CAIO VIANNA MARTINS um Herói no Anonimato
Quando crianças todos nós vemos em um personagem ou até mesmo artistas ou pessoas próximas, a figura do que seria “Herói”.
Segundo no dicionário inFormal, uma versão brasileira do Urban Dictionary. O que é herói: Aquele que arrisca a própria vida, ou morre por um ato nobre.
Na minha opnião, expressaram bem na forma popular o que seria a figura de um héroi.
Em meados da década de 1990 ou simplesmente decada de 90. Muitos adultos e jovens de diversos países tiveram como herói o majestoso Ayrton Senna que foi na minha concepção o maior piloto de eventos automobilísticos que já existiu.
Só ele tinha a capacidade de praticamente parar o domingo, principalmente de nós brasileiros para prestigiarmos a cada corrida.
Era sem duvidas um época onde o patriotismo realmente existia, diferente dos dias atuais, como percebemos a poucas semanas atrás na copa do mundo. Onde milhares de brasileiros pararam para prestigiar o maior evento esportivo futibolístico que acontece de quatro em quatro anos, a copa do mundo.
Os demais anos subsequentes a próxima copa não observamos este senso de patriotismo.
Mas estou aqui hoje para relembrar, ou até mesmo mostrar uma figura que para muitos sempre esteve no anonimato. Embora não seja da minha época, mas tive o prazer de ler e conhecer sua história quando criança, que por muitos anos tem sido para minha pessoa mais um dos heróis que eu sempre admirei.
Seu nome: Caio Vianna Martins.
Recordo-me que a alguns anos atrás eu perguntei de algumas pessoas conhecidas no meu meio que se diziam torcedores do Botafogo de Futebol e Regatas, e outras se diziam profundos conhecedores de futebol. Então, fiz a seguinte pergunta: Quem foi Caio Vianna Martins? E ninguém sabia, e quando eu perguntava: Quem foi Caio Martins nome que foi dado ao estádio do Botafogo, também ninguém sabia me informar.
Cheguei a ouvir barbaridades como: Também como dar um nome desses se nem jogador ele era, não era uma pessoa pública do meio político ou esportivo.
Sendo que no ano 2000, o nome do estádio foi renomado, sob determinação da câmara de vereadores da cidade para mestre Ziza que foi um jogador de futebol. No entanto a mudança não agradou a boa parte de torcedores botafoguenses.
O estádio recebeu seu nome original, Caio Martins, em homenagem ao escoteiro de mesmo nome que ficou conhecido por, com quinze anos de idade, após um grave acidente ferroviário em Minas Gerais envolvendo vários mortos e feridos, ter recusado ajuda médica e aconselhado o socorro de outras vítimas. Sua frase:
“Não. Há muitos feridos aí. Deixe-me que irei só. Um escoteiro caminha com as próprias pernas”. Foi determinante para seu óbito. Saiu caminhando junto com sua patrulha escoteira e quando chegou a cidade de Barbacena. Morreu horas mais tarde, em consequência de uma intensa hemorragia interna.
Me orgulho em ter participado por muitos anos do movimento escoteiro, fiz parte do 27° AM Grupo Escoteiro Amazonas. Ao qual eu sou eternamente grato por tudo que viví, presenciei, participei e colaborei para o grupo durante os anos de 1997-2006.
Caio Vianna Martins é um herói, um símbolo de honra, de lealdade aos ideais escoteiros e do cumprimento da promessa escoteira.
De fato, Caio Vianna Martins foi mais um popular que esteve entre nós, mas que deixou sua história e um exemplo de vida.
Segue o anexo da história:
"O Escoteiro caminha com as próprias pernas"
Ao final do 1938 uma delegação do Grupo Escoteiro "Afonso Arinos", de Belo Horizonte, formada por 6 lobinhos, 12 escoteiros, 3 pioneiros e 2 chefes, embarcou no trem noturno em direção a São Paulo, numa excursão técnica-cultural que marcava o encerramento das atividades do ano. A composição estava formada por 11 carros. O carro do meio, 1a classe, era ocupado pelos escoteiros.
A viagem transcorria normalmente. Às 2 horas e 5 minutos da madrugada do dia 19 de dezembro, descendo a Serra da Mantiqueira, entre as pequenas estações de Sítio e João Aires, o Noturno chocou-se com um cargueiro que subia. Com o choque muitos carros descarrilaram, outros engavetaram e alguns se desmontaram.
O carro a frente do ocupado pelos escoteiros saltou dos trilhos e atravessou para a direita. Contra ele foi o carro dos escoteiros, engavetando-se e partindo, deitando-se contra um barranco e sendo comprimido pela pressão dos carros restaurante e leitos.
Na noite escura os escoteiros foram reunidos pelos chefes em ponto da estrada. Percebeu-se a ausência do escoteiro Gérson Issa Satuf e do lobinho Hélio Marcos de Oliveira Santos. Na procura foram encontrados mortos.
Com o desastre estabeleceu-se o pânico. Liderados pelos seus chefes - Clairmont Orlando Gomes e Rubens Amador, os escoteiros passaram a socorrer os feridos, confeccionando macas com lençóis e paus, e providenciando uma fogueira com tábuas retiradas dos vagões, facilitando o trabalho de resgate e socorro.
As 7 horas da manhã chegou ajuda externa. Os passageiros feridos, inclusive os escoteiros, foram transportados para Barbacena.
Vítima do choque, o escoteiro Caio Vianna Martins, de 15 anos, recebeu forte pancada na região lombar. Retirado do carro pelos companheiros apresentou grande melhora, parecendo resistir ao impacto. Quando o socorro chegou, e o quiseram colocar numa maca, Caio apontou para as vítimas que pareciam em estado mais grave dizendo: "Há muitos feridos. Um escoteiro caminha com as próprias pernas" E caminhou, para cair a uns cem passos adiante. Morreu horas mais tarde, em conseqüência do rompimento de vísceras e um grave derrame interno.
O fato teria passado desapercebido, não fosse o testemunho de dois homens públicos - Alcides Lins e Otacilio Negrão de Lima, que impressionados com a ação dos escoteiros, no socorro aos feridos, e com o gesto de desprendimento de Caio Martins, levaram aos jornais o que tinham assistido. Elegia-se, assim, Caio Vianna Martins como o escoteiro símbolo do Brasil.
Em 1941, em Niterói, o Governo do Estado do Rio de Janeiro inaugurou uma grande praça de esportes, denominando-a "Estádio Caio Martins", em homenagem ao jovem que, por seu gesto, tornou-se modelo para os escoteiros de todo o Brasil.