PALESTINA E ISRAEL: DOIS LADOS ESTÚPIDOS!
Pouco importa quem é o intruso, ou quem são os intrusos. O fato é que a Palestina não é uma só, são duas Palestinas bem distintas. Uma fica a Nordeste de Israel, cercada por dois vizinhos, Israel e Jordânia, que todos conhecem como Cisjordânia; e a outra parte, pequena e prostrada, a Faixa de Gaza, espremida entre o Mediterrâneo e o Egito.
Duas autoridades se dizem independentes e tentam comandar o povo palestino; e por estas terras tão tênues, começam a aparecer siglas e partidos, onde cada um se diz o verdadeiro líder político palestino.
São muitas siglas, muitas verdades e muitos mitos. Hamas, Fatah, Autoridade Nacional Palestina, Brigada de Mártires, Hezbollah, Jihad Islâmica e OLP, dentre outros pequenos notáveis que também querem fazer, cada um a história palestina.
Num resumo rápido, posso afirmar que as duas facções políticas de maior destaque são: Hamas e Fatah. O Hamas, um partido político armado que não reconhece o Estado de Israel; de características mais emotivas, doutrina suas leis a partir de teorias religiosas; Já o Fatah, que é outro partido político armado, inspirado na doutrina de Yasser Arafat, o líder da OLP morto em 2004, que mantem relações diplomáticas mais estreitas com Israel. Se diz laico e um pouco mais tolerante, mas segundo consta, mantem dentro dele próprio uma outra facção, as Brigadas de Mártires, que são responsabilizados por vários ataques a Israel.
Rasgada em duas partes, a Palestina da Cisjordânia é controlada pela Autoridade Nacional Palestina, hoje presidida por Mahmoud Abbas, e foi criada a partir de um acordo firmado em 1993 entre a OLP e Israel. Na primeira eleição para o legislativo e executivo da ANP, realizada em janeiro de 1996, Yasser Arafat foi eleito presidente. O acordo previa um mandato de cinco anos, que expiraria em 1999, quando então Israel e palestinos voltariam a negociar o status das áreas palestinas - o que não aconteceu, com a deterioração das relações entre os dois lados.
A outra parte palestina, Faixa de Gaza; é um estreito território com largura que varia de 6 a 10 km às margens do Mar Mediterrâneo, com cerca de 360 km², é controlado pelo radical islâmico Hamas desde junho de 2007, quando, segundo consta, tomou o poder à força.
No meio de tudo isso, ocupando toda a Palestina, tem Israel; um Estado criado em 1948 na região histórica da Palestina, é um dos menores países do Oriente Médio e tem 60% de seu território coberto por deserto. O fato de ser o único país judeu em uma área predominantemente islâmica, marcou cada aspecto de suas relações diplomáticas, econômicas, políticas e demográficas. Nos últimos anos, tornou-se um grande polo de tecnologia e informática. Tem um presidente, com poder mais simbólico que efetivo, e um poderoso primeiro-ministro, que passou a ser escolhido por eleições diretas a partir de 1996. As origens dos atuais conflitos são anteriores à criação do país. Já no início do século XX, a Palestina, por ser considerada o berço do povo judeu, estimulou a imigração de judeus, inspirados por um movimento conhecido como sionismo, que entraram em disputa com os povos árabes da região. Nos anos que se seguiram à II Guerra Mundial (1939-1945), a ONU desenvolveu um plano para dividir a Palestina entre árabes e judeus; plano maldito, pelo que enxergamos hoje!
Os árabes rejeitaram o plano, que foi aceito pelos judeus, criando-se então um Estado independente em 1948. Imediatamente, cinco nações árabes atacaram Israel. No fim da guerra, em 1949, e nos anos seguintes, Israel ampliou seu território e anexou Golã. Também ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Mesmo Jerusalém, que os judeus consideram capital do país, continua sendo alvo de disputa.
Sempre que as coisas caminham para um diálogo aparentemente pacífico, eis que ocorre a Intifada, que é um nome dado ao levante nos territórios palestinos contra a política e ocupação israelense, caracterizado por protestos, tumultos, greves e violência, tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia. A primeira intifada estendeu-se de 1987 a 1993, estimulada principalmente por três grupos: Hamas, OLP e Jihad. Ficou marcada pelo apedrejamento de soldados israelenses por jovens palestinos desarmados; que mais tarde, acabou virando uma espécie de símbolo de propaganda para novos estímulos de violência; uma alusão a batalha épica entre Davi e Golias.
