JOGO SOCIAL

Um dos maiores jogos sociais dos ricos é o costume de "culpar" os mais pobres, de uma forma paradoxal e redundante, pela sua condição de pobreza e infortúnios: simplesmente desconsideram todas as injustiças que existem no mundo, as desigualdades absurdas, a concentração de renda, problemas de abandono familiar, entre inúmeros outros, apenas como mecanismo discursivo de sua perpetuação no poder econômico.

De modo análogo, culpa-se o miserável pelos seus infortúnios, culpa-se a pessoa triste por ser triste, como se tudo fosse voluntário e absolutamente "lógico", numa ilusão de que a sociedade é justa e retribui a cada um o valor exato de seu esforço. Um trabalhador que passe doze horas por dia em serviço jamais ganhará o que um banqueiro, por exemplo, adquire em apenas um segundo, sem qualquer esforço, apenas extraindo juros abusivos de inúmeras pessoas pelo mundo afora.

O valor do trabalho é louvável, mas quem se habilita a considerar cada caso, sem generalizar ? Quem simplesmente se atreve a "questionar" esse mundo injusto e desigual já é tachado de "chato", já é considerado "culpado" até do que pensou, do que falou (ou do que nem sequer foi dito)...

Enfim, esse mecanismo de atribuir "culpas" é uma falácia retórica utilizada pela minoria que detém o poder econômico, para sustentar seus privilégios, enquanto bilhões de pessoas passam necessidades, em um milenar jogo social de injustiças.

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