CAPITALISMO DE CONSUMO
Quando lemos sobre o capitalismo, todos os enunciados do sistema econômico que domina a maioria dos países do mundo focam a palavra produção. Atualmente isso se tornou uma inverdade. Vivemos num capitalismo de consumo financiado.
O Brasil é um bom exemplo disso. Desde Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula, e agora com Dilma Rousseff, a produção foi esquecida. Quando as crises financeiras apareceram ou aparecem, a ordem é consumir.
Na última vez, quando a luz vermelha se acendeu com mais força, as regalias caíram todas no colo das montadoras de automóveis. Nunca antes na História deste país, se comprou tantos carros. O chato, é que não podemos morar dentro deles.
Mesmo que as pessoas não possuam poupança para consumir, inventou-se o hipnotismo dos financiamentos. Atrativos como um prato de feijão com arroz. A ilusão das parcelas a perder de vista. Mas, que sempre encontram os endereços dos devedores.
Então aparecem os gráficos. As estatísticas dos inadimplentes. Antes apenas os dados sobre as pessoas físicas eram mostrados. Agora apareceram números preocupantes sobre as empresas endividadas. Nenhum país cresce incentivando apenas o consumo.
Picos de consumo sempre têm data de validade. Não se compra três carros ou cinco geladeiras por ano. Com um agravante. O que foi comprado, depois precisa ser pago.
O primeiro mandato da presidente Dilma, termina com o fim da explosão do consumo. Que deixou endividados de norte a sul, E fez a inflação extrapolar o topo da meta.
E não vejo nenhum candidato atacando essa inversão do capitalismo. Ou, prometendo reaquecer a produção. Recuperar o nosso parque industrial sucateado. Reinventar a política econômica tão dependendo dos espirros de americanos, europeus e chineses.
É verdade também, que essa recuperação passa por uma mudança de mentalidade. Se a inflação existe, é porque alguém está lucrando com ela. E não sabemos até que ponto nossos empresários estão dispostos a produzir mais, distribuindo uma parte dos lucros.
Para isso seria necessário reverter um processo. E promover uma mudança radical no nosso sistema tributário. Outra nos gastos do governo. Hoje a mentalidade é produzir menos e vender mais caro. Quem estaria disposto a mudar a fórmula?
Um crescimento robusto e duradouro se faz com produção e empregos. Distribuição de renda, e não esmolas. É difícil acreditar que um Brasil assim, de mais brasileiros consumindo com finanças próprias, e menos brasileiros vivendo de “bolsas”, seja o sonho de consumo de qualquer presidente eleito. Os currais ficariam vazios.