Quem é o nosso maior inimigo?
Quando alguém nos faz um mal, intencionalmente ou não, muitas vezes somos implacáveis com esse alguém. No mínimo, mostramos o cenho.
Em muitas situações, quando isso acontece, proferimos impropérios, somos ríspidos, amaldiçoamos, ofendemos. Alguns mais exaltados e incontidos, chegam ao embate físico, à lesão corporal e ao assassinato.
Há em nós a falsa impressão de que, se o outro não nos fizer mal, nossa vida será uma maravilha, pois o mal chega até nós única e exclusivamente pela ação ou omissão do outro.
Nessa concepção, todo o mal porque passamos tem origem no outro e apenas nele.
Pode parecer absurdo mas ninguém, ninguém mesmo, provoca mais males a nós, que nós mesmos e pior ainda: nós o fazemos durante toda a nossa existência.
Não concorda?
Então vejamos:
Nossas ações, nossas omissões, nossos costumes, o que falamos, o que pensamos, os nossos excessos, as nossas faltas, os nossos temores, os nossos destemores, etc., isso é o que nos moldam, por dentro e por fora.
Somos nós mesmos que nos fazemos assim como somos, não os outros.
E de que forma causamos tanto mal a nós mesmos?
Quando não saudamos alegremente cada dia que se inicia, quando não somos gratos por tudo que temos, quando focamos somente o negativo, quando preferimos viver amargurados, quando negamos o perdão, quando não perdoamos a nós mesmos, quando ingerimos alimentos inadequados, quando os ingerimos em quantidade insuficiente ou em excesso, quando nos permitimos o vício, quando passamos por problemas de saúde e não procuramos um médico ou, quando procuramos, não seguimos as suas recomendações, quando não nos empenhamos em alguma atividade, quando faltamos com a verdade, quando somos egoístas, quando não assumimos os próprios erros, quando nos ocupamos da vida dos outros, quando invejamos o outro, quando passamos o dia a reclamar, quando vamos dormir com pendências etc., etc.
As consequências disso são mais devastadoras que qualquer mal que, pontualmente alguém nos faça.
Talvez a argumentação acima não seja suficiente para convencer a quem quer que seja, ou mesmo, que não faça o menor sentido. Porém, quanto a mim, prefiro acreditar que é melhor que eu mantenha a minha vidraça sempre limpa a incorrer no risco de achar que é a roupa do vizinho estendida no varal, que está suja.