Os jovens e o Papa

OS JOVENS E O PAPA

Depois da partida do papa, após de alguns dias de visita a nosso país, algumas idéias ficaram para ser repensadas, a partir dos pronunciamentos de Bento XVI. Inicialmente é prudente que se ressalte que J. Ratzinger é um dos maiores moralistas da Igreja. Por moralista entende-se um expert, alguém especialista em Teologia Moral, disciplina que dimana diretamente da Lei de Deus.

Em algumas “interativas”, sobre as quais recaem suspeitas de tendências por parte de alguns segmentos da mídia, lemos que alguns jovens acusaram o papa de retrógrado, a Igreja de conservadora e a doutrina católica de desatualizada.

Para princípio de conversa, é salutar que se deixe clara a informação que, o que muda conforme o tempo e a moda, são os comportamentos e as formas humanas de julgar atitudes. A moral é eterna (porque deriva da Lei Eterna), e como tal permanece a mesma, não admitindo ajustes ou jeitinhos. Nossa sociedade pós-moderna que vive a chamada “moral de situação”, onde, para cada caso se estabelece uma forma de moral e de julgamento.

Esse casuísmo, ao qual os especialistas de Moral chamam de aporia (cada caso é um caso) ou epiquéia (jeito brando de aplicar a lei) enseja juízos liberais no trato de ilícitos.

Nesse contexto, o pecado, como sünde, hamartia ou peccatum é uma ruptura com a lei de Deus, um ilícito que perpassa a história, desde o início do cristianismo até os dias de hoje. As pessoas, no entanto, com o passar do tempo se tornaram condescendentes com essas falhas, colocando “panos quentes”. Antes os pais preconizavam que as filhas se casassem virgens; hoje, por causa da liberalidade, incentivam-nas ao contrário, permitindo a coabitação dos namorados na casa da família.

Antigamente, os pais “fechavam o olho” para a vida sexual dos filhos homens: hoje permitem que eles transformem o lar em verdadeiros motéis, sob a excludente da segurança e outras coisas mais. O “namoro” com homem casado antes era uma tragédia. Hoje as moças solteiras, baseadas no divórcio e no placet da família investem contra os casados, sem olhar a ruína da família e o sofrimento dos filhos.

A Igreja não é contra os preservativos ou a pílula, mas combate o uso indiscriminado deles, favorecendo o sexo fora do casamento, a explosão sexual, e o ato de “ficar”, hoje com um e manhã com outro. A moral cristã não pode se adaptar aos costumes, mas estes sim precisariam moldar-se à lei que capitula como pecado o sexo fora do casamento, assim como o divórcio, o aborto e a masturbação.

Igualmente o "casamento" de homossexuais desvirtua a natureza, uma vez que "Deus os criou homem e mulher". Se fosse diferente, teria criado Adão e Ivo, ou Eva e Iva. Há seitas que afrontando a lei de Deus realizam esses "casamentos", muitas vezes celebrados por "pasores" nas mesmas condições.

A evasão de pessoas para as seitas (enfoquei isto aqui em "Por uma catequese libertadora") é fruto de deficiência na evangelização. As pessoas recebem "aula de catequese" mas nao são verdadeiramente evangelizadas. Nas seitas, ignorando a moral cristã eles apoiam o divórcio, as uniões ilícitas e outras violações à lei judaico-cristã.

Não é porque o tempo passou e algumas pessoas dizem que isto ou aquilo está liberado, que certas coisas deixaram de ser pecado ou ilícito. É sobre isto que se referiram as invectivas de Bento XVI.

Por derradeiro, cabe dizer que pecado e moral não se limitam apenas a desvios de ordem sexual. Fechar os olhos para a pobreza, ignorar a fome do irmão, tornar-se corrupto e venal, desviar recursos públicos (merenda escolar, remédios, aposentadoria, verbas para hospitais, etc.) são atos igualmente imorais e pecaminosos, cujos clamores das vítimas inocentes bradam aos céus.

O autor é Teólogo leigo e Doutor em Teologia Moral

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 14/05/2007
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