Hospital Estadual Alberto Torres (1). Carta Aberta para o Dr. Charbel Khouri Duarte

AnteSCriptum

Amigos leitores,

Peço-lhes desculpas pelo atraso. Deveria ter postado este meu artigo até ontem. Conto, no entanto com a compreensão de todos, pois tive que fazer pesquisas que demoraram mais do que supunha – o que, aliadas a outros afazeres, tomou-me todo o tempo disponível.

Este artigo narra objetivamente o q ocorreu no hospital cujo nome se encontra no título do mesmo. Pergunto-me quantas mais pessoas não passam por situações semelhantes, mas não têm como reclamar?

Aguardo ainda a resposta da Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro…

Penso que é dever de todos usar nossas possibilidades para ajudar quem necessite… Exercer digna e humanamente a cidadania… JAMAIS calar quando sabemos de fato semelhante… Assim atuaremos, cada um em seu círculo de ação, a favor dos que mais precisam… Assim, nossos agires, serão como pedras lançadas à um lago: formarão círculos concêntricos e, quantas mais forem lançadas, acabarão se interconectando e, aos poucos, o município, o estado, o país e, quiçá o proprio mundo, poderá transformar-se em um lugar melhor para se viver…

Peço-lhes repassem, republiquem, postem em seus blogs, se de acordo. A melhor ‘propaganda’, não é a que se vê na televisão, ou nos meios de comunicação em geral, mas o serviço que o Estado, em seus diversos níveis, presta.

MC

Uma excelente semana pra todos.

Que Deus lhes abençoe!

Amorosamente,

Mirna C.

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Exmo. Sr. Dr.

CHARBEL KHOURI DUARTE

Diretor do Hospital Estadual Alberto Torres

Ref.: Ouvidoria SES do Estado do Rio de Janeiro

Protocolo 1141924

Prezado dr.

Quero imaginar VS. desconheça o fato que passo a relatar e tome as providências que se fizerem necessárias como administrador, no sentido de que toda e qualquer pessoa que busque atendimento no Alberto Torres, realmente o receba e não mais ocorra o inaceitável episódio como o do cidadão mencionado nesta Carta Aberta.

São Gonçalo é um dos maiores municipios do estado e sua população ultrapassa em muito o milhão de habitantes. Assim, imagino o número elevado de pessoas que o procuram quando necessitam. Esse Hospital Geral é (ou era) considerado o melhor do Rio de Janeiro, consoante uma entrevista de 2010 que assisti do então ex- Secretário de Saúde do Estado (exonerado no início deste ano) no programa da Cidinha Campos. (2)

Porém, causa-me espanto saber que um Hospital Geral não tenha (ou não tinha), nos dias 05 e 06 de Agosto deste ano de 2014 em suas dependências, um cardiologista, pois consta no site do CNES, haver “Serviço de Atenção Cardiovascular/Cardiologia“ (http://cnes.datasus.gov.br/Exibe_Ficha_Estabelecimento.asp?VCo_Unidade=3304902298031) … Aliás, foge-me à compreensão ‘como‘ um hospital desse porte careça de cardiologistas em seus quadros. Escrevi no plural pois, por óbvio, um só profissional dessa especialidade não seria capaz de suprir todas as demandas

Informo-lhe que soube deste caso concreto, por ser o doente cunhado de uma amiga que presta serviços em minha residência e contou-me de sua preocupação. Considerando o agravamento de seu estado de saúde (é cardíaco) senti-me no dever de contatar a Ouvidoria da Secretaria de Saúde do Estado, tendo gerado o protocolo acima referenciado.

Senhor diretor,

Li sobre sua atuação profissional e escrevo-lhe com o objetivo de não só tentar colaborar com sua administração, como – e principalmente – para que evite se repita com outras pessoas, o que ocorreu com o senhor AURELINO da COSTA MARINS.

Sou advogada, mas estou a agir como simples cidadã, cônscia dos Direitos de uns e dos respectivos deveres de outros… Sabe muito bem VSª que o Direito à Saúde é garantido a todos e incumbe ao Estado o dever de prestá-lo de forma satisfatória, conforme determinativa expressa do artigo 196 da Constituição da República, que não tem, ressalte-se, caráter meramente programático.

