Mand in Brazil –para inglês ver
Assim nasceu o futebol
Nos idos da década perdida ficou na amarga saudade o coração do brasileiro apaixonado pelo futebol, quando o Brasil com uma equipe de excelentes jogadores, sob expectativa de ser campeão, voltou pra casa sem título. Frustrando o sonho de campeão de muitos que se doavam aos prazeres e mitos do esporte mais popular do país, enquanto que pouco se conhecia da verdade da nação quanto – a crise na economia e na sua politica.
Naquela ocasião, época romântica, cuja ditadura militava e a censura era abrasiva, toda nação interagia, vivenciava a televisão, fantasiava ainda a ida do homem a lua e respirava a ilusão do futebol ignorando a situação nossa de cada dia. A corrupção já existia e como câncer, que nascia, era um iminente caos, o INPS ia mal, os transportes se perdiam, a segurança era arbitraria e assim os serviços pagos com tributos pesados pelo povo, oferecidos pelo Estado aos poucos se transformavam em promessas e mais promessas de campanhas politicas.
Os problemas não eram de se ignorar e apesar das proibições, que a ditadura impunha, o carnaval, o futebol, os entretimentos televisivos e uma gama de pacotes do governo se incumbiam de fazer o povo dançar, orar, sorrir e ainda sonhar com o baú da felicidade.
Assim o futebol, aparece a classe menos favorecida, como a grande paixão, por quase sempre ser a válvula de escape de ascensão financeira mais rápida, do que o estudo, a quem vem dos barracos, favelas e periferias, para o mundo. É a velha tese de a necessidade fazer o homem. E assim, em muitas vezes, os nossos campos de futebol ou de fome, cultivam o nascimento dos craques em suas famílias. Perpetuando esse fanatismo como paixão, fonte inesgotável e até explorável dos jornais e revistas ao povo que mais sente as agruras sociais, e as vezes, faz de conta que não sabe de nada.
Tempo vem, tempo vai, a ditadura caiu. As “diretas já” como um esquema montado, assumiram a história e seguimos de mão em mão, com governos civis; divididos entre direita e esquerda. Onde podemos dizer que, em ano de copa do mundo, no Brasil, a paixão de se enfeitar a rua, de se emocionar com o hino, de gritar gol conjuntamente e de se sonhar com o Brasil Hexa campeão está bastante mudada.
Respeita-se com certeza esses mimos tradicionais, porém, bem ou mal, a visão já é bem diferente. Não temos mais aquela seleção de craques, o homem já almeja marte, a televisão tem para todos e não estamos assistindo a seleção Brasileira jogando em outro país, onde os problemas sociais são amenos as nossas realidades. O fato, é que após tantas mazelas, a realidade também não é a mesma de cinquenta e quatro e por isso, se enfeitam as ruas da cidade, mas protestando.
O amor ao futebol é fantástico, quando o Estado, com justiça social e respeito ao cidadão alia o esporte ao homem para o seu desenvolvimento. Nesse caso, é priorizar a educação e valorizar o povo.
Infelizmente, não é o caso. Anda-se pelas ruas do país e como numa odisseia, passamos por dezenas de aventuras, enfrentado a morte ou a sorte; vamos dos assaltos, da arbitrariedade da policia, da falência na educação, do quadro lento e ineficaz da justiça, da ineficiência da saúde, dos escândalos da Petrobrás, da aprovação do orçamento impositivo, impunidades, mensalões, imposições de valores familiares da mídia e de gastos abusivos nas construções faraônicas dos estádios de futebol, bem ao lado de nossas outras misérias. E querem que todos partilhem assentados, diante da antiga moderna tv, no dia dos namorados, como fieis torcedores do Brasil, eternos apaixonados.
Ainda bem, que nem todos são santos...