A RESPOSTA...A DEUS PERTENCE!
Saibam que não é preciso possuir bola de cristal para prever certos rumos sociológicos funestos, mas tenho consciência de que o quê aqui comentarei é lugar comum, é fato mais que conhecido e debatido... é chover no molhado.
Mas nós que escrevemos, às vezes temos urgente necessidade de colocar nosso desespero no papel, tal qual uma compulsão nos dedos...
Muito se tem comentado, discutido e politizado, sobre o papel fundamental da educação na formação individual e conseqüentemente na força de construção das nações.
Não se faz um país soberano, democrático e consciente, sem educação senso lato, pois o ponto de partida da qualidade social, é a plena noção de cidadania. E esta está atrelada àquela.
Ontem pela manhã, vinha eu sintonizada na rádio Jovem –Pam de São Paulo, e fiquei perplexa com a divulgação da estarrecedora condição da educação fundamental em algumas regiões do nosso país.Uso os termos “algumas” e "fundamental", e aqui pratico um eufemismo.
Na verdade, não se tratava apenas de um noticiário, mas sim dum documentário, aonde se entrevistava crianças de várias idades, muitas delas já em fase cronológica de amadurecimento compatível com a total alfabetização, e, diga-se de passagem, conceituando-se por alfabetização, o ato de escrever, ler, entender, processar e relatar o que foi lido.
Talvez tenha me emocionado em ouvir aquelas vozes infantis que despertam tanta ternura, criaturinhas num esforço sobrenatural para se fazerem entender...orgulhosas de provarem que sabem!
A jornalista fornecia uma frase para leitura a uma criança de onze anos da quinta série do ensino fundamental...(até aí, tudo politicamente correto)... “a formiga e o grão de trigo”, onde a criança gaguejava já no primeiro encontro silábico... “a-f-o-o-r-m-i-i-g-ga é o”...sequer conseguindo dar sentido à frase .Triste...de arrepiar....
Voltei -me então para a questão da aprovação automática de hoje, e me lembrei da época em que quase perdi um ano inteiro do colégio “do estado”, cuja nota de aprovação era a partir de sete em cada disciplina,por faltarem-me décimos em geografia, mesmo com notas ótimas nas demais matérias.
Parecia-me impossível guardar aqueles termos, “mesozóico, paleozóico’...mas vejam, acabei por guarda-los até hoje...
E não faz tanto tempo!
E olhem só, nem acabo de terminar meu pensamento e a mídia hoje, anuncia que a Secretaria de Educação, arredondará para mais,as notas decimais dos alunos, que conseguirão por conseguinte, ser aprovados com notas inferiores a cinco!
E ouvi claramente que esta decisão é um avanço.Alguém poderia me explicar?
Meu Deus, o que acontece de lá para cá? Tudo evoluiu, tivemos a revolução tecnológica, o bum da informática, a conquista do voto direto a sedimentação da democracia( será?) , mas continuamos com a sujeira sob o tapete.
O número de crianças na escola cresce,as estatísticas engordam, a despeito do crescimento do analfabetismo amplo, total e irrestrito.
Percebo que os órgãos formadores de profissionais em todas as áreas decresceu em qualidade, e muito, de lá para cá! Faltam professores, falta formação para os professores, faltam salários para esses heróis, sem os quais eu não estaria aqui escrevendo nesse momento! Tudo devemos ao professor, tudo!
Professores são a base de todos os começos, de todas as conquistas,são o alicerce dum país!
Professores fazem a história.Será que ninguém percebeu isto ainda?
A credito que talvez não nos falte postos de trabalho, o que falta é formação qualificada.
Universidades viraram verdadeiras indústrias de produção de profissionais a baciadas, cujo preparo para o mercado é o mais ineficaz possível.
Hoje se financia a outdoor aberto qualquer diploma, em suaves prestações a se perder de vista.
Forma-se doutores em nada! Doutores que não pensam, não têm senso crítico, não têm senso político,sequer noção de cidadania...não sabem se fazer representar...
E seria possível uma condição democrática movida a esse caos?
Haveria luz futura para uma situação na qual a educação é tocada a rolo compressor?
Não acredito.Percebo que as pessoas que se qualificam acabam correndo o risco de não serem absorvidas pelo mercado por se tornarem artigos “de luxo’.Já vi muito disso por aqui!
Acredito apenas em vontade política.Mas se não muda a consciência, não mudam os políticos...e se não mudam os políticos, não mudará a vontade política jamais! Eis o impasse!
E mudar a situação talvez seria colocar em risco certas “instituições”.
Hoje, parece que muito se fala, e quase nada se faz;e não sou eu que afirmo isto.Basta checar e todos verão que a realidade nua e crua fala sozinha!
E como resenhar qualquer futuro promissor, num sistema educacional que “mata” as galinhas dos ovos de ouro?
A resposta...apenas a Deus pertence.