NORDESTE E ELEIÇÕES - UM PARECER ÚNICO
Amigos e leitores, ofereço neste texto minha primeira e última manifestação mais extensa sobre eleições - o que já nem faz muito o meu estilo - mas é que o vídeo do link abaixo deste texto, junto de me emocionar, venceu minha resistência em fazer algumas considerações importantes!
Se puderem e quiserem, honrem a exposição de ideias com a leitura. É um pouco extensa, mas entendo que útil. E vejam o vídeo!
Não votei na Dilma! Mas isso agora, e aqui, é o de menos. Quero é fazer peso num aspecto importante dessa história toda, e vamos admitir, trata-se de aspecto, se bobear, mais importante do que os resultados de uma eleição sobre a qual, se o povo não souber agir com inteligência, no fim das contas dará tudo na mesma!
Jamais será admissível que um povo de um mesmo país - amigos, familiares, conhecidos - entrem em conflito de ódio uns pelos outros devido a um resultado de eleição. É tão despropositado quanto componentes de torcidas de futebol se matarem e se agredirem por causa de seu time. Não se ganha nada, e todos perdem, a não ser os jogadores e dirigentes, cujas vidas vão de vento em popa!
Não caiamos nesta armadilha!
Sou carioca, mas filha de pernambucana. Com muito orgulho! Meu avô veio de Pernambuco para o Rio na época da guerra, por consequência da situação de carestia, e não era por viver na miséria, não! Fora prefeito de uma pequena cidade por lá! Contexto diverso. E, de um certo ponto da minha vida em diante, portanto, comecei a viajar sem parar pela região e, hoje, conheço quase todo o nordeste.
Conheço bastante da sua cultura, da sua gente, das qualidades daquele povo e das regiões paradisíacas do nosso país. E meu pai, amigos, ao se aposentar, não aguentou mais o Rio de Janeiro - foi viver em Aracaju!
Sim, senhores! É o mais comum no nordeste, hoje em dia! Acusa-se agora, irrefletidamente, o nordeste da emigração em massa havida no passado, para São Paulo e outras regiões do sudeste, de um povo que vinha em busca de emprego e de melhores condições de vida, mas lhes pergunto, que condições melhores de vida? Trocaram o desemprego pelo inferno. Ajudaram a levantar cidades como a monumental São Paulo, mas da obra usufruíram apenas a raspa, em condições de sobrevivência indignas, habitando sarjetas destituídas dos seus direitos de dignidade mais básicos, ainda sem condições de saúde, de educação, e de trabalho dignos!
E era culpado, o povo do nordeste, por tais condições de vida?
Buscaram sem suspeitar, antes, uma arapuca!
E hoje, o povo supostamente senhor das melhores condições de vida foge aos montes para as regiões acolhedoras do nordeste, em busca de um outro tipo de qualidade de vida que de há muito, sem que percebêssemos, zerou por aqui!
Visito meu pai anualmente, e testemunho: os edifícios bonitos das orlas das capitais nordestinas estão enfestados de todo tipo de gente originada nos estados do sul e do sudeste, exatamente porque a alardeada condição melhor de vida, em busca da qual n'outros tempos nordestinos vieram sem imaginar a armadilha medonha na qual se metiam, simplesmente se evaporou, se é que nalgum tempo foi realidade!
Bolsa família? De fato, considero falho o modo como a política manipula com este benefício de maneira incompleta e insuficiente, jogando com a situação de carência de tudo, de grande parte do povo do nordeste do país, mas quero me ater, aqui, a reações INDIVIDUAIS!
Injusto acusar a população carente do nordeste da condição de dependência de um recurso disponibilizado habilmente pelo governo, admito, para angariar votos de cabresto em massa; porque por aqui, meus caros, no Rio de Janeiro maravilha, já fui testemunha ocular de inúmeros casos de espertalhões que falam em alto e bom som que fazem de filho investimento; que não trabalham, porque contam com o bolsa família.
Indolência, portanto, caros, não é questão de região nacional - é questão de má índole, ignorância e malandragem INDIVIDUAL - e isso existe aqui, como lá, com a agravante de que, em muitas regiões do nordeste árido - que eu visitei! -há, de fato, uma conjuntura de carência extrema, desprovida de toda alternativa que não seja o auxílio material imediato, enquanto que, por aqui, qual é nossa desculpa? Em cidades superpopulosas onde o subemprego e a informalidade profissional, de um modo ou de outro, asseguram o feijão com arroz de cada dia?
Vejam este vídeo, amigos! Inspirado, poético, mas também ácido como deve ser, porque nos alerta para o tamanho da cegueira de qualquer radicalismo nacional neste momento! E tirem conclusões próprias, desarmadas!
Para todo lado de nosso país há necessidades difíceis de serem resolvidas para a melhoria da sociedade; só que a maneira mais burra de se enfrentar os problemas, em qualquer tempo, será se engalfinhando em guerra desumana e idiota contra irmãos de idioma!
Lembrem-se sempre: neste país continental, miscigenado, nossos filhos, avós, tios, familiares, acham-se espalhados por todo o território nacional. A história do Brasil desenvolveu-se até aqui simbiótica, e não há como se dissecar isso forjando juízos de valor ressentidos, inexistentes; não existe, de fato, região do Brasil superior à outra, em nenhum sentido, porque, se mazelas há - individuais - essas prescindem de região!
Assim como qualidades! E, as qualidades, vale a pena ver de perto um dia para se falar com respeito e propriedade! Visitem o nordeste - e me digam depois se não tenho razão!
Pensar diferente é não honrar nem venerar nossa própria trajetória, e ofender de maneira impensada nossas próprias raízes familiares, que, de um jeito ou de outro, nunca se concentrarão numa cidade só!
Meu amor e solidariedade a todos os nordestinos!
Nordeste Independente - (Uma Resposta ao Preconceito)
Bráulio Bessa Uchoa
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