Honestidade
Infelizmente, a honestidade não é algo inerente ao ser humano, não é. Digo isso já que ela é adquirida única e exclusivamente através da educação caseira, essa sim é a única responsável pelo cidadão ser honesto ou não. Basta ver, então, se aqueles que o cercam são ou não honestos em determinadas situações e ocorridos para saber se tiveram ou não admoestação materna e paterna do berço. Esses são princípios morais transmitidos por parte de pai e mãe.
Resolvi escrever sobre essa temática porque ao abrir o jornal Folha de São Paulo para minhas leituras quotidianas, deparei-me com a seguinte manchete: “Homem acha contas e R$600 reais na rua, paga a fatura e devolve o troco à dona”. Sim, é verdade, está na Folha de São Paulo. O que mais me chama atenção neste caso, não foi o rapaz ter devolvido e pagar a conta, isso é dever e obrigação de todos, o que me chamou mais atenção é que o rapaz fez o que deveria ter feito como pessoa do bem e, então, decidiu ir às redes sociais, contar o ocorrido e procurar pela dona. Ah, aí começou a celeuma. Os pacóvios – e eu disse pacóvios sim- queriam que ele tivesse pegado o dinheiro para uso próprio, alegando que, se estivessem no lugar dele, teriam gastado o dinheiro em cervejas e outras mundanidades mais. Minha nossa, como são pífios, como são gélidos, como são nauseabundos esses pacóvios. Vê-se de longe que não tiveram educação vinda do berço, de casa, e não me venham dizer que tiveram educação porque não tiveram. Não mesmo. Mas, o que poderia esperar de uma nação onde não requerem o mínimo de instrução para ocupar cargo algum, se é que me entendem. O que esperar de uma nação que quer resolver tudo no “jeitinho brasileiro”? O que esperar de uma nação que prefere jogadores de futebol a fatos que norteariam o futuro da nação? O que esperar de uma nação onde a maioria diz que não dá bola para a política? O que esperar...?
De outro lado, o filho chega da escola e diz: “Pai, mãe achei essa caneta na escola, achado não é roubado, quem perdeu não tem cuidado”, o pai diz: “É isso aí, filho”. Ah, mas não comigo. Não na minha escola ou na minha sala de aula, esse pai bandido, esse pai omisso deve ser preso. Ele está criando um bandido dentro de casa. É preciso que a educação e o exemplo venham de casa, se o filho pegar qualquer objeto de outro amigo e não devolver, esse menino está com problema, não teve a educação correta em casa, aí é hora de o pai e a mãe entrarem em jogo e educação severa, do contrário, hão de perder o filho para o mundo. Mas, qual é o pai que fala isso para o filho? Qual é o pai que admoesta corretamente o filho? É claro que não os há, e os poucos que há, já estão morrendo ou sumindo no tempo. Por isso lhes digo leitor, leitora, não nascemos honestos, somos levados pela honestidade, por condicionamentos que muitas vezes nos causam medo, medo do pai em casa, medo do policial, medo do professor, medo do judiciário, medo da religião, enfim, medo. Então se não pararmos com essa balbúrdia existencial, com o passar dos tempos desaparecerá a honestidade, em extinção ela já se encontra. E se ela se encontra assim, é porque muitos não tiveram, não estão tendo pais verdadeiramente pais, mas sim ordinários e ordinárias que mal educam seus filhos. É isso!
E para encerrar, repito, não nascemos com a honestidade, adquirimo-la com o passar do tempo, e isso vale para tudo. As pessoas não obedecem ao trânsito, porque não há radar, quando tomam multa, ficam honestas, educados. Filhos não respeitam os pais, porque não apanham, levou uma surra bem dada, nunca mais retrucam. Aluno não obedece ao professor e presta atenção na aula até que tire o zero, após o zero, abaixa a bola e reconhece que errou. Então é isso, as pessoas só se endireitam com rigorosa coerção, admoestação. No caso do rapaz da carteira achada, com certeza foi bem educado, em casa, na infância. Para muitos pode ser surpresa, mas tenho certeza que para a mãe dele não o é. Se, de fato o medo endireita o cidadão, que devolvamos o medo à população, para que ela se torne mais honesta. Pessoas que saem para seus trabalhos dia a dia são arduamente roubadas por miseráveis assaltantes visíveis, mas os piores de todos são os de Brasília, que são protegidos e nada lhes acontece. Se não devolvermos esse medo do judiciário a esse povo fora da lei o Brasil acaba e com ela a honestidade. Devolvamos o medo da polícia, medo do judiciário, medo do professor, medo da mãe, do pai, do contrário, continuaremos apenas a acreditar nessa honestidade vagabunda da boca para fora. Tens medo? Bem-vindo...
Rafael Vieira