A INDÚSTRIA DO NADA!

Ultimamente tenho observado um movimento curioso no que se refere à programação televisa de certos canais abertos.

Existe uma rede intrincada , muito complexa, na qual os programas de determinadas emissoras passam a ancorar as demais programações de outras, gerando fúteis empregos.

Assim, emissoras que dão mais audiência com certas novelas, minisséries e reality shows, passam a desencadear uma séries de programas de conteúdo intelectual também duvidoso, como revistas femininas vespertinas, nas quais as fofocas jornalísticas da vida pessoal de artistas e recém celebridades, ou comentários sobre as novelas passam a ser lugar comum, com caracteristica de comoção televisiva.Não se fala em outra coisa! Na comoção do nada...

Se rodarmos o controle pelos canais, observaremos que o assunto naquele horário é único, único e vazio, e me impressiono ao ver profissionais de jornalismo, com tanto valor agregado, acrescentando absolutamente nada na programação que ancoram.

Os assuntos são os mais fúteis possíveis, como por exemplo o tipo de salgadinho que foi servido, ou a guarnição de mesa que foi usada no vigésimo casamento do fulaninho que aconteceu a dias e que já terminou.

Um exemplo marcante do que falo é a onda do BBB.No último que ocorreu, o personagem que levou o prêmio, virou mito vivo!

Já viram mito em vida? E o pior é que eu sentia vergonha de nao entrar na onda.Todos falavam a mesma voz, ao menos ao meu derredor.E eu, que não conseguia sequer colocá-lo no rol de homens que julgo sensuais, ou interessantes, me sentia meio fora de moda...ou fora de foco.

Todos eram unânimes em considerá-lo...MARAVILHOSO.

Mas no quê?-perguntava a mim mesma...

E todas emissoras parasitavam-se do assunto, uma comoção do nada, a audiência subindo, as fofocas rodando, e as emissoras faturando com a audiência explosiva!

E a sociedade agregando-se ao nada.

Até que certo dia levei um susto.

Num espaço muito pequeno duma revista conhecida, dava-se lugar a uma observação duma única leitora lúcida que me chegou às mãos.

Ela perguntava: Herói no quê? Isto é um absurdo! Como se coroar alguém que fez absolutamente nada? Acordem, gente.O rei está pelado.

E o pior é que estava mesmo.Se estiver pelado é o que basta.

Parece que o nada, se for desnudo...agrega o verdadeiro valor na total inversão de valores de hoje...

Fernando Pessoa estava corretíssimo quando num consciente poema definiu o mito..."Mito é o nada que é tudo!"

Será que ando exageradamente crítica? Tomara!

Diz um ditado, que a minoria sempre está certa...