BERNARDO CARLOS BECKHÄUSER –
A VIDA DE UM TEUTO-BRASILEIRO
Por Laércio Fagundes Fogaça Beckhäuser
Bernardo Carlos Beckhäuser nasceu em Armazém1, Sul do Estado de Santa Catarina, no dia 02 de outubro de 1889. Era irmão gêmeo de Jacó e o quarto entre os oito filhos do casal Karl Eduard Caesar Beckhäuser e Anna Aurora Arns. O irmão primogênito de Bernardo Carlos foi denominado, por Anna e Karl, como Rodolfo. Os outros irmãos, na seqüência de nascimento, foram: João Carlos, seu irmão gêmeo Jacob, Gabriel, Maria, Max e Júlia.
Bernardo Carlos Beckhäuser era neto do alemão Johann Karl Beckhäuser (natural de Birkenfeld – Hunsrück, Alemanha), que imigrou para o Brasil em 1862 e se estabeleceu inicialmente na Colônia Santa Isabel. Bernardo Carlos Beckhäuser, por sua vez, nasceu, casou e morreu em Armazém.
Seus avós paternos foram Johann Karl Beckhäuser (☼09/09/1826) e Maria Elizabeth Kropp (☼22/09/1834), filha de Johann Karl Kropp e Catherina Schwickert. Seus avós maternos foram Philipp Joseph Arns (☼26/02/1833†27/07/1914) e Maria Michels (☼1872†1907). Entre seus bisavós maternos estão: Nikolaus Arns (☼05/01/1792) e Ana Margareth Simonis (☼23/12/1832†02/03/1835). E entre seus bisavós paternos constam: Heinrich Peter Beckhäuser (☼1794† .......) e Dorothea Elizabeth Marx.
A irmã mais nova de Bernardo Carlos, Júlia Beckhäuser, se casou com Anton Hoepers e a outra irmã, Maria Beckhäuser, se casou com Gregório Back.
Bernardo Carlos era católico e se casou na Igreja São Pedro, em Armazém, com Leonarda Fagundes (☼20/02/1894†17/09/1951), com quem teve nove filhos; após o falecimento de Leonarda, Bernardo contraiu matrimônio com Justa Bittencourt em 17 de setembro de 1951. Leonarda Fagundes era filha de Joaquim Fagundes e de Maria Fagundes e Justa Bittencourt era filha de ... e de ...; Justa faleceu em 2003 e seu corpo foi sepultado no cemitério municipal, em Armazém.
Bernardo Carlos Beckhäuser era agricultor e possuía engenho de farinha e cana-de-açúcar. Em sua propriedade plantava milho, hortaliças, árvores frutíferas, acácias, feijão, aipim (mandioca) e cana-de-açúcar. O Rio Capivari, afluente do Rio Tubarão que desemboca na cidade de Laguna, fazia divisa com sua propriedade imobiliária.
Possuía também gado vacum, cavalos e muitas aves domésticas. Sua família o auxiliava em suas tarefas da agricultura e na fabricação de farinha e açúcar. Os produtos finais deste trabalho eram vendidos na região e, em especial, remetidos às cidades de Laguna e Tubarão, centros econômicos maiores.
Seus filhos, do primeiro casamento com Leonarda Fagundes foram:
1. Antônio Beckhäuser;
2. Agostinho Beckhäuser;
3. Oscar Beckhäuser;
4. Osvaldo Beckhäuser;
5. Paulo Beckhäuser;
6. Hilda Beckhäuser;
7. Ana Maria Beckhäuser;
8. Ema Beckhäuser;
9. Carlos Bernardo Beckhäuser.
No segundo casamento, com Justa Bittencourt, teve um filho: Nicolau Beckhäuser.
Excetuando Osvaldo Beckhäuser, que morreu em Florianópolis, solteiro, todos os seus filhos deixaram muitos netos, bisnetos, trinetos e tetranetos.
Consoante a certidão de óbito número 48, do dia 13 de outubro de 1977, do Registro Civil de Santa Catarina, Comarca de Tubarão, Município de Armazém, o Oficial de Registro Civil, Antônio David Fileti, certificou no livro C-6 de Registro de Óbitos, na folha 105, em 11 de outubro de 1977, às 13h30min, faleceu, em Armazém, Bernardo Carlos Beckhäuser, aposentado, viúvo, por "acidente Vascular Cerebral Isquêmico – Arteriosclerose”, sendo o sepultamento feito na cidade de Armazém. Foi declarante Nicolau Bernardo Beckhäuser e não deixou bens a inventariar.
Segundo Dulce Beckhäuser Rodrigues, filha de Max Beckhäuser e de Joana Fagundes, prima de Bernardo Carlos Beckhäuser, seus irmãos Rodolfo e Max Beckhäuser também se casaram com as irmãs Elvira e Joana Fagundes pela proximidade física da residência destas famílias, em Armazém.
Com o falecimento de Maria Fagundes, mãe de Leonarda, suas netas Joana e Elvira, ainda menores de idade, que residiam com a avó, foram morar na casa de Bernardo e Leonarda, que era a filha mais velha de Maria Fagundes e de Joaquim Fagundes.
Este fato favoreceu o casamento de Max Beckhäuser com Joana Fagundes e Rodolfo Beckhäuser com Elvira Fagundes. Este foi o motivo do casamento entre três irmãos Beckhäuser com três irmãs Fagundes, proporcionando uma consangüinidade muito forte entre todos estes descendentes, pois estes três casais tiveram muitos filhos, netos e bisnetos. Alguns de seus descendentes se casaram e tiveram também descendentes com uma consangüinidade ainda bem mais forte.
