Inclusão Digital na Bahia

Este texto pretende mostrar o quanto as políticas públicas quando realizadas em Salvador podem ser de grande importância na área das tecnologias e da inclusão sócio-digital de crianças, adolescentes e adultos, que por problemas sócio-econômicos não possuem acesso ao mundo tecnológico. É claro que será preciso de um apanhado geral da situação econômica do país para classificar se o combate a exclusão sócio- digital está ou não surtindo efeito sobre a população de salvador, pois é através da cidadania e da união das comunidades, que a população carente luta para chegar mais perto do conhecimento.

Projetos de cunho social estão sendo desenvolvidos para fomentar a curiosidade, despertar o interesse e fornecer novos conhecimentos. Será que se tem feito o bastante? Atinge mesmo a população? Está sendo vigorado da maneira posta no papel? Essas dúvidas e questionamentos darão base para a discussão aqui apresentada.

A inclusão digital, que hoje parece ser fruto de uma política pública, deve ter por obrigação uma destinação orçamentária que possa atender a população como cidadãos de uma sociedade egoísta e cruel, que só enxerga seu próprio umbigo, a fim de se promover a equiparação de oportunidades, já que todos independente de cor, raça ou nível social, são sim, seres humanos e por isso cidadãos.

Com a idéia de tornar acessível à informática e expandir os horizontes de pessoas necessitadas, o governo do Estado da Bahia introduziu o projeto de Inclusão sócio-digital, conhecido como “Identidade digital”. Através de uma poderosa ferramenta, que é a informática, o programa que caminha lentamente, tenta levar às pessoas a oportunidade de melhorar sua capacitação e achar uma vaga no mercado de trabalho. Segundo fontes da Assessoria geral de comunicação do governo (AGECOM) Apenas 4,61% dos quase 13 milhões de baianos têm acesso a computadores, quase um terço da taxa média nacional, que é de 10,29%. Salvador e Lauro de Freitas são os municípios Que possuem um número maior de pessoas inscritas no programa, chegando a porcentagem a ter 14,05%. Já nas cidades de América Dourada e Cairu são registrados os menores níveis de acesso a informática, com 0,02% e 0,05%.

Levando em consideração as condições sócio-econômicas da cidade de Salvador, é possível perceber como ela possui uma má distribuição de renda. Afinal em um país onde 11,4% entre as pessoas acima de 10 anos são analfabetas, fica quase impossível ter esperança de melhora em qualquer setor, principalmente quando se fala em inclusão, em oportunidade. A indignação por parte da população carente pode ser compreendida quando se olham dados da diferença social nas comunidades. É nesse momento que percebemos o quão frágil é o sistema governamental, que parece em determinados momentos não estar preocupado em provocar e anunciar mudanças às diversas áreas defasadas da sociedade.

A exclusão sócio-econômica desencadeia a exclusão sócio-digital, assim como a exclusão sócio-digital reafirma a exclusão sócio-econômica. A população em geral necessita de conhecimento, desenvolvimento, de políticas públicas que surtam efeito no seu cotidiano e que se possível melhore pelo menos um pouco a vida de cada um.

É preciso qualificar o profissional e aumentar a chamada inclusão, não somente em “aulinhas” sobre planilhas eletrônica ou programas de texto, mas fornecer a educação que a população precisa. Um computador sem acesso a internet, vira praticamente uma máquina de escrever ou uma diversão nas horas vagas, com os joguinhos de “paciência” e distração. Será mesmo isso que diminui a exclusão sócio- digital?

Claro que não. É necessário fornecer uma base sólida para que depois possam ser vistos os frutos por parte dessa população tão necessitada de conhecimento e de oportunidade. O termo analfabetismo digital já faz parte da nossa sociedade, do nosso “dicionário”. O computador com suas múltiplas formas é analogicamente comparado com a leitura e a escrita, que em hipótese alguma podem ser deixadas de lado.

É difícil acreditar que as comunidades carentes estão sendo beneficiadas com estes programas. Não acredito que com apenas 10 computadores em cada um dos 39 infocentros que estão em funcionamento nos bairros da cidade e com meia “horinha” de aula sejam suficientes para levar educação e informatização às pessoas que em sua maioria nunca tiveram contato com o mundo tecnológico, ou melhor, nunca mexeram em um computador. Sem falar que, em sua maioria os infocentros são administrados por voluntários, pois o governo apenas monta o infocentro, mas as contas, os monitores e como serão ministradas as aulas é por conta da comunidade e da boa vontade de pessoas que têm tempo e disposição em ajudar quem quer aprender. Sem contar que os cursos de informática tem a duração de 40h. Pelo amor de Deus, que gênio irá fazer com que uma pessoa que nunca tiveram acesso a um computador aprenda as funções básicas pelo menos em 40h? Não existe. E é por isso que não surte efeito, além do mais não existe certificado desses cursos, sendo assim não há como comprovar em uma entrevista de emprego, ou em outro lugar que ele foi feito.

Foram disponibilizadas pelo governo Estadual mais de R$25 milhões para a realização do projeto. Já são 370 infocentros instalados em 274 municípios da Bahia, com mais de 300 mil cadastrados no programa. Porém esse número preocupa, pois 10 computadores não seriam suficientes para uma comunidade onde quase todos querem aprender e estar em contato com o mundo da informática. Os infocentros são equipados com 10 computadores, mas nem todos possuem conexão com banda larga, a maioria deles são sim utilizados apenas como salas de “joguinhos” e passa tempo.

É necessário que existam e se façam valer as políticas públicas para que futuramente não aconteça como vem acontecendo com o analfabetismo, que ao invés de diminuir só tem crescido. Para que em mais alguns anos não se multiplique o número de analfabetos digitais, é imprescindível disponibilizar e incentivar o acesso ao conhecimento tecnológico é claro, de maneira que se veja resultados, pois é muito bonito ter a intenção, mas beleza não garante oportunidade e inclusão social a ninguém!!

É de extrema importância viabilizar o conhecimento gratuito para pessoas de baixa renda, pois a informática é muito mais do que um simples monitor, um mouse e um teclado, é ter acesso a um leque de informações, que por sua vez ajudam na compreensão e no processo de aprendizado de cada um.

Adriana Souza
Enviado por Adriana Souza em 22/05/2007
Código do texto: T496565