PERÍODO DE CIDADANIA

Período da Cidadania
Fernando Clímaco Santiago
(Postado por Zilda Santiago)

Foi em meio a um período de tenazes perseguições que o professor Rivail – Allan Kardec – organizou um estudo sobre a marcha do Espiritismo no mundo. O ano era o de 1863, quando ele publica na Revista Espírita a sua extraordinária visão de futuro a respeito da evolução do pensamento espírita e de sua influência na sociedade humana.

Kardec era, sem dúvida, um entusiasta da idéia espírita. Talvez por sua percepção quanto ao potencial de interferência da Doutrina na estrutura social. Não era a visão de um apaixonado, mas a noção quase matemática de que a medida que o homem conhece sua verdadeira natureza, compreendendo que todos temos a mesma origem e destinação, ocorre toda uma revalorização de sua estrutura moral e ética. Como disse Kardec, um verdadeiro golpe no egoísmo, visto pelos Espíritos superiores como o vício radical, que está na base de todas as quedas morais.

Este era o caminho. A Doutrina Espírita para alcançar os seus objetivos, precisaria interferir na sociedade. Contribuir para a construção de uma estrutura renovada, baseada, de forma concreta, nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. A meta não era a fundação de uma nova religião, mas apresentar ao homem um conhecimento novo, com sólidas bases racionais, para servir de lastro à transformação social tão sonhada.

O Codificador percebia o quanto este conhecimento poderia interferir nas instituições sociais e muitas vezes referiu-se a estas transformações, que ele esperava ocorresse em alguns anos. Foi, certamente, num destes momentos de profunda reflexão sobre o futuro do Espiritismo e diante dos muitos ataques que a Doutrina e seus seguidores vinham sofrendo, que Kardec elaborou este estudo sobre as diversas fases do pensamento espírita no mundo. Sintetiza esta evolução em seis fases ou períodos:

Período da Curiosidade

Período Filosófico

Período da Luta

Período Religioso

Período Intermediário

Período da Renovação Social

O foco do Período da Curiosidade, segundo Kardec, foram as mesas girantes, ou seja, os fenômenos mediúnicos. O interesse gerado pelo fenômeno, estimulou a pesquisa e a observação, fazendo surgir os primeiros estudos. O professor Rivail foi um dos homens que pesquisou o fenômeno na Europa, organizando sua pesquisa através de um método com bases científicas.

Em 1857, Kardec publica O Livro dos Espíritos, o marco inicial do Período Filosófico. O foco passa a ser a filosofia, o conhecimento revelado pelo mundo espiritual e deduzido pela observação humana. A partir daí “o Espiritismo tomou um caráter diferente” , afirma o próprio codificador; “foram entrevistos o objetivo e a importância, nele se hauriu a fé e a consolação, e a rapidez de seus progressos foi tal que nenhuma outra doutrina, filosófica ou religiosa, ofereceu igual exemplo”.

É exatamente a força da idéia espírita, que faz surgir os principais adversários do Espiritismo. Como Kardec gostava sempre de destacar, quanto maior a idéia, mais obstinados serão seus adversários. “(...) toda grande idéia não pode se estabelecer sem ferir interesses; é necessário que ela tome lugar, e as pessoas deslocadas não podem vê-la com bom olhar” . À medida que a idéia cresceu em propagação, diversos interesses viram-se gravemente “ameaçados” e, utilizando a expressão do próprio Kardec, “uma verdadeira cruzada foi dirigida contra ele”, começando o Período da Luta, cujo marco inicial foi o famoso auto-de-fé de Barcelona, de 9 de outubro de 1860.

Importante destacar o caráter destes ataques ao Espiritismo e seus seguidores, pois, a princípio, o Espiritismo tinha sido alvo da ironia e dos sarcasmos dos incrédulos que zombam das coisas que não compreendem, no entanto, a partir dali, afirma Kardec que “os ataques tomaram um caráter de violência estranha”; vieram os sermões coléricos, os anátemas e excomunhões, perseguições individuais e publicações não poucas vezes caluniosas. Muitas vezes os espíritas viram-se atacados em sua honra e na de seus familiares e foram surpreendidos por manobras envolvendo o nome da Doutrina, buscando relaciona-la à loucura, a poderes demoníacos e outras peripécias.

Kardec vivia este período de luta quando escreveu este estudo, publicado na Revista Espírita de dezembro de 1863. Certamente por isso, deteve-se mais nos comentários desta fase, inclusive acrescentando duas comunicações do espírito Erasto “A Guerra Surda” e “Os Conflitos”, nas quais os Espíritos advertem quanto ao momento difícil. Não obstante a importância deste estudo, – até porque a luta não terminou – nosso objetivo neste artigo é mais geral, não nos permitindo estender muito as considerações sobre ele.