Dulce Beckhäuser Fagundes relembra que Karl Eduard Caesar Beckhäuser, pai de Bernardo Carlos, que tinha ficado viúvo em ... de ... de 1919, também estava interessado em namorar e casar com "Elvira Fagundes", que veio a se tornar sua "nora", mulher de Rodolfo Beckhäuser, e não sua segunda esposa.
Karl Eduard Caesar Beckhäuser, pai de Bernardo Carlos Beckhäuser, viúvo por quase três décadas, morreu em 18 de outubro de 1949, vítima de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Seu corpo foi sepultado no cemitério municipal de São Martinho.
Bernardo Carlos Beckhäuser possuía muita "força física" e se orgulhava de seu "braço-de-ferro". Levantava com facilidade sacos de feijão e açúcar com 60 kg. Há muitas histórias sobre a sua força física nos anais da família Beckhäuser. Deixou seus genes (fortes... fortíssimos...) em diversos descendentes que se orgulham da "queda de braço" ou "luta de braço". Além da força, o gosto por esse tipo de atividade se estendeu a outros descendentes. Laércio Beckhäuser, neto de Bernardo Carlos, se sagrou campeão sênior catarinense de Luta de Braço em 2001, em uma competição esportiva realizada em Joinville-SC. Luís André Beckhäuser, filho de Laércio, neto de Agostinho e bisneto de Bernardo Carlos, foi campeão catarinense de Luta de Braço em 1998.
Carlos Bernardo Beckhäuser, filho de Bernardo Carlos e de Leonarda Fagundes, mudou sua residência de São Paulo para Blumenau em 1955. Ali, tornou-se empresário: atuava na extração de areia. Também era um grande campeão na queda de braço, quase que imbatível, embora em competições extra-oficiais. Neste esporte, era respeitado e temido.
E assim Carlos Bernardo Beckhäuser foi levando sua vida... tinha vigorasa saúde até os seus últimos dias de vida. Ele nasceu em 1889 e faleceu em 1978, com 89 anos de idade. Portanto, viveu Bernardo Carlos, 78 anos no século retrasado e 11 anos no século anterior.
Em outubro de 1976, dois anos antes de seu falecimento, Laércio Beckhäuser, quando morava em Blumenau, fez uma visita a seu avô, Bernardo Carlos, que residia em Armazém, e levou junto consigo seu filho Luís André e seu pai Agostinho.
Na ocasião, foi feito o registro fotográfico destas quatro gerações masculinas da família Beckhäuser.
Laércio ainda "jogou" uma luta de braço com seu avô, Bernardo Carlos, na varanda de sua casa. Tinha, Bernardo Carlos, mesmo com a idade avançada de 87 anos, muita força. Segundo o próprio Bernardo, ele havia sido abençoado por um frade capuchinho, há muitos anos atrás, nas "Santas Missões" realizadas na Igreja São Pedro, em Armazém. Afirmou ainda que, por volta de 1930, levantou uma grande e pesada cruz, sozinho, e o frade e todos os presentes a este evento ficaram "maravilhados" pela sua força física.
Bernardo Carlos não sentia o peso real da cruz e disse ao frade que a cruz era leve. O frade respondeu-lhe que não gostava de "gente mentirosa". Bernardo Carlos, "nervoso, meio bravo", pediu para que quatro homens, seus amigos, sentassem um em cada ponta da cruz e, indo ao meio, pegou a cruz e ergueu a todos de uma só vez.
O frei, admirado e estupefato, lhe disse: "Ajoelha-te, Bernardo Beckhäuser, vou te dar uma especial bênção e terás esta ‘força prodigiosa de Sansão’, até os teus últimos dias de vida. Nunca precisarás da ajuda de teus semelhantes para andar e se locomover". Bernardo Carlos, católico praticante, se ajoelhou e foi abençoado na presença de muitas pessoas por este missionário pregador das Santas Missões, na década de 1930. Viveu forte e sadio, até seu último suspiro.
Sobre sua residência, em 2005 havia somente o terreno e as salientes pedras no local onde tinha sido construída, em Armazém. Naquele local bucólico e rural, viveu Bernardo Carlos Beckhäuser, criou seus filhos, amou duas mulheres e perpetuou sua geração com inúmeros filhos, netos, bisnetos e trinetos.
Lia, escrevia, alemão e português, as duas línguas usadas na comunidade de Armazém. De seus ancestrais, aprendeu com sua mãe, Ana Arns e seu pai Karl Eduard Caesar Beckhäuser, a falar e escrever a língua alemã. Freqüentou a escola primária em Armazém; assinava e lia jornais alemães publicados na cidade de São Leopoldo-RS.
Casou com a primeira esposa Fagundes e com a segunda, Bittencourt, e ambas não dominavam a língua alemã; consequentemente, seus filhos não perpetuaram a língua de seus ancestrais e atualmente raros são os netos e bisnetos que entendem e falam a língua germânica. Daí se justifica que até do sobrenome de seus ancestrais tenha sido omitido, excluído o trema do a (ä) na palavra Beckhäuser (Umlauf em alemão).
Como vimos, Bernardo Carlos Beckhäuser teve dez filhos em seus dois casamentos. Além do sobrenome Beckhäuser, deixado por seus descendentes masculinos, suas filhas Hilda, Ana Maria e Ema deixaram muitos descendentes com os sobrenomes Aguiar, Mattos e Flor. Suas netas e bisnetas também se casaram e, hoje, há muitos de seus descendentes afins e consangüíneos com diversos sobrenomes nesta genealogia que teve como origem o teuto-brasileiro Carlos Bernardo Beckhäuser.
1 Armazém pertencia, na época, à cidade de Laguna, posteriormente Imaruhy e, por último, à cidade de Tubarão, localizada no Sul do Estado de Santa Catarina. Fica ao lado da cidade de Gravatal e São Martinho-SC.
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