Ler, ler, ler
O assunto de hoje, como já devem imaginar pelo título que leva esse artigo, será sobre a leitura. Os brasileiros leem cada vez menos. É preciso que a sociedade dê o devido valor à leitura, do contrário, jamais conseguiremos a promoção humana que todos nós almejamos. Se não investirmos pesadamente na educação, a sociedade estará fadada ao fracasso.
Consoante as convicções do Ziraldo, colunista do jornal Folha de São Paulo, o grande problema hoje em dia da leitura é que as crianças estão chegando primeiro à internet do que ao livro. Eis aí um erro. Mas, acertou em cheio o colunista. Crianças não devem chegar primeiro à internet, isso deve ser secundário, é preciso sim, que acostumemos nossas crianças à leitura diária, quotidiana. Se a criança começa a ler desde pequena, com certeza, ela começa a tomar o gosto pela leitura. E continuando os dizeres do Ziraldo, ele vai além, diz que a internet deu palco para o canalha, para o invejo. Mais uma vez devo concordar com ele. Porém, esse canalha, esse invejoso, não vai conseguir ir muito longe, não vai desmanchar grandezas, ele não tem o que pode diferenciá-lo de todos os outros seres comunicantes: a leitura. Ele vai copiar, copiar e copiar, até que chegará o momento em que cairá a ficha e verá o quão canalha fora durante tanto tempo e não conseguiu absorver nada. Esse tema me faz lembrar de uma pesquisa que foi realizada há um tempo nos Estados Unidos, explico-me melhor, de um lado, colocaram cinco estudantes para lerem um jornal por dia; de outro, colocaram outros cinco estudantes para lerem o que quisessem na internet. Feito isso e passado o tempo de uma semana, foi pedido a eles que fizessem uma redação cujo tema foi nada em específico, simplesmente, quotidiano. Foram vergonhosos os alunos que ficaram com o jornal; deram um banho de conhecimento os que ficaram na internet. Trago isso para a nossa realidade, as crianças não leem jornais, não leem livros, se o fizessem certamente quando chegassem ao vestibular e fizessem o texto dissertativo, raramente haveria aquele que não conseguiria aprovação imediata em qualquer curso. Você pai, você mãe que me lê diariamente, seu filho, sua filha vai fazer aniversário? O melhor presente a ser dado é a assinatura de um jornal, esse presente há de colocar seu filho, sua filha conhecedores do que acontece no mundo, tornando-os competitivos para o mercado de trabalho, enfim, causar inveja nos demais amigos, nas demais amigas. Mas qual o pai, a mãe que fazem isso? Dê-me o nome de um pífio que assim o faça e eu lhe concedo um prêmio, são raras exceções. Ah, são...
De outro lado, se você anunciar um desfile para crianças, as mães ordinárias e frívolas colocam as filhas para desfilarem quase que de imediato. Se você prestar atenção aos fins de semana, o pai está sempre a lavar, encerar e polir o maldito automóvel na garagem sem se queixar de nada. Todavia, caso aconteça uma feira do livro, os nauseabundos do pai e da mãe inventam mil e uma desculpas para não levarem o filho, alegam que o livro é caro, que gastarão muito com o combustível para chegar até a feira, enfim, desarranjos já esperado pela sociedade de hoje, claro que existem pais mais realistas, mais engajados com o bom futuro do filho, só que infelizmente é a menor parte. Não há desculpas, ordinários, não há desculpas, vadios. É o futuro dos filhos de vocês que está em jogo. Com isso, o hábito de leitura fica cada vez mais baixo, otários! O livro é o passaporte para o futuro, é ele quem poderá viabilizar uma carreira mais confortável, mais agradável, mais simpática não só para o futuro como também para o desenvolvimento humano. A leitura irá deixá-lo mais atraente para conversar com o namorado, com a namorada, discutir sobre algum tema que esteja em massa, enfim, aquele que lê, que tem ideias na cabeça, será silenciosamente invejado, odiado, na sala de aula, no ambiente de trabalho... E a inveja seca os ossos do invejoso, mas coloca o invejado lá em cima.
E para encerrar, deixo-lhes a minha receita aprendida desde muito pequeno, se quer ser alguém na vida, leia um jornal por dia, uma revista por semana e um livro por mês. Pronto. Qualquer um poderá fazer o que for com você, no entanto, jamais lhe tirará o conhecimento, que afinal de contas, é um dos melhores tesouros que temos. E que esse artigo tenha servido de lição para os pais desidiosos que não dão a seus filhos o maior de todos os conhecimentos: a leitura. Se não prepararmos essa geração que está vindo para o ler, ler e ler, Deus nos acuda, já não tenho mais ideia sobre aonde vai parar esse Brasil sem mando, sem comando e sem um norte existencial. É preferível que a criança leia hoje os jornais para que não seja preciso lê-los amanhã, nos degraus da calçada. É isso e estamos conversados...
Rafael Vieira