Você quer um banco na praça?

Sou um operado do coração que tenho pressão estável, doze por oito ou treze por nove, que dizem ser resultado do meu constante estado de alegria. Isto me garante enfrentar emoções e até parecer com um frio soldado da Gestapo, exército de elite do austríaco Adolf Hitler, líder do PT (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores) da Alemanha.

É verdade que sou filho de alemães, mas que já estavam no Brasil, aqui chegando em 1912 e 1913, mamãe com dois anos e papai com nove, se conheceram longe de qualquer movimento de guerra. Se trago em mim alguma frieza a aprendi no calor carioca e derreti sob o sol do Sertão . Nasci no Rio de Janeiro há 59 anos e seis meses passados.

Mas hoje meu coração acelerou, chorei, pois me veio à visão que não passei nesta vida em vão. A história é longa, vem desde os meus dezoito anos quando já era voluntário para obras sociais. Se elas, as obras com seus gestores, foram sérias ou não, garanto que em mim não pesa nenhum arrependimento de ter pedido a fartura de alguns para entregar a miséria de outros.

Hoje, há poucos minutos, chego a minha casa com meu amor maior, com que vivo neste Sertão da Bahia há doze anos, e minhas duas filhas menores aqui nascidas, após termos ido ao teatro assistir a peça “Os Saltibancos”, uma concepção e texto de Chico Buarque de Holanda. Para elas é a primeira vez, eu já assisti este texto oito vezes.

O que me emocionou é que a produtora e diretora Yana Rocha, baiana que esteve no Rio de Janeiro cursando artes cênicas na “Casa de Artes Laranjeiras”, no bairro do mesmo nome, tando também participado do Stúdio Escola de Atores do Rio de Janeiro, já dirigiu e atuou em dois textos de minha autoria: “O Banco Naquela Praça” e “Com Ciência Sertaneja”.

Os dois textos de minha autoria dizem de resistência, de liberdade, de luta, de conquistas, pequenas conquistas, mas conquistas! O grande Chico Buarque, como “Os Saltibancos” mostra este caminho, a da luta pela liberdade. Dizem que é um texto infantil; nego a concordar, para mim é um texto adulto que traz uma mensagem para os grandinhos e alegria para os baixinhos. Uma lição!

Emocionou-me ver os cartazes dos meus dois textos, entre outros, sendo ali mostrados e pessoa que não sabiam com as caras de surpresa. Foi Seu Pedro que escreveu? Teve quem dissesse que assistiu o “Banco...” e não sabia que o texto era meu. Isso não me importa muito, que saiam ou não se a mensagem que tentei passar tenha sido aproveitada de alguma forma.

Estou adaptando o “Banco Naquela Praça” para uma possível apresentação no Rio de Janeiro, se acontecer não sei se iria ou não a estréia, não por medo de minha Cidade Maravilhosa, mas porque o escritor costuma ser o segundo plano. É igual música popular, todos sabem que canta, mas raramente sabem que é o compositor.

A base do texto do “Banco...” é simples: - Toda cidade tem uma praça, toda praça um banco, todo banco tem um “dono”, muitos são “loucos”. Eu sou louco para ter um banco! O banco é local de fuga que mais prende as pessoas com suas conversas de jogar fora, e outras que ali se enraízam. E ai o prefeito (personagem) resolve acabar com a praça para ali implantar o trecho de uma avenida, “que vai nos trazer progresso”, diz. Mas o tratorista, com uma visão maior que a do político pergunta: “E as raízes? Como posso remover as raízes?”

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(*) Seu Pedro – Pedro Diedrichs - é jornalista, escritor, poeta e voluntário da APAE na Semana do Excepcional, e sabe que algumas raízes não são simplesmente arrancadas por tratores, e sabe mais; Aqueles que muitas das vezes nos parecem “loucos” nos trazem razões que as próprias razões desconhecem, como diz o poeta!

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