Afinal, que método usar?

Afinal, que método usar? - Orson Peter Carrara

Definição de parâmetros é importante na busca de soluções e caminhos a percorrer

A definição da palavra método, conforme o dicionário, é ordem que se segue na procura da verdade, no estudo de uma ciência, para alcançar um fim determinado; técnica, processo de ensino; maneira de proceder, entre outras. A própria definição, portanto, já indica um critério organizado para alcance de determinados fins. Qualquer planejamento de estudo ou trabalho definirá um método a ser seguido.

O tema é de nosso interesse imediato, considerando-se a necessidade e importância de organizarmos ou reorganizarmos nossas instituições, inspiradas e fundadas pelo ideal espírita, a fim de que correspondam na prática aos objetivos do Espiritismo.

Aliás, vale recordar: qual o objetivo principal do Espiritismo? O próprio Allan Kardec responde no artigo O que o Espiritismo ensina, publicado na Revista Espírita de agosto de 1865, quando afirma que “...O Espiritismo tende para a regeneração da Humanidade; este é o um fato adquirido. Ora, esta regeneração não podendo se operar senão pelo progresso moral, disto resulta que seu objetivo essencial, providencial, é a melhoria de cada um...”.

Entendido o objetivo essencial do Espiritismo, seria o caso de perguntar-se qual a missão ou objetivo do Centro Espírita, ou se quisermos generalizar, das instituições espíritas inspiradas pelo ideal espírita? A que se destina o funcionamento de tais instituições? Fica óbvio que tais instituições foram fundadas e funcionam para tornarem práticos, acessíveis e poderíamos dizer até populares, os meios de a própria Doutrina Espírita atingir seus objetivos essenciais. Representantes do Espiritismo, tais como instituições, devem honrar o adjetivo espírita que adotam, organizando-se com métodos que correspondam aos próprios objetivos.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec dedica um capítulo especial à questão com o título Do Método. É o capítulo III da citada obra, onde comenta sobre as diversas classes de materialistas e de adeptos, ponderando sobre a importância de se estabelecer um método de argumentação e mesmo de ensino para a exata compreensão da teoria espírita. E afirma que “... o melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos.(...)”

A afirmação de Kardec refere-se à necessidade do estudo prévio da teoria para entendimento amplo da realidade apresentada pela Revelação Espírita, em toda sua amplitude, desclassificando qualquer tipo de imprudência ou precipitação. E para prevenir e mesmo orientar o progresso do Espiritismo e seu movimento, através das décadas, o Codificador incluiu no mesmo O Livro dos Médiuns, capítulos específicos como o XXIX – Reuniões e Sociedades Espíritas e o XXX – Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Além do valioso texto Constituição do Espiritismo (subdividido em diversos capítulos), que foi publicado posteriormente em Obras Póstumas (publicada após a desencarnação do Codificador).

Ora, tais documentos atendem aos objetivos da presente matéria: como organizar nossas instituições? Que métodos utilizar?

Afinal, ao lado e até como conseqüência do ensino espírita propriamente dito, desdobram-se as demais atividades que, embora secundárias, adquirem caráter importante na educação e preparo dos adeptos, formando a consciência espírita. As instituições dedicam-se às tarefas de assistência espiritual e material, fomentam atividades de divulgação, participam do movimento espírita trocando experiências com outras instituições e não se excluem da integração com a própria sociedade onde estão instaladas.

