Inocência na embalagem do pecado!
Com aquele corpo de mulher, alta, bonita, peitinhos duros, olhos verdes e cabelos longos, tinha um rosto de criança. Era uma criança, de apenas onze anos, que não teve culpa da "boa e nutritiva" alimentação que os fast-foods oferecem, e os enlatados dos supermercados também. Uma inocência dentro de um pecado. Deveria ser respeitada pela inocência, mas o gênero humano entende mais de pecado!
Peca a agropecuária do país que oferece um bife de boi ao dobro do preço de um frango de granja, pecam os pais – será que pecam? – por nutrir a criança com salsichas de frango, que virou moda e são ricas em hormônios que fazem desenvolver o corpo feminino de uma criança. Nos garotos também há algumas precocidades, certamente menos visíveis e não tão atrativas aos olhares pecaminosos.
Ela, a menina mulher, de cabeça baixa, encabulada, pergunta ao pai o que é fazer amor? Embaraçado pela pergunta, ele primeiro pergunta a razão de tal pergunta. "É que um homem me perguntou se eu queria fazer amor! " Quase em pânico, mas tentando não transparecer o tudo que lhe passava na cabeça, o pai dissimula com uma resposta, fugindo do assunto: "Fazer amor, é praticar a caridade e ser bom para com o próximo. É ser bom! ". No momento estava tudo sob controle.
A sós com sua esposa, mãe de sua filha, aquele pai continuava com a cabeça a mil em pensamentos, e até vingança. Na conversa, os dois falam sobre roupas, ele defendendo que as roupas doravante devam ser ao estilo beata velha. Ela continua a dizer que o uso da mini-saia era moda, e exemplifica com a novela das Rebeldes, onde o que sobra é coxas adolescentes de fora para conquistar a audiência feminina.
Decididamente o pai já não sabe o que fazer, para não lhe atormentar a idéia de que a filha não possa vir a ser uma vítima de um tarado. Segui-la, para protegê-la, durante todo o dia, principalmente na ida e vinda da escola, era uma tarefa impossível, uma vez que tinha que trabalhar pelo pão de cada dia. Mas quando lhe sobrava tempo, estava ele, de olho distante, seguindo os passos da filha.
De longe, ia um dia qualquer a bonita e sensual menina, pelos caminhos que sempre percorria, e o pai, como uma coruja que gira o pescoço em um ângulo de até 270 graus, aumentando assim o seu campo visual, olhava, atento, para qualquer possível suspeito, quando, para sua surpresa, sua menina, criança, já estava caminhado para entrar em um carro. Ele grita: " Filha, filha, não!", ao tempo que o veículo sai de cena, cantando pneus.
Entre choros e afagos, ainda sem bem compreender a causa do pânico do pai, a menina explica: "Mas foi você, meu papa,i que disse que fazer amor era fazer caridade. O moço me pediu que fizesse uma caridade para ele. Eu ia fazer!" O pai chegou então à convicção que o mundo moderno nos exige mais coragem, a coragem de conversar com franqueza com os nossos filhos. E passou para a mãe a nobre tarefa de falar sobre sexo, sobre o perigo das ruas. Ela também tem o dever de preparar a criança mulher para sua primeira menstruação, primeiro beijos, sobre a idade de namoro etc... Creiam; os animais fazem isto, orientam suas crias!
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, DRT-398/BA, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia... É jornalista investigativo, escritor, poeta, e adepto do humor. Também conhecido como "Jornalista do Sertão. E-mail: seupedro@micks.com.br