A NOSSA HERANÇA

Quando se comemora mais um “Dia das Crianças”, entre os presentes de última geração deveríamos também, fazer algumas reflexões. Que futuro estamos deixando de herança para os nossos pequeninos do planeta.

Os brasileiros que estiveram na China para a transmissão do jogo da seleção, ficaram estarrecidos com os níveis de poluição. Por quanto tempo ainda, os meninos e as meninas chinesas saberão que existe um céu azul acima da camada de pó cinza.

Os chineses estão deixando um débito em aberto. Que alguém no futuro será obrigado a quitar. É incrível como as últimas crises financeiras mundiais sufocando as economias, deixaram as preocupações com o meio ambiente em segundo plano. Será que os relatórios científicos têm menos credibilidade do que os financeiros?

Em outros lugares no planeta, especialmente no continente africano, é a fome e as doenças que dizimam sem piedade as crianças. Na TV, o ator Thiago Lacerda faz um apelo desesperado em nome dos “Médicos sem Fronteiras”, pedindo doações.

É fato que as imagens foram usadas para causar impacto e comoção, mas antes deveríamos nos envergonhar. E no lugar de usar as redes sociais para postar vídeos exaltando Dilma Rousseff ou Aécio Neves, melhor seria exaltar esses heróis anônimos, que não se importam de ficarem doentes, se for para alimentar ou curar alguém.

Desta vez, o Ebola ganhou maior destaque mundial porque a América e a Europa entraram no script. Contabilizadas as vítimas os números são alarmantes. Atrás dessas vítimas, existe outra tragédia. Silenciosa e cruel. São milhares de órfãos. Que no momento atual são rejeitados até pelos próprios parentes mais próximos.

Nós os brasileiros, também estamos carecendo de uma reflexão profunda. Que Brasil, e que futuro estamos deixando para nossas crianças. No seu discurso de apoio a Aécio Neves, Marina Silva disse: “O futuro está nas salas de aulas”.

Como discurso as palavras são bonitas. Emblemático é saber o tipo de salas de aulas que temos Brasil. Qual é a educação que nossas crianças estão recebendo. Estamos perdendo os nossos jovens para o crime cada vez mais cedo. De repente, o nosso futuro está com uma arma na mão. E passamos a mão na cabeça achando tudo normal.

Perigo maior é perder a nossa decência humana. Fiquei com nojo. Quase vomitei quando soube que o príncipe britânico George, ganhou de presente de aniversário um cortador de unhas de ouro, com lixa inclusa que custou 3,7 milhões de reais.

É quando perdemos a nossa capacidade de se indignar, que a luz de alerta da decência se acende. Muitas luzes estão acesas. Perder a nossa decência seria a pior das tragédias.