Seria o caso de fazermos uma avaliação sobre o que já está sendo feito ou pensarmos na melhor maneira de organizar uma atividade nova. São questões básicas:

a) Como organizar uma tarefa de aplicação de passes?

b) Como conduzir uma reunião mediúnica?

c) Como organizar um curso de doutrina espírita, de maneira motivadora, envolvente, dinâmica?

d) E a tarefa de distribuição de sopa, alfabetização de adultos ou atendimento de gestantes?

e) E a edição de um boletim ou informativo interno, visando divulgar a doutrina e integrar seus trabalhadores?

f) Qual a melhor maneira de superar conflitos de relacionamento interno?

g) Podemos formar novos expositores?

h) E o ensino espírita para os jovens e crianças?

i) Para a educação mediúnica, que método utilizar?

j) A formação de liderança, a condução administrativa da instituição e mesmo a preparação de novos trabalhadores podemos discutir?

k) Há uma regra para as palestras?

l) Que livros divulgar?

m) E se temos um hospital, um orfanato, uma creche, um lar ou uma escola como departamento da instituição, que critérios utilizar?

n) Como conseguir recursos, vencer as dificuldades?

Notem os leitores que é uma lista imensa que pode receber inúmeros outros acréscimos, dos casos e casos da realidade de cada instituição e da própria amplitude da atividade espírita com detalhes específicos em razão mesmo da dinâmica espírita e da variedade de experiências possíveis.

Ao mesmo tempo, podemos notar ainda que cada pergunta acima enumerada abre outro leque de questionamentos e reflexões. Haverá sempre muitas dúvidas que cada grupo ou instituição vai levantar..

E as respostas surgirão naturalmente, se embasarmos nossas reflexões utilizando o critério espírita, o método mesmo apresentado por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, acima citado, e que repetimos aqui: “... o melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos. (...)”.

Ora, isso solicita o uso do raciocínio. Exige pensar, avaliar, ponderar, colher subsídios, analisar criteriosamente à luz da razão e do conhecimento espírita, é óbvio, para planejar com segurança o rumo das atividades.

Afinal, o que diz a Doutrina Espírita?

Estamos ou não comprometidos com o Espiritismo? Desejamos trazer inovações ou utilizar a proposta do Espiritismo? Já que tal proposta valoriza o ser humano e convida-o à melhora moral, as atividades de nossas instituições espíritas devem dirigir-se ao esclarecimento que evita os desastres morais, causas dos sofrimentos que tanto infelicitam a sociedade em todos os tempos.

E mais que a própria teoria, a vivência dessa proposta no ambiente onde a desenvolvamos.

Paralelamente a isto, outros questionamentos podem ser trazidos para debates – também visando o uso de um método - , auxiliando-nos a raciocinar no encontro de caminhos que nos ajudem a atingir aqueles objetivos propostos pela constituição do Espiritismo:

a) Como manter-me calmo diante de situações adversas?

b) Como conseguir equilíbrio interior?

c) Como conviver de maneira cristã?

d) Como melhorar a mim mesmo?

e) Como adquirir paciência, amar mais, confiar mais amplamente?

Estas e outras questões pertinentes devem ser levadas ao cotidiano de estudos em nossas instituições, pois nelas residem muitas vezes a causa de desencontros e quedas morais infelicitadoras. E a oportunidade de debates facilita o entendimento de tais temas à luz do Espiritismo.

Por isso, com todo empenho recomendamos aos leitores a leitura e estudo atento do artigo de autoria de Allan Kardec, constante da Revista Espírita de agosto de 1865 com o título O que o Espiritismo ensina. E ainda o livro Viagem Espírita em 1862, que constitui um valioso documento de orientação do próprio Codificador, dirigidas a grupos espíritas de sua época, mas de grande valor histórico, cultural e de orientação prática propriamente dita. Por outro lado, uma nova leitura do capítulo III de O Livro dos Médiuns e das indicações de Obras Póstumas completam um belo conjunto de orientações.

O fato final, porém, é que as dificuldades existem, mas a orientação também, bem mais abrangente.

Buscando a teoria, elaborada com o caráter revelador do Espiritismo, encontraremos as respostas que procuramos. Basta colocar cada coisa em seu lugar, com o devido embasamento fornecido pela própria Doutrina Espírita, onde estão presentes o amor, a disciplina, e o convite ao bem.

Orson
Enviado por Orson em 21/05/2007
Código do texto: T495275