UMA LUCY SEM DIAMANTES
Coincidência entre elas apenas o nome. No tempo e no espaço, elas estão separadas por 3,2 bilhões de anos. A evolução inteira. Os ossos de uma foram descobertos em Hadar, na Etiópia em 1974. A outra é uma personagem de ficção. O esqueleto de uma está exposto num museu. A outra emprestou a pele de Scarlett Johansson para viver.
As duas aparecem no filme. Você ficará sabendo disso só no final. Ou agora porque contei. A cena é quase uma imitação de Stanley Kubrick, em “2001 Uma Odisseia no Espaço”. Eu diria que, enquanto Kubrick inovou, o diretor de Lucy copiou.
A ideia de usar drogas industriais para ativar os neurônios da inteligência humana na ficção não é nova. Quem não se lembra de Eddie Morra. O escritor fracassado do filme “Sem Limites”. Depois de engolir algumas pílulas azuis, ele se transforma em gênio. Não só na literatura. Até Wall Street se ajoelha aos seus pés.
Quando Lucy, nem um pouco convencida, mais obrigada a entrar naquele prédio carregando uma pasta ela tinha um destino. Seria uma “mula” com um pacote de drogas na barriga. E não é que a cor da droga também era azul. Se você toma remédio da cor azul, é bom ficar atento. De repente a genialidade pode chegar.
E como diz o ditado, às vezes, o destino muda. Depois de levar socos e pontapés de alguns brutamontes, que queriam usar a beleza de Lucy para outros fins, o seu corpo começa absorver a droga. Estimulando gradativamente a sua inteligência.
Enquanto um mundo novo e desconhecido se abre para Lucy, o professor Norman, vivido por Morgan Freeman, é o cientista que palestra sobre as possibilidades da inteligência. Que ainda estamos limitados ao uso de apenas 10%. Que os golfinhos usam 20%. Eles são os seres mais inteligentes do planeta. Coisas de teorias.
Como ninguém sabe o que poderá acontecer com os Seres Humanos a partir dos 10%, o filme da metade para o fim se perde. Sai do rumo. Eu diria que fica ficção demais. E é necessário um pouco mais do que 10% de inteligência para entender.
À medida que Lucy vai ganhando capacidade de usar cada vez mais a sua inteligência, perigosamente vai perdendo os sentimentos humanos. Ou talvez, seja essa a barreira que devemos ultrapassar para nos tornamos “seres divinos” e salvar a raça.
Absorvendo toda a droga que ajudou a polícia recuperar, Lucy ultrapassa esse limite. O 100% acontece quando uma bala vai atingir a sua cabeça. Então... Assistam o filme!
O encontro das Lucy é breve e nem um pouco emocionante. Um toque de dedo com dedo, e todo o conhecimento se transfere para a primata. No fim ficam as perguntas: E por que o uso de drogas é necessário? A nossa inteligência precisa ser escrava delas?