sua própria unidade e de seus soldados??
ESSA NÃO EX-CAPITÃO LAMARCA!!
Hoje é desertor, traidor, não se fala desse indigitado. Só que essa história deve ainda ser contada...Como qualquer outra...sem que com isso concordemos com LAMARCA:
TENHO DITO.