Até aqui, Kardec comentava períodos que ele próprio vivera ou estava vivendo. A partir deste ponto seus comentários passam a ser feitos a partir de sua visão de futuro e, possivelmente por isso, não se estendeu muito sobre as características dos demais períodos, dedicando apenas um parágrafo para comentar os três subseqüentes:

“A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e conduzirá ao quarto período, que será o período religioso; depois virá o quinto, período intermediário, conseqüência natural do precedente, e que receberá mais tarde sua denominação característica. O sexto e último período será o da renovação social, que abrirá a era do século vinte. Nessa época, todos os obstáculos à nova ordem de coisas queridas por Deus, para a transformação da Terra, terão desaparecido; a geração que se levanta, imbuída de idéias novas será toda sua força, e preparará o caminho daquela que inaugurará o triunfo definitivo da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença pela prática da lei evangélica.” (KARDEC, 1863)

É notável a seqüência definida por Kardec, principalmente por sua capacidade de antevisão. Basta um lançar de vistas para a história do Movimento Espírita mundial e especialmente o Brasileiro (o maior país espírita do mundo), para identificarmos o surgimento do período religioso que ele previu. É uma pena que ele tenha escrito tão pouco sobre sua visão acerca deste momento, para compararmos com a realidade histórica e suas características.

É interessante, contudo, verificarmos que Kardec afirma que o período de lutas conduziria ao período religioso. Mas como isso se daria? Que tipos de conseqüências teria esta luta que desaguaria num Espiritismo religioso? Estas questões são muito importantes para compreendermos melhor esta fase e sua gênese.

É difícil alcançar exatamente o que Kardec queria dizer com isso, todavia, podemos fazer alguns raciocínios que não fujam da lógica e do bom senso, como era tão ao gosto do codificador e, com o auxílio dele mesmo, através de escritos complementares.

Chamo atenção, a princípio, dos seguintes trechos, ainda sobre o período de luta:

“Espíritas, sede-o, pois, sem inquietação, porque o resultado não é duvidoso; a luta é necessária, e o seu triunfo não será senão mais brilhante. No entanto, a luta será viva, e se, no conflito, houver algumas vítimas de sua fé, que elas disso se alegrem, como o fizeram os primeiros mártires cristãos, dos quais vários estão dentre vós para vos encorajar e vos dar o exemplo; que elas se lembrem destas palavras do Cristo: “Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (...) estremecei de alegria, porque uma grande recompensa vos está reservada nos céus; porque foi assim que perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” (Mt. VI, 10,11, 12) (KARDEC, 1863)

“O Espiritismo, até o presente, não achou senão um caminho fácil e quase florido, porque as injúrias e zombarias que vos foram dirigidas não tiveram nenhuma importância séria e mantiveram-se sem efeito, ao passo que doravante os ataques que forem dirigidos contra vós terão um caráter diferente: eis a chegar a hora em que Deus vai apelar a todos os devotamentos, em que vai julgar seus servidores fiéis para dar a cada um a parte que terá merecido. Não sereis martirizados corporalmente, como nos primeiros tempos da igreja, nem se levantarão fogueiras homicidas, como na idade média, mas vos torturarão moralmente; (...) se explorarão todas as fraquezas.” (ERASTO, 1863, A Guerra Surda)

Parece que podemos inferir destes trechos, que durante o período da luta foi bastante estimulado nos espíritas este sentimento eminentemente religioso. As comparações com os primeiros cristãos, o chamamento à resistência moral e as promessas de compensações, evocam habilmente um sentido novo para os agrupamentos espíritas, que precisariam agora fortalecer-se moralmente, estando cada vez mais unidos, para resistir aos ataques da calúnia e da vaidade.

As palavras de ordem passaram a ter profundo sentido moral-religioso, diferentemente do que ocorria nos períodos anteriores nos quais, parece, que buscava-se muito mais o pesquisador sério, o estudioso sincero, sem necessariamente passar pelo sentimento de um quase apóstolo. Coragem, perseverança, humildade, união, abnegação e devotamento eram os chamamentos da hora. O Espírito Erasto, na comunicação “A Guerra Surda”, chega a conclamar: “Coragem, pois, e perseverança, meus filhos! (...) o triunfo, e não mais o holocausto sangrento, se irradiará do Gólgota espírita.” Era o convite emocionado ao sacrifício da fidelidade, desafiando os espíritas de então, a uma dedicação a que ainda não tinham sido requisitados em nome da idéia nova.

Ao encontro deste sentimento, um outro fator veio somar-se para a consolidação do período religioso, que foi a publicação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (abril de 1864), ocorrida apenas três meses depois deste estudo realizado por Kardec.