Portanto, em sã consciência, não se pode aceitar calada o desrespeito não só à Constituição como, acima e além, à própria vida humana – ‘vida‘ esta, que os médicos juram proteger quando colam grau…

Passo agora a narrar o que ocorreu de forma sucinta.

AURELINO da COSTA MARINS, marceneiro, residente e domiciliado no Jardim Catarina, São Gonçalo, RJ, sofre de Miocardiopatia hipertrófica e foi buscar atendimento no hospital que VSª dirige, por indicação de seu cardiologista particular, pois consoante este lhe dissera, ‘os pesados medicamentos que toma não estavam mais fazendo efeito desejado, tendo se tornado necessário ministrá-los por via intravenosa‘.

Assim, por ser mais perto de onde mora, foi o doente em questão levado por familiares ao HOSPITAL ESTADUAL ALBERTO TORRES GERAL de SAO GONCALO no dia 05 de Agosto, terça-feira à tarde, pois estava com muita dificuldade para respirar. Colocaram-no no balão de oxigênio, do qual foi retirado no dia seguinte (06 de agosto, quarta-feira) e deram-lhe ‘alta‘ com a suposta e inaceitável ‘justificativa‘ de que ‘não havia cardiologista‘ !

Pessoa humilde, sequer teve condições de argumentar (como, aliás, a maioria de nosso sofrido povo…) Levado de volta à casa por membros de sua família, passou a noite muito mal, sem dormir, pois a falta de ar lhe impedia de fazê-lo. Estava exaurido, quase sem poder falar… Assim, dia 08 de de agosto, já com os pés e pernas bastante inchados – e respirando com dificuldade crescente, foi ele levado por seus familiares – desta vez para o Hospital de Itaboraí, no qual, ao chegar, foi imediatamente recebido e tratado por um cardiologista. Consoante o mesmo, sua situação era crítica e lá foi mantido por dois ou três dias até seu quadro estabilizar-se – o que ocorreu, pois atendido com o protocolo adequado; aliás, como deveria tê-lo sido no hospital sob sua direção, dr. Khoury.

Senhor, não estudei medicina, mas claro está que houve no mínimo, imprudência – e mesmo negligência por parte – em última análise – do seu hospital, cujo funcionário médico (o que seja), simplesmente deu-lhe alta, dizendo que nada poderia fazer mais por ele, pois lá ‘não havia cardiologista‘, indicando-lhe voltasse para sua casa…

Ora, “enquanto há vida há esperança“, diz o anexim. Quem exerce a Medicina, uma das mais nobres e importantes profissões – pois lida com o ser humano, no que este tem de mais precioso materialmente: sua saúde, tem que possuir profundo senso de humanidade. Exercer a Medicina pode ser mesmo considerado o exercício de um sacerdócio.

Consoante se depreende do acima exposto, o Sr. AURELINO da COSTA MARINS não voltará ao Hospital Alberto Torres (não pelo motivo pelo qual lá esteve, pelo menos…) mas eu lhe escrevo mesmo assim, para que, reforço, (sem receio algum de tornar-me repetitiva), como administrador de um hospital classificado como ‘GERAL’, VS. tome as providências cabíveis para que outras pessoas não venham a passar pela situação tristemente constrangedora, até desesperadora na qual se encontrou o senhor AURELINO que, não tivesse sido pela pronta ação de sua esposa e seu filho, poderia até mesmo ter-lhe levado à óbito.

Sim, sabe-se: sua doença é grave e dela ele tem tratado com o devido cuidado… Mas tirar-lhe do balão de oxigênio, dar-lhe ‘alta‘ e enviá-lo para casa, foi desumano e não se coaduna com o comportamento que um verdadeiro médico deve ter.

Sem mais para o momento,

Subscrevo-me atenciosamente,

Mirna Cavalcanti de Albuquerque

Niterói, 25 de Agosto de 2014

(1) CADASTRADO NO CNES EM: 25/11/2002 ULTIMA ATUALIZAÇÃO EM: 10/8/2014 ULTIMA CERTIDÃO NEGATIVA:06/08/2014

(2)https://www.youtube.com/watch?v=Op6nev1Tt30