A UTOPIA CÓSMICA

De uns tempos para cá, a mídia vem noticiando a descoberta de planetas parecidos com o nosso orbitando outras estrelas. Com belas ilustrações, essas notícias possuem o poder da ficção. Parece que estes planetas estão ali, a um palmo dos nossos olhos. A realidade é diferente.

Eles estão muito distantes de nós. Alguns nem foram observados. Apenas se supõe que estejam lá. Se ainda não temos tecnologia para vê-los com nitidez, e deixando de lado o artifício das ilustrações, imaginem então como faríamos para chegar até eles, precisando fazê-lo digamos no próximo milênio.

Os primeiros obstáculos são a nossa limitação de velocidade, e as distâncias cósmicas. Para se ter uma ideia, as naves espaciais mais rápidas criadas até agora são as “Voyager 1 e 2”. Elas alcançam uma velocidade média de 16 km/s.

Acho que ninguém no planeta tem a noção do que seria viajar 100 km em apenas seis segundos, já que a velocidade supersônica atinge 343 m/s.

Se a velocidade das “Voyager” espanta, tem distâncias cósmicas que espantam muito mais. Basta dizer que depois de quase quarenta anos viajando, elas ainda não atingiram nem 10% da distância equivalente a um ano-luz. Sabendo que a estrela mais próxima está a 4,2 anos-luz de nós, simplificando, nem saíram do nosso quintal.

A pergunta sempre é: Chegaremos perto da ficção quanto se trata de viagens espaciais? Se a resposta for afirmativa, cabem outras três perguntas: Em quanto tempo? Será que teremos todo esse tempo. E como nosso corpo reagiria a tais velocidades?

Na série de TV, ou nos filmes “Jornadas nas Estrelas” são comuns ouvir o termo “dobra de velocidade”. Numa escala que encontrei na Wikipédia, se o capitão Kirk pedisse uma “dobra seis” a nave “USS Enterprise”, viajaria a 392 vezes a velocidade da luz. Atirando a Teoria da Relatividade no lixo.

Eu não fico extasiado com notícias extraordinárias de novos planetas que poderiam nos abrigar no futuro. Com nossas limitações e diferenças como Seres Humanos, ficaremos aqui até o fim. Por brincadeira alguém imagina palmeirenses e corintianos, católicos e crentes, ou árabes e judeus, numa mesma nave? Nunca chegariam vivos ao destino.

Prefiro pensar em quem sou eu, e por que estou aqui. Um Deus ou Darwin? Ou ainda uma terceira via teoricamente possível. Com um pouco de sorte, poderíamos ser os melhores genes salvos num tubo de ensaio, por alguma raça extraterrestre extinta.

Sem essa sorte toda, seríamos apenas descartes de alguma experiência malsucedida, que alguém para não destruir, jogou aqui por piedade. Depois deletou a rota do GPS.