Assim, à medida que o Espiritismo foi sendo conhecido por um maior número de pessoas que precisavam fortalecer-se na sua fé para prosseguir afirmando-se espíritas, e que o aspecto da vivência cristã foi colocado em foco, o Espiritismo, pouco a pouco, vai ganhando uma tonalidade diferente, a de nova crença, de nova religião e não apenas de ciência nova, de conhecimento novo.

É possível verificarmos esta realidade, quando vemos Kardec admitindo nos períodos iniciais as expressões espíritas-católicos e espíritas-protestantes, como perfeitamente cabíveis para expressar a condição de pessoas que eram estudiosas da Doutrina Espírita e continuavam freqüentando suas igrejas, ou mesmo situações onde, por exemplo, uma jovem lhe escreve agradecida por a Doutrina Espírita ter lhe ajudado a resgatar a fé que havia perdido em Deus e na religião após um grande sofrimento, e que após o estudo de “O Livro dos Espíritos”, voltara a freqüentar a sua igreja porque agora não duvidava mais.

Portanto, só após este período de intensas lutas e de combate ao Espiritismo é que parece ter surgido este sentimento de comunidade com o seguidor passando a declarar-se Espírita, quando se inquire sobre sua religião. Antes tínhamos católicos que se declaravam espíritas, protestantes que se diziam espíritas e pessoas sem religião que também eram espíritas. O Espiritismo permitia toda essa abrangência porque era eminentemente conhecimento. Nesse novo momento, todos aqueles (ou quase todos) passaram a ser da religião espírita. Embora o grupo tenha se fortalecido moralmente diante da luta e das dificuldades, reduziu-se a abrangência e o Espiritismo isolou-se, criando uma redoma em torno de si mesmo. Com uma linguagem toda particular e fechada como uma nova religião, o Espiritismo foi ficando, de certa forma, à margem da sociedade e sob fortíssimos preconceitos dos quais, em quase 150 anos não conseguimos nos livrar. Passou-se a acreditar que transformando cada espírita em uma pessoa que não faz o mal e que está ligada a alguma atividade assistencialista, transformaríamos a sociedade.

A realidade tem sido, no entanto, implacável. Kardec sonhava com o período da renovação social abrindo a era do século vinte. “Nessa época, todos os obstáculos à nova ordem de coisas queridas por Deus” teriam desaparecido. O século vinte expirou e parece que os obstáculos se multiplicaram. Teria errado o codificador? Talvez apenas o otimismo o tenha levado a antecipar demais os efeitos do pensamento espírita na sociedade, o que em nada diminui a sua lucidez quanto ao futuro do Espiritismo. O período religioso prolongou-se por todo século vinte, principalmente com o Movimento Espírita Brasileiro, excessivamente místico e absolutamente fechado para o intercâmbio com outros setores da sociedade.

Diante disso, a visão de Kardec parece cada vez mais clara, mais lógica, com um sentido histórico cada vez mais concreto. Diferente do que nos acostumamos a ouvir, a condição de um Espiritismo religioso não seria o ápice da evolução do pensamento espírita. Ele foi capaz de prever a necessidade do período religioso e percebeu que não seria nessa fase que o Espiritismo atingiria a condição de interferir significativamente na estrutura da sociedade, no sentido da ética, da justiça e da fraternidade. O período religioso daria lugar, segundo Kardec, a um quinto período que seria um período de transição entre este e o período de renovação social, caracterizado pela vivência da justiça e pela conquista da paz.

Mas que período intermediário é este? Foi o único que Kardec não nomeou, deixando para mais tarde dar-lhe uma denominação característica. Que elemento novo ele deveria trazer? O período filosófico legou-nos o conhecimento; do período de luta veio a experiência para a convivência com as diferenças e do período religioso, herdamos uma profundo sentimento ético inspirado nos ensinamentos de Jesus. Este quinto período deverá ser caracterizado por algo que consiga interligar todos estes elementos numa ação concreta dos homens a serviço do próprio homem.

Só o homem renovado poderá renovar a sociedade. Só homens justos organizarão uma sociedade justa. Só um homem ético constituirá uma sociedade ética e só um homem com profundo sentimento de espiritualidade, será capaz de sensibilizar-se diante da carência ou da dor alheia. Tudo isso parece muito claro, no entanto também é verdadeiro que só um homem realmente cidadão compromete-se com as ações de mudança.

Poderemos ter o sentimento de justiça e a percepção ética; poderemos até nos sensibilizar diante da dor e do sofrimento mas muitas vezes nada fazemos para promover as mudanças que sonhamos. Só a cidadania atua, participa, interfere nas estruturas sociais, organizando-se e fazendo-se ouvir. Não alcançaremos a renovação social só através de oração. Imagine se Gandhi tivesse ficado orando em casa para que a Inglaterra libertasse a Índia! Se Luther King ficasse apenas orando para vencer o preconceito e combater a violência contra os negros americanos! Um homem de bons sentimentos pode ser omisso com relação às necessidades de mudança e não se compromete. Um homem de bons sentimentos e cidadão, jamais se omite e comprometer-se é o sentido de sua vida!

