Nietzsche, Foucault e Spinoza, na Busca pela Vontade e de Ser Humano.
Vou dizer umas palavras aqui. Pessoal às vezes confunde "esquerda" com qualquer opinião "liberal". Falo isso porque sei de pessoas que participaram de movimentos de esquerda ativamente na época da ditadura, e ser de esquerda não era ser nada liberal (tome aqui "liberal" como ser a favor do aborto, do movimento gay, do feminismo, etc.). Podem acreditar.
É como se uma coisa fosse intrinsecamente atrelada a outra. Me faz também pensar em Foucault e Nietzsche, dois autores que não li (mas vou ter de ler algo em breve) mas que de algum jeito, parecem ter mexido e muito com a sociedade. Toda vez que vejo falar do primeiro, penso em coisas que concordo, de argumentos interessantes como o "uso do poder de algum cargo/ uso de palavras" para ditar regras sociais. Psicólogos, médicos e psiquiatras que pareciam ter encontrado a desordem em meio a sociedade e apontavam o dedo.
O segundo sempre que ouço falar, parece que estou vendo um "positivismo poético". Não me dói nada falar isso. Sabe, coisas como o avanço do homem graças à ciência, a substituição de algo metafísico pelo "superhomem" que, ao menos pelo que me dizem, parece ser uma humanidade apta para caminhar com os próprios pés.
E as questões óbvias da "filosofia da filosofia" que ele gostava tando de fazer (esse li eu mesmo alguns trechos) como apontar o medo de viver a vida e a ultra-racionalização da mesma, que alguns filósofos anteriores pareciam oferecer (concordo a posição dele perante Sócrates; discordo das colocações dele perante Kant). E na boa? Eu vejo muito de Feuerbach quando leio o "sensualismo filosófico" das coisas de Nietzsche.
Sobre o "superhomem", sempre lembro da religião positivista que sabiamente Comte notou -- o homem sente este vazio, esta falta simbólica e imagética, e dizer que "adorar os feitos dos grandes homens" no fundo, no fundo, é tentar ser um superhomem, certo Nietzche?
Outro ponto que eu sempre quis falar sobre esses dois autores, é a questão da Vontade, e a questão da "potência de agir", em Spinoza. Spinoza nos diz que todo ser "tende a lutar para continuar existindo", e que para tanto, ele busca Àquilo que aumente sua "potência de agir", o que muitos traduzem como "Cognatos".
Nietzsche (porque eu li este trecho) nos fala da "vontade de poder" que faz o homem lutar pelo o que acha que pertence a ele, e manda o outro "se danar". Foucalt, pelo que me contam, como bom Nietzscheano também segue a tal "vontade de poder" e vai montar toda uma questão política ao redor, aonde nós sempre buscamos e lutamos pelo poder sobre o outro, a todo custo. No fundo, no fundo, são idênticos.
Mas para a questão importante em Spinoza, é que ele nos diz que "Buscamos essa potência de agir", mas que como seres conscientes, somente agimos quando estamos, ou melhor, quando somos aquilo que somos. Para Spinoza, quando somos "em Deus", no Todo, é somente aí que agimos de fato. Posso dizer que "Agimos quando somos realmente humanos em todo nosso potencial, quando somos aquilo que de fato somos -- seres conscientes, seres humanos em sua totalidade".
Rindo eu continuo falando que "É como se Nietzsche 'esquecesse' propositalmente toda a continuação do argumento Spinozano para falar de uma das questões mais intrínsecas do ser humano: a disputa".
Mas "ser mais intrínseco" não é totalmente o "si", ou seja, ser humano não é essencialmente ser ferrenhamente uma fera em busca de tudo para se saciar, e só se sentir satisfeito quando pode "pisar em alguém" -- também não acho que o próprio Nietzsche vá dizer isso nos seus outros livros, argumentar somente desta forma; senão não veria tão bons amigos considerá-lo como um bom interprete da vida humana. Contudo pelos trechos que li, o argumento é "por ai".
Continuando... Ser humano é também ser bondoso, complacente, paciente, ou melhor, "Ciente de suas possibilidades e impossibilidades". Quando olho para Spinoza vejo mais o ser humano. Veja bem, Quando EU olho para Spinoza. Não sei vocês aí, do outro lado, rs.