SENTIMENTOS DIGITAIS
O presente tema me foi inspirado por um amigo, fato que ele nem desconfia.
Nessa semana, me dizia que às vezes, sente tanta saudades dos amigos "virtuais', que chega a ter "dor nos ossos".
Arguiu-me sobre minha opinião a respeito,e aqui resolvi escrever. Realmente, nessa era “internética” esse é um assunto intrigante, que levanta provavelmente a curiosidade e o estudo de várias disciplinas das ciências humanas, tais como a sociologia e a psicologia.
Os tempos são de modernidade...e os sentimentos agora são digitais!
Vejam só!
É fato notório que pessoas acabam por formar vínculos virtuais que variam em intensidade, desde as conversas eventuais nos chats ,até
relacionamentos de amizades, paixões...e quem diria, casamentos!
Nós todos, por exemplo, aqui mesmo no Recanto das Letras, acabamos por formar uma "Família Literária" embora também acabemos por nos identificar mais com alguns autores.
E o que nos leva aos tais vínculos? Não saberia afirmar, apenas conjecturar... O que me chama atenção é que parece que existe uma "alma virtual" cuja energia aproxima as pessoas, embora a perigosa idealização do outro me pareça ser fator preponderante na aproximação.
Lembro aqui neste momento, daquele dito..."a palavra tem força"..."a
pena fere mais que a lança"...o que me leva a acreditar que através
das letras realmente passamos ao outro muito de nós, do nosso
espírito, do nosso caráter, das nossas necessidades, da nossa
vontade, da nossa forma de olhar o mundo e assim, nos incluímos no “mundo do outro”...e vice-versa.
A informática e as "nets" em especial, vieram para globalizar não só o planeta, mas também as pessoas, que apesar da densidade demográfica, atualmente me parecem muito sozinhas...
E quem tem um PC nunca está sozinho.
Basta apenas que trilhemos os caminhos que nos conduzem ao melhor, àquele que nos agrega amizade, conhecimento, cultura e lazer.
Mas, como todo meio de comunicação , e principalmente pelo caráter instantâneo da rede, também há de se admitir que existem riscos intrínsecos de se navegar pelo submundo.
E com certeza, isto não nos leva a lugar algum.
Mas essa postura me parece ser a mais difícil, pelo que tenho observado.
Um pensamento manifestado pela escrita e projetado por um "click", é difundido pelo mundo em segundos, e assim perdemos o controle sobre nós mesmos.
Há estatísticas mostrando que grande percentagem dos mails é mal interpretada.
Nesse contexto, percebo que não é difícil o envolvimento virtual,
posto que a pessoas passam a necessitar dos clicks, das
mensagens, dos contatos por messengers, dos sites de relacionamento,enfim, passam a procurar sinais “do outro” e muitas vezes em caráter compulsivo e me parece que há uma certa síndrome de abstinência quando o tal “encontro” não ocorre, caracterizando portanto, um vício.
Outro lado perigoso da moeda é a invasão da privacidade, as
bisbilhotices que acabam atrapalhando a vida das pessoas e também
desestabilizando relacionamentos familiares. Já existem pesquisa
sobre o assunto.
Interessante, é que o “coração digital” tem uma grande vantagem aos demais corações: Basta um botão e os sentimentos se esvaecem na memória “RAM”, e em apenas um “delete" grandes histórias se apagam para sempre.
Oxalá nossos corações fossem “hardwares”, nos quais pudéssemos instalar “softwares” de sentimentos, previamente por nós escolhidos...e manipuláveis ao nosso bel prazer...
Enfim, é preciso que saibamos dosar a medida do uso da vida digital, sabermos aonde queremos chegar.
Integração sim, invasão da intimidade... jamais!
De qualquer forma, acredito que nada substitui o contato humano.
A mim me parece estranho "sentimentos digitais"...gosto mais das emoções palpáveis aos dígitos...acho que estou mais para a “velha guarda”.
A informática e as nets são instrumentos a serviço da humanidade, mas estão longe de substituir o calor humanitário.
Nada se compara ao contato dum abraço amigo, às mãos que tocam o amor...
Nada substitui o aconchego dos corpos...