Isto é verdadeiro também para os movimentos humanos. Só um movimento cidadão compromete-se com a mudança. Só um Espiritismo cidadão se comprometerá com a renovação social. E um Espiritismo cidadão precisa de um intenso intercâmbio com a sociedade e todos os seus setores. Sem isso, por favor, respondam:

Como poderemos esperar que o pensamento espírita interfira no Direito, contribuindo para códigos mais justos, que valorizem a vida e o ser humano?

Como contribuir com uma filosofia espírita da educação na prática educacional vigente na sociedade?

Como somar para uma visão mais ampla sobre a saúde, que englobe a visão de um homem integral?

Como colaborar com iniciativas que minimizem o problema dos milhões de seres humanos que vivem abaixo da linha de pobreza, em plena miséria?

Como oferecer possibilidades para minimizar o problema da violência?

Só com um Movimento Espírita cidadão, participando ativamente da dinâmica social, conseguiremos conferir ao Espiritismo “direitos de cidadania entre os conhecimentos humanos” , como sonhava Allan Kardec (O Livro dos Espíritos – Conclusão, tomo VIII) 1.

Por isso ousamos propor, que o quinto período, chamado por Kardec de intermediário porque seria o elo entre o período religioso e o período de renovação social, poderia ser denominado, com a licença do codificador, de PERÍODO DA CIDADANIA. E sob a influência do que vem ocorrendo em todo mundo, esta fase já começou. Principalmente desde as últimas décadas do século vinte, os ares de liberdade, democratização e cidadania têm soprado mundialmente e, naturalmente, o Movimento Espírita também tem sido bafejado por eles.

É fundamental avançarmos neste sentido, para que com espíritas mais cidadãos nossas instituições comecem a cumprir com o papel social que lhes cabe. As organizações espíritas (são cerca de 8.000 no Brasil) poderão transformar-se numa das maiores forças de transformação social do planeta, à medida que convertam-se em geradoras da verdadeira promoção humana, em todos os seus aspectos. Nesse sentido, evocamos alguns trechos do artigo “No Centro Espírita, A Recuperação do Homem” de Helena Maurício Craveiro Carvalho:

“Em que pese a legítima função restauradora do Centro Espírita, perante a qual o desesperado encontra guarida e recursos para o necessário equilíbrio, seu objetivo principal deveria ser o de mostrar aos seus freqüentadores a missão social de cada um na mecânica da existência, tomando posição como ser pensante e agente de decisões individuais e coletivas, capaz de transformar para melhor o mundo que o rodeia. (grifo nosso)

É preciso cuidar ainda que a citada evangelização (passada através principalmente das palestras nas reuniões públicas) não concorra para acomodar o homem em demasia à indiscutível Lei de Causa e Efeito, no que tange à expiação, como se esta fosse tão determinística que ao cidadão só lhe caiba abaixar o pescoço e ajustar melhor seu mecanismo. A observação nos leva a temer tais excessos, principalmente quando muitos se referem ao Centro Espírita como uma "casa de oração" (modismo recente aqui no Brasil) enfatizando subrepticiamente para a atitude habitual em outras religiões quanto a petitórios e similares... 2

A evangelização está exigindo de todos um cuidado maior: ao invés de transfundir no homem conformismo exagerado, é preciso que lhe confira a consciência de suas potencialidades...

Embora o sofrimento espalhe-se por toda parte, cabe ao cidadão lutar contra ele, sem revolta, mas procurando superá-lo porque tem energia e vontade para isso.

(Do livro Centros e Dirigentes Espíritas; edições USE)

O texto caracteriza muito bem a transição que o Movimento Espírita inicia a viver. Não apenas ajudar o homem a compreender as leis do mundo espiritual e suas conseqüências morais, mas, principalmente um homem capaz de mobilizar seus recursos internos para a transformação do mundo e da realidade que o cerca. Este é o foco do Período da Cidadania, que nos conduzirá, num trabalho de parceria que envolva toda a sociedade, ao Período da Renovação Social, quando, finalmente, poderemos dizer que o Reino de Deus também é deste mundo.

(1) Nota: Usamos a tradução de Herculano Pires (EME), na qual aparece a expressão “direitos de cidadania”. Na tradução de Guillon Ribeiro (FEB) a expressão foi traduzida como “direito de cidade”, o que nos parece um tanto sem sentido.

(2) Características muito claras do Período Religioso.

- Fernando Clímaco (PE) (Postado por Zilda Santiago)

Voltar