Uma boa ação de dois bêbados

Já era domingo de madrugada, por volta das três da manhã, quando eu e um amigo (bêbados, pra variar) achamos um cachorrinho jogado quase que no meio da rua; ele estava dentro de uma caixa de papelão toda desgastada e molhada; por sorte, naquele horário, a rua estava deserta e nenhuma alma viva iria passar por ali até por volta das seis da manhã.

Ao primeiro momento, pensamos que ele já estava morto, mas chegando mais perto, vimos que ele estava agonizando. Pretinho, vira lata, bem mansinho; ao olhar a expressão de dor de tal ser, eu e meu amigo (seu nome é Carlos) resolvemos fazer algo. Como estávamos mais perto da casa dele, descolamos uma caixa de papelão mais segura e resistente, pegamos ele e imediatamente nos dirigimos para a casa de Carlos. Não demorou para mim perceber que ele estava envenenado, e por sorte, tinha eu alguns conhecimentos em extração de venenos.

Tentamos drenar o veneno ou seja lá o que for que estava lhe fazendo passar por todo aquele sofrimento (poderia também ser algum corpo estranho em seu intestino). Massagem cardíaca e outros métodos também foram executados. Não encontramos nenhum tipo de resíduo ou algo semelhante em seu vómito ou fezes. Porém, seus olhos estavam por demais encolhidos e sua respiração fraca. Minha suspeita é de que ele já estava com alguma patologia avançada. Demos leite, água e um pouco de ração para ele, além de uma caminha improvisada bem quentinha. Ele conseguiu comer e beber, mas bem pouco. Ainda hoje, na saída do curso, passei na casa de meu amigo e o cachorrinho ainda estava vivo. Porém, infelizmente, ele veio a óbito há algumas horas atrás, após minha saída. Eu nunca fiz necrópsia em animais, mas amanhã, pelo bem daquele ser (e curiosidade, confesso), irei tentar descobrir a causa da morte daquele pobre e pequeno cachorrinho. Depois disso, um enterro digno, pois se tratava de uma vida, e devemos sempre respeitar, independente de ser humanos ou animais.