Em setembro de 2000, quando recomeçou a violência entre palestinos e israelenses, depois de uma visita de Ariel Sharon a um local santo para os muçulmanos, o conflito violento recomeçou, sendo chamado de segunda intifada. O estopim foi uma provocação deliberada do então candidato a primeiro-ministro Ariel Sharon, líder da oposição ao governo de Ehud Barak e porta-voz da linha dura israelense. Cercado de guarda-costas, ele visitou a Esplanada das Mesquitas, na parte murada de Jerusalém, onde ficam as mesquitas de Al-Aksa e de Omar, um conjunto que é o terceiro entre os lugares santos do Islã. A visita, à época, teve tons de provocação e o povo palestino não deixou barato...
E tem mais gente envolvida nos conflitos; o Hezbollah! Esta turma pertence a uma organização armada, rotulada como terrorista, formada na década de 80 por xiitas libaneses. Segundo informações, é inspirada e orientada pelo Irã e apoiada pela Síria, tem base no Sul do Líbano. Seu objetivo é criar um Estado islâmico no Líbano, destruir Israel e transformar Jerusalém em uma cidade muçulmana!
Também tem a Jihad Islâmica; outro grupo palestino de orientação fundamentalista. Tradicionalmente, ela tenta realizar ações violentas contra alvos israelenses no aniversário da morte de seu líder, Fathi Shaqaqi, assassinado em Malta, em outubro de 1995. Dizem que a Jihad Islâmica é financiada pelo Irã, é a mais independente das facções extremistas e conta com apoio restrito da população. Seu objetivo é destruir Israel e criar um Estado islâmico na região, sob controle de palestinos.
Do lado israelense também tem facções pró e contra as conversações com a Palestina. Tem gente que é a favor da criação de um Estado palestino; e tem gente que é radicalmente contra, inclusive, algumas destas pessoas, muito poderosas, querem mesmo é a aniquilação de todos os territórios palestinos, com a imediata anexação à Israel; e junto das duas partes tem os Estados Unidos da América, grande aliado dos judeus, que volta e meia se mete entre as várias partes para tentar conversas menos violentas.
Infinitamente mais forte e mais preparado, Israel, apesar de pequeno, possui um poder bélico muitas vezes maior do que países com 100 vezes seu tamanho, enquanto os palestinos, detém em seu poder armas quase em efeito, sucateadas e sem nenhuma tecnologia, mas que quando disparadas contra o território israelense, causam pânico.
Como toda esta ia se iniciou é controverso e uma história complicada. Uns dizem que remonta dos tempos bíblicos, com mais de 2500 anos de revoltas, mortes, destruições de locais históricos e sagrados; e desenvolvimento de mais ódio. Dois povos tão próximos de origens e tão distantes de sentimentos; e o restante do mundo que permanece assistindo cenas de barbáries com velhos e crianças sendo dizimadas sob a chancela de luta, mas com características claras de carnificina!
Já passou da hora destes líderes sionistas aceitarem a Palestina como Estado, e de igual forma, que os líderes palestinos, laicos ou islâmicos, também aceitem Israel como um Estado constituído, pois a revogação do ato declaratório de maio de 1948 é praticamente impossível; da mesma forma que manter a Palestina presa a uma dimensão obscura, somente gerará mais ódio e sede de nascimento.
Costumo dizer que a Palestina é um bebê milenar que vive na barriga de uma mãe desconhecida somente à espera da hora de ser concebido; e parte desta culpa é hoje de alguns líderes israelenses que não permitem a chegada de um obstetra, sequer de uma parteira. E se pensam que este bebê morrerá à espera do nascimento, fatos provam há centenas de anos que isso jamais ocorrerá, pois cada vez que esta mãe desconhecida dá sinais de sucumbência, aparecem milhares de outras mães igualmente desconhecidas que incorporam sua estrutura.
Eu tenho a honra de conhecer as duas partes. Tenho amigos aqui e lá que são judeus e mulçumanos; e graças a Deus, pelo menos os meus amigos, todos fazem parte de uma política de tolerância; de aceitação de ambos os lados; e isso perfaz-se em sinais de paz. Enquanto existir sinais claros de paz, com certeza existirão chances dela se instalar e se fazer presente sempre.
Não podemos esquecer que todo este ódio, em parte, ambos declaram ser em nome de Deus; um Deus único que rege as três grandes religiões (cristã, mulçumana e judia), e que por interpretação díspar de seus profetas, vem causando tumultos históricos de proporções bárbaras. E uma outra parte que é gerado por cupidez, dinheiro, controle absoluto de um povo e Poder.
Meu único temor é que este ódio e conflitos, durem por mais 2500 anos. Milhões de pessoas já morreram em decorrência desta ignomínia; e eu não acredito que outros milhares de milhares de pessoas precisem morrer para se provar que ambos estão equivocados.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires