REFLEXÃO NA DOR
Quando a dor ou a preocupação de algo nos aflige e perante essa aflição, não temos nada para fazer a não ser aceitar a situação, dominando o medo e nos enchendo de coragem, que nem sabemos como e onde está,
é que acontece o processo de amadurecimento.
Claro que nesses acontecimentos, nosso espírito é burilado, temos que ralar muito, sofremos, choramos, nos acovardamos. Alguns desistem e entregam os pontos, outros, enfrentam e ganham a grande oportunidade de transformação.
Descobrimos a nossa força e a nossa vulnerabilidade. Descobrimos que não somos especiais, que somos falíveis e mortais. Descobrimos e vivenciamos a solidão. Somos solitários no sofrimento, pois ninguém, por mais que nos ame e queira pode tirar de nós esse sofrimento, que é só nosso. Às vezes, chegamos como dizem, no fundo do poço, e eu digo, às vezes chegamos ao fundo do poço e descobrimos que tem mais depois do fundo. E é na lama que começamos de fato a nos conhecer, pois é lá que encontramos com o nosso verdadeiro eu. E é lá que descobrimos a força e a coragem, pois descobrimos a nossa luz, a nossa essência, descobrimos o que temos de melhor E só e somente lá que ficamos solitariamente com Deus. E só depois de estarmos solitariamente com Deus, é que podemos ser solidários.
E nesse processo, já com a maturidade um pouco mais avançada, compreenderemos e conviveremos melhor com as pessoas. Existe nisso tudo uma mudança de valores muito grande, onde aquilo que era tão importante para nós passa a ser o que menos valorizamos e o que não valorizávamos passa a ter um sentido enorme.
Então, vivemos a vida com muita simplicidade, damos importância para as pequenas coisas, o nosso discernimento aumenta, percebemos que somos capazes de nos tornar sublimes para nós mesmos, caminhamos com passos mais firmes. Passamos a olhar as pessoas que estiveram do nosso lado, torcendo, compartilhando, e se envolvendo conosco, para sairmos da lama, com mais amor e carinho.
Será que o sofrimento bem vivido é que traz o aprendizado que nos torna mais humanos e solidários?
Será que temos que sofrer para atingir essa compreensão?
Será que seríamos capazes do "amor/respeito" sem sofrer?
Sandra Lúcia