Coitadinho de mim.
Você já notou o que há pelo ar? Note, há algo de novo ao seu redor. Não, não se trata de novidades na política, nem tão pouco de uma nova descoberta da ciência, também não é nenhuma visita ilustre de alguém famoso. Na verdade, o que há de novo já é tão velho que sequer o percebemos, que sequer notamos o quanto estamos envolvidos por sua essência.
O que há pelo ar é a velha sensação de que não há mais nada a fazer, do que reclamar, reclamar, reclamar. Estamos definitivamente insatisfeitos e assim, nos transformamos em vítimas humildes, esquivamo-nos das culpas e somos absolutamente solidários com o nosso ego que grita enlouquecido, coitadinho de mim.
Sem perceber, formamos uma corrente que traz como tônica, a impressão de que as coisas ruins só acontecem conosco, o que não é verdade. Trazemos de forma unânime e defendemos a nossa síndrome, como se fôssemos santos, mártires esquecidos, onde nosso frio é sempre maior que nosso agasalho. Inconscientemente, fazemos parte dos portadores da síndrome do coitadinho de mim.
Em qualquer situação, estamos prontos para nosso discurso, coitadinho de mim. No trabalho, coitadinho de mim. Na escola, coitadinho de mim. No lazer, coitadinho de mim. Na conversa com os amigos, coitadinho de mim. Não somos capazes mesmo de nada.
Se pararmos para pensar, veremos que em nosso redor há muito mais coitadinhos, do que gente. Transformamos nosso choro em um hábito deplorável. Desta forma, inevitavelmente, somos como verdadeiros poços de rancor, de onde se retira apenas muitos baldes de pesares.
Na verdade o que nos falta é pôr as mãos na massa. Abandonar, a velha poltrona e o controle remoto, arregaçar as mangas e ver que ainda há muito o se fazer. Na verdade o que nos falta, é descobrir o quanto ainda somos úteis aos outros e a nós mesmos. Pois ninguém nos fará melhores, há não ser nós mesmos. Ninguém pode tomar o nosso leme, nossa direção e nos conduzir para onde quer que seja, sem a nossa permissão.
Somos únicos e não somos coitadinhos coisa nenhuma. Somos fortes, somos capazes de listar todos os nossos problemas, somos capazes de removê-los. Precisamos apenas acreditar mais.
Amigo leitor, não há nada mais gratificante que um trabalho bem feito. Não há nada mais gratificante que um sorriso sincero. Não vamos nos agarrar ao velho sentimento, de sermos sempre menos que os outros. Vamos dar um basta ao coitadinho de mim e vamos viver mais felizes.
Reginaldo Cordoa, administrador de empresas e apaixonado pela vida.
Matão-sp, 18 de maio de 2007.